Resenha: Trilogia dos Espinhos, de Mark Lawrence

Esta é uma edição de volume único da Trilogia dos Espinhos, de Mark Lawrence. A resenha dos três livros já foi feita aqui no blog uns anos atrás, mas desta vez a DarkSide se superou. Criou uma linda edição tenebrosa da história do príncipe Jorg Ancrath, um volume definitivo para esta fantasia distópica futurista.



Parceria Momentum Saga e
editora DarkSide


O livro
Dividido em três partes, que correspondem aos três livros da trilogia - Prince of Thorns, King of Thorns e Empereror of Thorns - o livro narra a busca do príncipe Jorg Ancrath, ambicioso, cruel, arrogante, para ser rei. Tendo jurado que antes de 15 anos de idade ele se tornaria rei, sua jornada consiste em buscar a coroa e o trono de qualquer maneira.


Não ficarei aqui para sempre. Cheguei à última página e descansarei minha pena. E quando acabara, sairei por aí e isto tudo será meu.

Página 229

Parte 1 - Prince of Thorns
Jorg foi lançado em um canteiro de roseira-brava quando era criança e tem o corpo todo marcado pelos espinhos. Seu pai era ainda mais sanguinário e egoísta que o filho renegado e não buscou vingança pela morte de sua rainha e seu filho mais novo. Com apenas 9 anos, Jorg se enfurece, foge do castelo e forma um bando próprio ao libertar prisioneiros das masmorras do pai.

O que mais chama a atenção no universo da trilogia é que esta é uma fantasia dark e distópica. Vemos pelas pistas deixadas pelo autor que este mundo é o que restou da Europa depois de uma hecatombe. O nível dos mares aumentou, engolindo as praias de muitos países, mas é possível ver pelos mapas o contorno do velho continente. Os resquícios de tecnologia que são vistos são tratados como magia pelas pessoas, que dizem que "sua essência está em seu dena".

Parte 2 - King of Thorns
A jornada sanguinária de Jorg tem uma pausa. Ele se casa, algo estranho de se pensar vindo dele, mas para conseguir alianças é preciso, ou ele não conseguirá manter um reino sozinho, pois há um exército à sua porta. Sua noiva é tudo menos uma moça doce e inocente. Miana é forte apesar da pouca altura, destemida e não aparenta medo de Jorg. Aqui temos algumas partes lentas, pois o autor volta no tempo várias vezes para nos mostrar o que aconteceu a Jorg em sua infância. Não nos faz sentir pena dele, porque é virtualmente impossível fazer isso, mas ao menos podemos compreender certos aspectos de sua personalidade por isso.

Parte 3 - Emperor of Thorns
O trono de imperador está vago há décadas e é óbvio que Jorg o quer. O conselho onde os reinos se reúnem nunca concordam sobre quem poderia governar a todos, deixando uma tensão e um vácuo de poder do qual o rei Jorg vai se aproveitar. Mas um mal ancestral está se levantando nos pântanos e muitos pensam que Jorg não está à altura para impedir o avanço do mal. Interesse que nesta parte muitas pontas soltas dos livros anteriores serão amarradas e Jorg temerá, pela primeira vez, pela vida de outros. Não dá para dizer que ele vai se regenerar, porque acho que Jorg está longe disso, mas ele demonstra uma camada de humanidade que provavelmente achou estar perdida.

A edição da DarkSide é muito bonita, mas é grande, com quase mil páginas, o que torna a leitura um pouco desconfortável. O papel é mais fino do que aquele que vemos na trilogia original, assim diminui o peso do livro, mas você rasgar uma página sem querer. A brochura é pintada de dourado e conforme você vira as páginas, a tinta tende a separá-las demais, deixando o miolo meio fofo. Capa dura em relevo e com uma fitinha verde para você marcar sua leitura.

Ficção e realidade
O que Mark fez neste livro é uma tendência para obras de ficção especulativa, que misturem os dois gêneros mais lidos, a fantasia e a ficção científica. Aqui vemos como que as pessoas interpretariam a física quântica, a genética, holografia, a própria energia nuclear, com "a explosão dos sóis dos construtores", que quase acabou com o mundo. Acho que é o maior atrativo da trilogia, pois seu anti-herói é o tipo de pessoa que você gostaria de esganar ao invés de acompanhar.

Mark Lawrence

Ainda assim, os vilões e os anti-heróis constroem histórias próprias que nos deixam curiosas para prosseguir. Devo dizer que vibrei quando Jorg se ferrou em várias ocasiões, ou quando sua esposa Miana se sobressaía em cena, deixando-o meio sem ter o que dizer.

Pontos positivos
Fantasia dark
Distopia
Miana e Katherine
Pontos negativos
É violento
É longo e pesado
Páginas finas

Título: Trilogia dos Espinhos
Título original: Prince of Thorns, King of Thorns e Empereror of Thorns
Autor: Mark Lawrence
Tradutor: Antônio Tibau e Dalton Caldas
Editora: DarkSide
Ano: 2017
Páginas: 918
Onde comprar: Amazon

Avaliação do MS?
Não vou dizer que esta é uma leitura fácil. Estamos muito acostumadas em ler enredos com heróis altruistas e desapegados, numa missão para salvar seu povo ou nação. Jorg só pensa em si, é arrogante, egoísta, violento. Um anti-herói completo. Mark conseguiu criar uma fantasia dark com pitadas de ficção científica e distopia e com mulheres que podem não ter papel dominante, mas certamente roubam as cenas em que aparecem. Há sim cenas sangrentas e atitudes questionáveis da parte dos protagonistas, por isso não é uma leitura tranquila. Quatro aliens para o livro e uma recomendação para você ler também.


Até mais!

Já que você chegou aqui...

Comentários

  1. Sybylla, eu estava interessada neste livro e fui ler umas resenhas. Aí encontrei que o livro é bastante violento com as personagens femininas, é isso que você quis dizer nos seus pontos negativos??

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    Respostas
    1. Sim, é uma trilogia violenta, porque é esse o mundo de Jorg Ancrath. Todo mundo ali tem mortes violentas e ignóbeis, porque Jorg é um babaca.

      É uma violência misógina proposital por que o autor odeia mulheres? Não. Fica a teu critério ler ou não, mas eu afirmo que não há essa violência RESTRITA às mulheres. Miana, por exemplo, é uma personagem forte e determinada pra história, bem construída e não sofre violência de Jorg, por exemplo.

      Excluir
  2. Eu comprei o livro. Acabou de chegar. Li a resenha e me interessei mais. Devo admitir: tenho uma queda por anti-heróis. Os livros repetitivos com personagens principais bons, tendo moral e ética notáveis começaram a me deixar com tédio.
    Vi que Jorg é descrito por você como extremamente cruel. Um bárbaro então?
    Apesar dessa personalidade maligna, ele é um personagem bem feito e marcante?
    Não sei, mas isso me aproxima da realidade. A verdadeira face humana que é tomada pela violência, poder e ganância, mesmo quando muitos não desejam admitir.
    Então, você se arrepende de ler o livro?

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