Levei o tempo que foi necessário para ler este livro porque não é exatamente aquela obra para ler num final de semana. É um livro importante, que toca num assunto urgente e que já é assunto batido na ficção científica: os riscos de uma inteligência artificial ficar mais inteligente que os seres humanos. Não é uma leitura simples, por sua vez; é preciso certa bagagem sobre o assunto para poder aproveitar tudo o que o autor nos oferece.
O livro
A ficção científica já trata de inteligências artificiais, seus riscos e benefícios há um bom tempo. Temos exemplos de todos os tipos, em geral malignas, indo de HAL 9000 a Wall-E. Este é um livro que cobre vários assuntos, mas que não é uma leitura fácil, como o próprio autor comenta no começo. Isso pode afastar algumas pessoas logo no começo devido à tecnicidade do texto e o tom acadêmico que ele inevitavelmente cai, o que pode incomodar.(...) a IA tem tido sucesso até agora em fazer essencialmente tudo o que requer 'pensar', mas tem falhado em fazer a maior parte daquilo que as pessoas e os animais fazem 'sem pensar' - isso, de alguma forma, é muito mais difícil!
Página 41
O que senti deste livro em geral é que ele é um guia para qualquer autor de ficção científica escrever sobre inteligência artificial. Mais que isso, é um tratado que versa sobre as dificuldades e desafios de se criar uma IA que seja de fato consciente e inteligente e, provavelmente, já é um clássico para os estudiosos da área. Como o autor diz, a máquina sabe jogar xadrez muito bem, mas ela não consegue ser espontânea.
Se você manja um pouco do assunto, deve conhecer o famoso Teste Turing, que leva o nome do grande criptoanalista Alan Turing. O teste tenta medir a capacidade de uma máquina de exibir comportamento inteligente equivalente a um ser humano. Se uma máquina puder enganar um interlocutor, ela seria inteligente. Mas sabemos que não é bem assim. Estamos rodeados de máquinas que simulam conversas e o Google mostrou recentemente uma ferramenta que chega a marcar compromissos se passando por uma pessoa. Isso não é prova de inteligência, apenas de uma excelente programação.
Nick por sua vez assume a tarefa de imaginar como que um computador superinteligente será ou como ele vai se desenvolver. O autor também se preocupa com os perigos que podem ameaçar a humanidade como resultado do desenvolvimento de uma forma de vida inteligente e artificial. Como ela vai fazer isso? Será simulando o funcionamento do cérebro humano? Será construindo um cérebro artificial do zero? Será melhorando o funcionamento do nosso cérebro com implantes artificiais?
Se as previsões de Nick estiverem corretas, nosso futuro próximo é bem ruim e assim teremos que achar maneiras de sobreviver ao inevitável encontro de titãs que teremos: nossa civilização e a superinteligência. Essa inteligência artificial se tornará uma superinteligência assim que surgir e não há muito o que a gente possa fazer para contê-la depois disso. Devemos é tentar entender suas motivações, se possível, pois ela seria tão diferente de nós que entendê-la pode não ser tarefa fácil nem rápida.
O livro não vem em capa dura como outros livros do selo Crânio, o que é uma pena, mas é uma edição muito bem feita, diagramada e pesquisada. Não deve ter sido fácil para o time de tradutores, então eles estão de parabéns. Encontrei alguns erros que podem atrapalhar a leitura, como a confusão entre Plioceno e Pleistoceno, que deve ser arrumada para uma segunda edição. Alguns errinhos de digitação e revisão ao longo da leitura também.
Obra e realidade
Apesar do cenário parecer inevitável, de que teremos sim o surgimento de uma superinteligência, fico pensando: essa IA vai, necessariamente, nos reconhecer como seres vivos? Ainda que reconheça, ela vai nos ver como uma ameaça e vai querer nos destruir imediatamente ou usar como pilhas? Pense pela perspectiva da formiga e do ser humano e aí você consegue entender até onde esses questionamentos vão. Costumamos pensar que máquinas inteligentes terão a moralidade e a consciência humanas, mas como você programa humanidade em um computador? Novamente, a questão da espontaneidade, a mesma que assombra o detetive Spooner em Eu, Robô e os Humanics, em Extant.Não temos como nos livrar de computadores. Tudo ao nosso redor é extremamente dependente: telecomunicações, sistema de tráfego aéreo, sistema de transportes, sistema financeiro e internet baking, celulares, banco de dados do governo; não tem como voltar para cem anos atrás sem um grande impacto na vida e na sociedade. Nick nos aponta um caminho para poder sobreviver com as máquinas. Eu questiono é se as máquinas sequer vão nos ver como seres vivos caso ela se torne superinteligente.
Nick Bostrom é sueco, professor de filosofia na Universidade Oxford, tendo sido considerado recentemente um dos pensadores mais influentes do mundo pela revista Prospect.
PONTOS POSITIVOS
Filosofia
Prós e contra da IA
Discussão sobre avanços tecnológicos
PONTOS NEGATIVOS
Pode ser meio lento em algumas partes
Linguagem técnica
Filosofia
Prós e contra da IA
Discussão sobre avanços tecnológicos
PONTOS NEGATIVOS
Pode ser meio lento em algumas partes
Linguagem técnica
Avaliação do MS?
Se você estuda ou se interessa pelos assuntos relacionados às inteligências artificiais, se for um curioso como eu e quiser saber mais sobre o que o futuro pode nos reservar no que diz respeito às superinteligências, este é o seu livro. A narrativa de Nick é acadêmica e técnica demais em alguns momentos, portanto tome o tempo que for necessário para ler. Uma grande adição ao selo Crânio e à sua biblioteca pessoal. Quatro aliens para o livro e uma forte indicação para você ler também.Até mais! 🤖
Eu comprei a meses este livro, ainda não li, depois dessa resenha vou encara-lo, valeu pela indicação, e alias recomendo um outro, Gênios, também, publicado pela Darkside,.
ResponderExcluirUm bom fim de ano para você.
Richard, o livro é Onde Nascem os Gênios? e ele já está resenhado no blog há algum tempo.
Excluirolá sybylla ,não sabia vou procurar, obrigado.
Excluir