Resenha: Killer Clown Profile - Retrato de um Assassino, de Terry Sullivan e Peter Maiken

John Wayne Gacy foi um dos assassinos em série mais cruéis da história. Conhecido como o "Palhaço Assassino", ele foi acusado de matar, torturar e estuprar ao menos 33 adolescentes entre 1972 e 1978 no condado de Cook, em Illinois e foi condenado a 21 prisões perpétuas e 12 penas de morte. Terry Sullivan, promotor do caso, se juntou ao escritor e jornalista Peter Maiken, para contar a história da investigação que levou à prisão de Gacy.



Parceria Momentum Saga e
editora DarkSide


O livro
Robert Piest era um adolescente comum, trabalhava em uma farmácia, tinha família estruturada e tentava tirar um troco para comprar um jipe. Então, ele estava sempre atento para novas vagas de emprego já que o aumento que pedira na farmácia lhe fora negado. Naquela noite era o aniversário de sua mãe, então ele tinha que voltar para casa. Mas não voltou. Era 11 de dezembro de 1978. A família começou a se preocupar, saiu para procurá-lo, até enfim acionar a polícia. Foi este desaparecimento que levou a polícia a começar a investigação que levou à prisão de John Wayne Gacy. O corpo de Rob Piest só foi encontrado em 9 de abril de 1979.

Resenha: Killer Clown Profile - Retrato de um Assassino, de Terry Sullivan e Peter Maiken

Foi muito difícil para algumas pessoas da comunidade acreditar que Gacy pudesse ser culpado de tantos crimes brutais contra adolescentes. Ele era ativo na comunidade, tinha fama de "bom moço", até se fantasiava de palhaço para animar festas de crianças e tinha uma empresa que fazia reformas em farmácias. Como esse sujeito meio bobo e que gostava de contar vantagem, solitário, poderia ser culpado de sequestro, estupro, abuso sexual, roubo, entre outros crimes vis? Não parecia ser possível.

Até que Robert Piest, de 15 anos, desapareceu e a polícia começou a investigar esse empreiteiro solitário. Quando nomes de outros jovens desaparecidos aparecem misteriosamente ligados ao nome de Gacy, a polícia fica bastante desconfiada da conduta do sujeito, ainda mais por seu comportamento estranho e as mentiras que se acumulam. A polícia coloca detetives para segui-lo e a seus funcionários mais próximos e fiquei bem espantada com a cara de pau de Gacy de ainda chamar os policiais para beber uma nos bares locais. Sim, ele fazia isso, os confrontava, fazia piadas, alegando que poderia se safar até de assassinatos, mas com o aperto do cerco da polícia, Gacy começa a ficar irritado.

Frio e dissimulado, Gacy tinha sérios problemas com a própria sexualidade. Abusava de rapazes jovens desde o final dos anos 1960, mas abominava os homossexuais. Veio de um lar violento e repressor, de um casamento infeliz e sofreu inúmeros abusos na infância. Era constantemente comparado às suas irmãs (era o único menino) e seu pai, a quem afirmou nutrir um ódio profundo, com frequência o ofendia, chamava de "bicha" e de que nunca seria nada na vida, espancando-o por qualquer coisa.

Não compreendo por que Deus coloca no mundo tantas pessoas boas ao lado de outras tão perversas. É algo que ainda me deixa perplexo. Não faço ideia de qual seja ❛o plano de Deus❜.

Página 389

Começamos o livro com o caso do desaparecimento de Piest já que este foi o começo de tudo. A partir daí temos os pormenores da investigação, a luta dos policiais em conseguir provas e em investigar Gacy e seu passado, o comportamento estranho, as constantes revistas em sua casa e as chocantes descobertas sob sua casa. Depois, a luta nos tribunais, as tentativas de alegar insanidade da parte da defesa, a condenação. No final, há uma reflexão interessante dos autores sobre como Gacy impactou não só as vidas de parentes e sobreviventes de seus crimes, mas também aqueles envolvidos na investigação. Ninguém sai incólume de uma situação dessas. Os policiais e os promotores também não.

A obra de Sullivan e Maiken é muito precisa na descrição da investigação, o passo a passo que levou à descoberta dos crimes abomináveis de Gacy, a batalha nos tribunais pela condenação, mas faltou um dos componentes principais, algo que vemos no livro sobre Ted Bundy. Aqui não temos um panorama que mostre a infância de Gacy, sua criação, sua formação. A possível formação de sua psicopatia, os impulsos que o levavam a matar. Qualquer menção é muito breve e não temos respostas para uma série de questões que acabam em aberto. É como se esse livro fosse a parte dois de uma história, sendo que a gente não leu a parte um. Para mim é o grande problema do livro de não trazer para quem lê essas informações.

O fato de ser um relatório detalhado da investigação e do julgamento também detona o bom andamento da leitura. Chega um momento em que simplesmente fica chato ler tanto detalhes sobre cada pormenor da investigação, desde a hora em que o policial chegou no local da campana até o estado mental do promotor ou como estava o clima da cidade naquele dia específico. Na parte do julgamento temos longos relatos de cada fala dentro do tribunal, cada laudo, cada informação... Em alguns momentos admito que fiz leitura dinâmica, porque o texto parecia não andar.

O livro tem alguns probleminhas de revisão, como letras não batidas ou palavras faltando. E há um erro na biografia de Peter Maiken, que morreu em 2006 e não em 2005 como está no livro. No final, temos uma análise sobre os palhaços bizarros da ficção e o medo de palhaços. A tradução ficou na mão de Lucas Magdiel e Mariana Branco e está ótima.


Obra e realidade
Muita gente se pergunta porque livros e filmes e séries sobre assassinos em série faz tanto sucesso. Até hoje tem mulheres apaixonadas por Ted Bundy! No meu caso, eu leio pra tentar entender o que leva uma pessoa a cometer crimes que para mim são inconcebíveis. Minha cabeça não consegue entender, mesmo sabendo que eles são psicopatas e que seus cérebros funcionam de outra maneira, o que os leva ao ato de matar outra pessoa. Não sei se algum dia entenderei.

Terry Sullivan e Peter Maiken

Terry Sullivan foi o promotor responsável pela investigação e prisão de Gacy e figura-chave da acusação no tribunal. É advogado e analista jurídico, tendo participado de vários programas de rádio e televisão comentando assuntos da área criminal.

Peter Maiken foi um jornalista e escritor norte-americano, tendo sido repórter do Chicago Tribune. Uniu-se a Sullivan para escrever a história do caso e do julgamento de Gacy. Faleceu em 2006 devido a um câncer de pulmão.


Pontos positivos
Investigação
Bem pesquisado

Pontos negativos
Leitura devagar
Preço
Violência

Título: Killer Clown Profile - Retrato de um Assassino
Título original em inglês: Killer Clown: The John Wayne Gacy Murders
Autores: Terry Sullivan e Peter Maiken
Tradutores: Lucas Magdiel e Mariana Branco
Editora: DarkSide (selo Crime Scene)
Ano: 2019
Páginas: 432
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Avaliação do MS?
Gaxy foi executado por injeção letal em 10 de maio de 1994. Suas últimas palavras? "Kiss my ass." Deixou um rastro de destruição, 33 família destruídas e impactou os investigadores para o resto de suas vidas. Se assim como eu você quer tentar entender o caso, pode se jogar nessa leitura. Não há fotos perturbadoras nem qualquer outra que possa desrespeitar as vítimas. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também.

MUITO BOM!

Até mais!


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