Resenha: A Rebelde do Deserto, de Alwyn Hamilton

Não sabia o que bem esperar desse livro, apesar de ter ficado curiosa com a sinopse e com essa belíssima capa. Em uma mistura de faroeste, cultura árabe e fantasia, a autora criou um mundo onde faz críticas à opressão e ao machismo, com elementos mágicos e muita bala na agulha.

Este livro foi uma cortesia da Ed. Seguinte

O livro
Amani Al’Hiza é uma adolescente que vive na casa do tio, na Vila da Poeira. Não é muito tolerada por lá e sonha em poder fugir para a capital, Izman, para encontrar a tia, de quem mal se lembra. De família pobre, é hostilizada pelos primos, odiada por uma das esposas do tio Asid, que quer encontrar um marido para Amani, a quem considera incontrolável. Sua mãe foi enforcada e seu nome usado como xingamento, ou seja, é um ambiente que a oprime e a deixa totalmente infeliz. Sua chance de sumir dali é ganhar um concurso de tiros na cidade do Tiroteio.

Resenha: A Rebelde do Deserto, de Alwyn Hamilton

- Levanta essa bunda inútil e vai pra loja, senão hoje não tem comida. - meu lençol foi arrancado com um puxão violento. Gemi, apertando os olhos contra a luz do sol e o rosto da minha tia - E não espere comer amanhã também.

Página 35

Disfarçada de garoto, ela usa todas as suas economias para competir. Foge no meio da noite com uma égua e se inscreve. Lá ela conhece um rapaz, chamado de Jin, que a encanta e que também é bom de tiro. Exímia atiradora, não há alvo difícil para Amani, mas ela sua, fica nervosa. Infelizmente, Amani não consegue o prêmio depois de uma confusão no bar e é obrigada a voltar para a casa do tio.

Ela vai para a loja do tio, pensando em como fugir da vila, quando vê um grupo de soldados passando. Será que estavam ali por causa dela, do Bandido de Olhos Azuis, como ela foi apelidada? Eis que um fugitivo pede ajuda e se esconde sob o baldão de Amani. Jin parece não tê-la reconhecido, afinal eram só seus olhos de fora e ela consegue despistar os soldados que entraram na loja à procura dele. Seu interesse no Jin é imediata, apesar de não querer admitir. Ele parece ter conhecido o mundo, enquanto ela permanecia naquele lugar.

Quando enfim a oportunidade de fugir surge, Amani consegue embarcar em um trem rumo à capital, onde encontra Jin novamente. Os dois então entram em uma jornada pelo deserto, em meio a seres mágicos, uma política confusa e uma conspiração que pode mudar os rumos do poder em Miraj. Sempre disfarçada de garoto para não atrair a atenção das autoridades, Amani é uma personagem feminina forte com todas as qualidades que gostamos em uma protagonista. Ela não é forte e bad ass "apenas por ser". Sua vida a moldou dessa forma. Ela foi obrigada a ser forte, mas também sofre, também chora, também se apaixona.

Quando comecei a ler, achei que seria uma história de fantasia com djinns, muita mágica e tapetes voadores, mas fiquei espantada e feliz em ver armas de fogo, trens e explosivos. Fantasias mais pé no chão me agradam muito. A autora usa muitos aspectos da cultura árabe e termos que, infelizmente, não estão relacionados em um glossário no começo do livro. Tinha momentos em que era difícil lembrar o que certas palavras queriam dizer. A localização espacial também foi difícil, já que estamos em um deserto, ou seja, um cenário muito grande, e não há um mapa sequer no livro.

A parte da política me pareceu meio confusa, espero que a autora explique melhor o que está acontecendo, pois terminei com aquela cara de . Nesse sentido, parece que a autora temeu dar mais informações e entregar o jogo todo, já que o foco era mais a vida e a liberdade de Amani de sua casa opressora. Fora isso, capa linda e diagramação bem feita, poucos erros de digitação.

Obra e realidade
A principal mensagem do livro, que foi o que me fez gostar dele, foi de que você pode ser o que você quiser e pode escapar de uma situação opressiva e violenta. Há vida depois de uma situação dessas, você pode ser feliz sem estar em um casamento, sem estar em uma vida que querem que você siga. Amani não se conformava com a vida que queriam lhe dar. Ela botou a mão na massa na tentativa de mudar, sabendo que o que a aguardava era uma vida infeliz como a de sua mãe.

Achei a revelação do final um tanto solta na coisa toda, mas imagino que nos livros seguintes, a autora desenvolva melhor a ideia. Amani certamente é uma protagonista que foge do padrão de personagens femininas. Ela é verdadeira, uma lutadora, é alguém com quem é fácil simpatizar e torcer.

Alwyn Hamilton

Alwyn Hamilton nasceu em Toronto, mas cresceu em uma pequena cidade na França. Estudou na Universidade Cambridge, formando-se em História da Arte.

PONTOS POSITIVOS
Protagonista feminina
Faroeste e fantasia
Universo bem construído
PONTOS NEGATIVOS
Política confusa
Pontas soltas

Título: A Rebelde do Deserto
Título original: Rebel of the Sands
Série: A Rebelde do Deserto
1. A Rebelde do Deserto
2. A Traidora do Trono
3. A Heroína da Alvorada
Autora: Alwyn Hamilton
Tradutor: Eric Novello
Editora: Seguinte
Páginas: 285
Ano de lançamento: 2016
Onde comprar: Amazon!

Avaliação do MS?
Mesmo tendo achado a parte da política e da conspiração um tanto confusas, carecendo de explicação, é a história de Amani que importa aqui. Ela nos leva pelo deserto em uma jornada de descobertas, de autoconhecimento, de luta por ideais e pelo o que é certo. Quando descobrem que ela é mulher, enquanto se escondem em uma caravana, Amani precisa provar que é boa no que faz, que pode protegê-los. Ela é posta à prova, ela é tentada, testada e descobre uma força que nem sabia que tinha. Por tudo isso, por um universo de faroeste e magia, quatro aliens para a rebelde e uma recomendação para você ler.


Até mais!

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