Resenha: Portões de Fogo, de Steven Pressfield

Ler este livro é constantemente soltar gritos mentais de THIS IS SPARTAAAAA! O livro foi lançado pela Contexto em 2017, pelo seu selo de romances históricos, o Marco Polo, mas a obra original é de 1998. Os 300 soldados de Esparta que enfrentaram o imenso exército persa nas Termópilas têm sua história recontada com o tom épico que o acontecimento merece.



Parceria Momentum Saga e
editora Contexto


O livro
O rei persa Xerxes avança pela Grécia com um exército avassalador: 2 milhões de soldados. O ano é 480 a.C. e o rei Leônidas de Esparta sabe que a invasão persa trará destruição e morte ao berço da democracia ocidental. Narrado do ponto de vista do único sobrevivente da batalha, Xeones, retirado quase morto dos escombros, ele é obrigado a contar ao rei tudo o que aconteceu no campo de batalha. Um historiador faz várias entrevistas com o pobre Xeones, mantido vivo pelos médicos reais, que luta contra a dor para deixar um registro da coragem daquelas tropas.

Resenha: Portões de Fogo, de Steven Pressfield

- Seria de esperar, cavalheiros (...) que a expectativa de encarar os melhores combatentes do Império Persa nos intimidasse. Mas juro a vocês que essa batalha se revelará de todas a que menor levantará poeira.

Página 315

Xeones narra aos historiador sobre suas origens, o que acaba nos inserido no modo de vida de gregos e espartanos, aquela vida cotidiana que tanto nos escapa já que não deixam tanto registros. A vida do jovem não foi nada fácil. Órfão, precisou sobreviver com unhas e dentes, viu sua cidade ser atacada e saqueada, até decidir ir a Esparta, onde poderia aprender a se defender e a lutar. A vida de um soldado espartano não era nada fácil. Até hoje usar a palavra "espartano" designa algo difícil, rígido, austero. Xeones nos mostra a dificuldade dos treinos e também sua amizade com Alexandros e Dienekes.

Achei interessante e corajosa a escolha do autor de narrar a guerra e a batalha pelos olhos de Xeones. Contar uma história em primeira pessoa costuma limitar a visão do leitor para o quadro geral do enredo. Porém como ele poderia captar a essência daqueles soldados, seus medos, seus sonhos, suas dores e amores sem apelar para a visão pessoal deles? Xeones é o fio que conduz a narrativa e um sobrevivente, uma testemunha de um evento épico que é recontado ao longo das gerações como um exemplo de resistência e resiliência contra o mal.

Como era de se esperar pelo contexto histórico, o livro é violento, inclusive com violência contra a mulher. Ainda que elas sejam poucas na história, Diomache, prima de Xeones, por exemplo, é uma grande personagem. Em uma guerra, mulheres e crianças são sempre as vítimas preferenciais e o autor não deixou isso de fora, ainda que tenha tido sensibilidade em várias passagens. Os persas eram conhecidos pela violência de seus saques e batalhas. Foram eles os criadores da técnica da crucificação, depois adotada pelos romanos.

O livro passa meio devagar em alguns momentos e o autor é bastante didático em várias passagens, explicando termos gregos e significados. Às vezes ele poderia ter maneirado no didatismo e deixar que a gente preenchesse os espaços, mas acho que ele tentou ser o mais preciso possível. A narrativa não cansa e enquanto estamos no auge da batalha, o momento em que Leônidas escolhe os trezentos, o calor dos soldados, se tornam bem vívidos e você não quer parar de virar as páginas.

Uma das coisas que eu adoro em livros com enredos históricos são os mapas! E temos mapas logo no começo, ainda que sem escala, um da Grécia e outro do campo de batalha, mostrando as Termópilas. Uma interessante nota histórica abre o livro, contando em linhas gerais o que aconteceu naquela semana em que os gregos seguraram dois milhões de persas furiosos. O livro é grande, com quase 500 páginas, mas bastante leve, então você não cansa de ler. Não encontrei grandes problemas de revisão ou tradução no livro, que ficou na mão de Ana Luiza Dantas Borges e está muito boa. Peço apenas que a Contexto credite os seus tradutores nas lojas online.

Forasteiros passantes, aos espartanos dizei
que aqui jazemos, em obediência à sua lei.


Ficção e realidade
A Batalha das Termópilas aconteceu na Segunda Guerra Médica, em que o rei Leônidas de Esparta liderou uma aliança entre as cidades gregas contra a invasão do rei persa Xerxes. Xerxes invadiu em resposta à Primeira Guerra Médica, que acabou com a vitória de Atenas na Batalha de Maratona. Enquanto a marinha persa era bloqueada no estreito de Artemísio, os aliados gregos bloqueavam o acesso por terra nas Termópilas.

Ainda que os números do exército persa tenham sido inchados ao longo do tempo, a Batalha das Termópilas vem sendo usada desde tempos imemoriais como uma maneira demonstrar o que um exército inspirado em defender seu solo pátrio poderia fazer contra uma força superior. É também usada para ilustrar as vantagens de um exército bem equipado, bem treinado e com a vantagem de conhecer melhor o terreno contra um exército muito maior que o seu.


Steven Pressfield

Steven Pressfield é um escritor e roteirista norte-americano.


Pontos positivos
Xeones
Bem escrito
Bem pesquisado
Pontos negativos
Violento
Poucas mulheres
Pode ser meio lento

Título: Portões de Fogo
Título original em inglês: Gates of Fire
Autor: Steven Pressfield
Tradutora: Ana Luiza Dantas Borges
Editora: Contexto
Ano: 2017
Páginas: 432
Onde comprar: na Amazon!


Avaliação do MS?
Por favor, editora Contexto, traga mais livros épicos como esse. Que tal um sobre a rainha Boudicca, que peitou os romanos? #ficadica. Adoro romances históricos, em especial aqueles que se passam na Antiguidade e é óbvio que esse aqui foi uma incrível aventura de um evento épico. Se você é fã de história, de guerras e atos heroicos, certamente vai curtir essa leitura. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!


THIS IS SPARTAAAAA!


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