Resenha: As sombras de outubro, de Søren Sveistrup

Um dos meus gêneros literários favoritos é o dos thirllers policiais. Não é um gênero muito fácil de ser escrito, pois você acabar com um livro muito bom ou muito ruim em mãos. Neste caso, Søren Sveistrup, o roteirista da série The Killing, nos entrega um livro bizarro, mas ao mesmo tempo incapaz de ser largado.

Parceria Momentum Saga e editora Suma

O livro
Esse é daqueles livros em que você se pergunta como que as coisas vão acabar se encaixando no final. A narrativa começa com um crime bizarro e violento, que leva à morte de um policial, em 1989. Corta pra nossa época e um crime tão bizarro quanto é investigado pela detetive Naia Thulin e a seu novo parceiro, Mark Hess, recém transferido da Europol em circunstâncias esquisitas. Em um bairro tranquilo de Copenhague o corpo de uma mulher brutalmente assassinada está amarrado no quintal. Sobre ela, um boneco de castanhas, típico da Dinamarca. Uma de suas mãos foi decepada.

Resenha: As sombras de outubro, de Søren Sveistrup

Søren conseguiu captar muito bem nas descrições e ações dos personagens a tranquilidade bucólica da capital sendo quebrada pela brutalidade de assassinatos tão cruéis. Em alguns momentos você chega a pensar que tem algo de sobrenatural agindo, pois no boneco de castanha encontrado com a vítima está a digital de uma garotinha que desapareceu mais de um ano atrás e cujo caso já estava encerrado, com o seu assassino condenado.

Quando novos corpos e novos Sr. Castanha surgem, a tensão dentro da polícia começa a crescer. Aliás, gostei muito da forma como os policiais começam a disputar entre si a investigação do caso, o recalque, a inveja, acabando com aquele mito de uma unidade policial que quer apenas combater o crime e salvar os cidadãos apavorados. São pessoas reais, com suas ambições e que querem seu nome vinculado a um caso famoso e vão fazer burradas que atrapalharão a investigação em andamento. E fazem mesmo, é muita burrada de alguns policiais.

A questão que pega pra Thulin e Hess é qual a conexão entre o desaparecimento da filha da ministra do Bem-Estar Social, Rosa Hartung, um ano atrás e as mortes de mulheres de maneira tão violenta. Algo parece interligar esses casos conforme a leitura avança, mas sempre à espreita sem que seja possível visualizar e você continua tentando achar a ligação entre os casos até bem perto do final.

Existem algumas descrições bem gráficas das mutilações sofridas pelas vítimas, então só recomendo esse livro para quem é fã mesmo desse tipo de leitura. Apesar de ser um livro com muitas indas e vindas e pormenores das investigações, ele não é cansativo. Você quer logo chegar ao final para descobrir quem é esse assassino e como que tudo acaba se encaixando. E vai se encaixar, tenha fé que vai!

Na escuridão, a voz está em todos os lugares, sussurrando baixinho e debochan­do dela — é a voz que a segura quando ela cai e gira ao seu redor como o vento.

A personagem da Thulin é excelente e a que mais gostei do livro. Ela peita seus colegas machistões, é inteligente, perspicaz e não tem muita paciência para o seu parceiro novo, que é bem esquisito e de tão esquisito meio que não me importei com ele, pois o autor não dá muitas informações a seu respeito. Thulin é mãe, mas não é definida por esse papel; ela é uma mulher que é também uma policial e que também é mãe. Ela não é maternal com o colega novo e curti muito isso.

O livro tem tradução de Natalie Gerhardt e está ótima. A revisão peca em alguns momentos, com termos errados e redundâncias bobas que poderiam ter sido eliminadas na revisão. A capa é de Guilherme Xavier, com bonequinhos que lembram os Sr. Castanha do livro. É também uma obra que carecia de um mapa, para nos ajudar a localizar onde os eventos acontecem.

Obra e realidade
O interesse por crimes e cenários com assassinos em série pode parecer bizarro para algumas pessoas. Mas acredito que o que nos faz ler e assistir esse tipo de conteúdo, além da clássica curiosidade mórbida, é a tentativa de entender como esses crimes acontecem. Assassinato é algo tão fora da ordem social que crimes violentos acabam chamando a atenção, não tem como.

Søren Sveistrup

Søren Sveistrup é um escritor e roteirista dinamarquês, com séries de sucesso em seu país. É o criador de The Killing, da Netflix.

Pontos positivos
Passado e presente
Thulin
Bem escrito
Pontos negativos

Violência
Preço

Título: As sombras de outubro
Título original em dinamarquês: Kastanjemanden
Autor: Søren Sveistrup
Tradutora: Natalie Gerhardt
Editora: Suma
Ano: 2019
Páginas: 416
Onde comprar: na Amazon!

Avaliação do MS?
Um livro em que você vira as páginas rapidamente querendo chegar ao final e descobrir logo a autoria dos crimes. Um livro com discussões muito pertinentes e atuais e que recomendo muito para quem curte thrillers policiais. E se você é fã de The Killing, provavelmente vai curtir esse livro aqui. Quatro aliens e uma forte recomendação para você ler também!



Até mais!

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Comentários

  1. Gosto de livros com essa pegada e já li alguns que pelamor como forçam a barra. Mas a resenha deste me deixou curiosa. Entrou na minha lista.

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