Resenha: I am Livia, de Phyllis T. Smith

Essa é uma leitura ainda de 2019 que fiz com bastante parcimônia. Se você curte romances históricos e lê em inglês, vai curtir I am Livia, de Phyllis T. Smith. Ela pegou uma personagem histórica real, Livia Drusilla (ou Lívia Drusa), a primeira imperatriz romana, e recontou sua jornada com um viés moderno, sem esquecer a adolescente e a mulher que ela era na época.

O livro
Livia vem de uma tradicional família romana. Tem apenas 14 anos quando ouve seu pai e alguns aristocratas e membros do governo conspirando para matar Júlio César. Muito inteligente e perspicaz, Livia sabe que o momento em que vive é perigoso, em especial àqueles que se erguem contra César. Os que ainda defendem a República Romana estão preocupados com a ascensão e o crescente poder de César.

Resenha: I am Livia, de Phyllis T. Smith

Livia é alguém que acredita na República Romana, mas também sabe que o que seu pai e seus apoiadores estão tentando fazer é perigoso. Seu pai, temendo as implicações do envolvimento de Livia, decide casá-la com um de seus melhores amigos e apoiadores, Tiberius Claudius Nero. Seu pai lhe passa o discurso de que ela é uma guerreira por Roma e que deve lutar pela República e com apenas 14 anos, ela se torna uma mulher casada.

Apesar de toda a violência do período, a autora teve muito cuidado com cenas como a noite de núpcias de Livia. Ela certamente é uma adolescente para os nossos padrões e alguns de seus comportamentos indicam essa sua juventude, mas ela também era considerada adulta para a época e precisava se comportar como tal. Phyllis conseguiu passar muito essa ambiguidade de Livia e ainda a tornou uma protagonista forte, que comete seus erros e se arrepende de muitas coisas que viu e viveu. Mas é uma jornada que você quer continuar, você que saber o que será da personagem.

Confesso minha ignorância em não saber que Livia Drusila de fato existiu quando comecei a ler. Quando li a história da verdadeira Livia é que notei como Phyllis fez uma ótima pesquisa para romancear sua vida. Mesmo que ela tenha tomado licenças poéticas, praticamente toda a vida jovem e uma parte da vida mais velha de Livia está bem retratada no livro. Inclusive o escândalo de seu divórcio para que ela se casasse com ninguém menos que Otávio Augusto, o primeiro imperador romano.

Da maneira que lhe cabia, Livia lutou para deter mais poder. Mulheres tinham uma série de restrições em administrar sua própria vida. Por exemplo, se uma mulher se divorciasse, o ex-marido é quem ficava com a guarda dos filhos. Ela também não tinha poder para administrar suas próprias terras e herança, ou até mesmo o dote, caso lhe fosse devolvido devido a um divórcio. Livia conseguiu obter o controle de suas posses, o que não deixou de causar certa polêmica na época.

Sempre pensei que as mulheres são os verdadeiros adultos do mundo e homens são como crianças. Quando os bebês nascem, quando os doentes lutam para sobreviver, quando os velhos morrem, você sempre vê mulheres em volta, mas raramente vê homens.

(tradução livre)

Phyllis não tinha como escapar do conservadorismo da sociedade romana na composição de Livia, mas conseguiu lhe dar uma independência e uma vontade de fazer mudanças que acabou deixando a personagem com uma imagem muito melhor do que a que ela tem na realidade. Livia luta com as ferramentas que a sociedade lhe deu e acabou lutando muito bem. Ela enxerga os problemas gerados pelos incompetentes na administração pública e se pergunta o que ela poderia fazer para mudar. Por ser um livro narrado em primeira pessoa, conseguimos ver a agitação política da época, incluindo os conflitos com Marco Antônio e toda a guerra que isso acabou trazendo à Roma. Não temos cenários vívidos de batalhas, a não ser algumas cartas trocadas aqui e ali.

O livro tem passagens um tanto lentas em alguns momentos. Mas acho que me afeiçoei tanto à personagem de Livia que isso não me incomodou. Não tem grandes problemas de revisão no livro que, infelizmente, não tem em português. Adorei principalmente a capa em forma de ladrilhos.

Pergunto-me quantas mulheres, desde tempos imemoriais, devem ter pensado que se só as mulheres pudessem governar o mundo seria muito melhor do que é.

(tradução livre)

Obra e realidade
Sendo ela uma mulher real e que extravasou os limites do que era permitido à uma mulher na época, é óbvio que a propaganda romana a seu respeito não foi muito lisonjeira. Suetônio, por exemplo, a descreve como uma vilã, uma mulher predadora, sem misericórdia para com aqueles que ela pisava, uma mulher cruel atrás do trono que controlava Otávio Augusto com magia e perversão. Diz-se que ela teria até mesmo envenenado Otávio para fazer seu filho, Tiberius, subir ao poder. Mas tal como Cleópatra, Livia foi vítima da máquina machista do império, então fica difícil ver a verdadeira mulher por trás da má propaganda.


Phyllis T. Smith é uma escritora de romances históricos norte-americana. I am Livia é seu romance de estreia.

PONTOS POSITIVOS
Livia Drusilla
Pesquisa bem feita
Bem escrito
PONTOS NEGATIVOS
Pode ser meio lento
Não tem em português


Título: I am Livia
Autora: Phyllis T. Smith
Editora: Lake Union Publishing
Ano: 2014
Páginas: 391
Onde comprar: na Amazon!

Avaliação do MS?
Eu adoro romances históricos, ainda mais aqueles que se passem na Antiguidade. Antigo Egito, Roma Antiga, tô dentro! Não pensei que fosse gostar tanto de I am Livia. Acho que pelo fato de a personagem ter sido alguém real e por ter sido tão difamada ao longo dos séculos, ler uma representação mais real para sua figura foi algo bastante agradável. Se você lê em inglês e curte romances do tipo, vai gostar desse aqui. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!



Até mais!

Já que você chegou aqui...

Comentários

  1. Fiquei curioso. E o melhor: gratuito no kindle unlimited! (eu peguei no dia 13/2)

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