Resenha: The Beauty of Darkness, de Mary E. Pearson

Depois que li The Kiss of Deception, fiquei tão ansiosa para ler os dois livros seguintes que adquiri os ebooks e li em inglês mesmo, antes dos lançamentos da Editora DarkSide. A Princesa Lia embarca em uma grande jornada de auto-conhecimento, aprendizagem e amadurece muito quando a comparamos com o primeiro livro. Esta é uma trilogia em que a Princesa se salva! O livro começa quase que imediatamente ao final do The Heart of Betrayal, por isso esta resenha poderá conter alguns spoilers dos livros anteriores.
Este também é um livro do Desafio Literário 2017!

Parceria Momentum Saga e editora DarkSide

O livro
Lia é engolida pelas trevas depois que ela e Rafe quase morrem no rio. Lia está gravemente ferida e delira em meio à febre alta e dor. Os quatro oficiais de Rafe conseguiram se infiltrar em Venda e estão todos agora a caminho de Dalbreck. Lia no entanto sabe do grande risco que todos os reinos estão correndo com a máquina de guerra que o Komizar montou. Ela está partida pela dúvida e pelo medo, mas sabe que precisa avisar Morrighan ou não haverá um amanhã para nenhum deles.

The Beauty of Darkness

Você deu ouvidos à verdade que estava falando dentro de você. Pode não parecer que é assim agora, mas você é mais forte hoje do que era ontem. Amanhã, será mais forte ainda.

Página 176

O problema é que ninguém lhe dá ouvidos. Os generais de Rafe acreditam que Venda é uma terra de bárbaros incultos, que nunca conseguiria se erguer contra reinos milenares. Isso abala a relação de Lia com Rafe, o jovem príncipe que ama, especialmente quando os outros querem decidir sua vida. Se Lia já fugiu de um casamento arranjado é porque quer ter o direito de decidir seus próximos passos, de querer ser ouvida e de ter autonomia. Ser rainha de Dalbreck não consta de sua lista. Ser impedida de avisar seu reino sobre o perigo também não.

Consumido pelo medo e pelo ciúme, Rafe permite que Lia parta rumo a Morrighan, mas problemas em seu próprio reino são mais urgentes do que as preocupações de Lia. Muitos acham que o dom é uma fantasia, algo que ninguém leva a sério. Lia sabe que é muito mais que isso. Desde que aprendeu a ouvir o dom dentro de si e a compreender seu próprio destino, Lia também compreendeu que havia uma tarefa que apenas ela era capaz de fazer. Havia dúvidas, obviamente, mas tinha que ser alguém, por que não ela?

Lia sabe que o Komizar sozinho não tinha como articular aquela conspiração e que membros do gabinete real de Morrighan estavam envolvidos. Quem são eles é o que a perturba. Com saudades de casa e dos irmãos, a dúvida a consome. Sua mãe? Seu pai? Poderiam estar envolvidos? Quantas mentiras foram proferidas e acordos sórdidos foram feitos para que ela fosse embora de Morrighan, para que o reino ficasse indefeso? Poderá ela impedir a destruição? Será necessário um esforço inédito e conjunto para frear as ambições dos ímpios e dos maus.

Lia é uma princesa que não fica placidamente esperando resgate ou um príncipe encantado. Acho que foi isso o que me cativou na trilogia, pois Lia não se conforma com o destino que os outros estão tentando criar para ela. Isso a impulsiona em uma longa jornada, não isenta de perigos, de descobertas, de amadurecimento, de luta e aprendizagem. A princesa que vemos fugindo do casamento do primeiro livro e a princesa que usa armadura e espada para lutar contra os inimigos são muito diferentes.

Mary trabalhou a força feminina de uma maneira a mostrar que mulheres podem se unir, que elas não são inimigas, que elas cometerão erros, mas que aprenderão com eles e farão disso degraus para o amadurecimento. Cada um ali terá que tomar decisões muito difíceis se os reinos quiserem sobreviver e precisarão confiar uns nos outros, deixando o passado de lado.

A edição da DarkSide está linda, com capa dura e arte gráfica em tons de azul. O papel é mais delicado do que aquele usado nos dois primeiros livros, o que me pareceu deixar o livro mais leve. O que me desagradou foram os já recorrentes erros de revisão. Em alguns momentos o erro pode levar a uma má compreensão da frase e mudar até seu sentido. A tradução está OK, mas a revisão falhou feio em vários momentos.

Obra e realidade
Lia é uma princesa adolescente. E a obra tinha tudo para cair em clichês óbvios, mas não cai. O livro nos traz muitas questões sobre feminismo, independência e autonomia. A jornada rumo ao amadurecimento pela qual Lia passa é uma jornada que qualquer mulher precisa passar. Nem todas percebem as amarras que tentam nos impôr. Nem todas conseguem ver o abuso e a opressão dos outros sobre nós, como é o caso da grande amiga de Lia e sua aia, Pauline. Cada personagem na trilogia precisou transcender além do papel que a vida lhes tinha imposto. Tanto Rafe, quanto o assassino, Kaden, Pauline e Natiya, Lia, Berdi, Aster, todos tinham seus motivos para lutar.

Houve vários momentos de intensa identificação com esses personagens. Mary construiu cada um deles de maneira a serem críveis, pessoas mesmo com quem você poderia estender a mão e caminhar ao seu lado. É uma trilogia muito pé no chão, amarrada de maneira a fazer seus personagens agirem, nem sempre de acordo com seus desejos, mas sim com seus deveres. Mary também não passa a mão na cabeça deles. Quando é preciso um sacrífico, eles farão.

Mary E. Pearson

Mary E. Pearson é escritora de livros infanto juvenis. Foi professora, é mãe e escritora em tempo integral.

PONTOS POSITIVOS
Batalhas
Princesa Lia
Personagens bem construídos
PONTOS NEGATIVOS

Título em inglês
Problemas de revisão e tradução

Título: The Beauty of Darkness
Crônicas de Amor e Ódio
1. The Kiss of Deception
2. The Heart of Betrayal
3. The Beauty of Darkness
Autora: Mary E. Pearson
Tradutora: Ana Death Duarte
Editora: DarkSide
Ano: 2017
Páginas: 576
Onde comprar: na Amazon!


Avaliação do MS?
Para quem curte enredos de fantasia sem muita magia, sem dragões e elfos, com um pé firme no chão, em um universo bem construído, fica aqui a indicação da trilogia inteira. Lia é uma princesa com a qual podemos nos identificar, com quem pegamos na mão e seguimos em uma jornada de aprendizado e auto-conhecimento, de luta, de suor, sangue e amor. O livro tem problemas de tradução e revisão, mas não tira o mérito do enredo. Quatro estrelas para o livro e uma recomendação para você ler também.


Se havia uma coisa que eu tinha aprendido era que o tempo era capaz de distorcer e retalhar a verdade como se fosse uma folha de papel esquecida e acabada ao vento. Agora eu tinha que juntar os pedaços rasgados novamente.

Página 340

Paviamma!

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