Resenha: An Empty Bottle, de Mari Wolf

E olha nós aí com primeiro desafio do Desafio Literário 2016 cumprido! No primeiro dia do ano, eu propus um desafio para qualquer pessoa que queira se desafiar na literatura durante o ano e o primeiro é um livro que dê para ler em um dia. Escolhi o conto em inglês de Mari Wolf, uma das maiores contistas norte-americanas nos anos 50, que inspirou vários escritores nas gerações seguintes.

O conto
Em um futuro próximo, uma nave partiu da Terra em busca de planetas semelhantes ao nosso. Décadas de viagem acabaram levando a vários becos sem saída. Nenhum planeta encontrado era como o nosso. Na verdade, o universo parecia um lugar estéril, vazio, frio e pouco convidativo. Assim, a tripulação decide voltar para casa.


No entanto, ao examinar as cartas celestes, eles não conseguem achar a Terra. Nem as estrelas parecem estar na posição correta. Isso gera uma onda de medo entre a tripulação mais velha, aquela que ainda teve a oportunidade de ver e viver aqui. Mas as crianças e os adolescentes parecem não ligar para isso. Como nunca viveram na Terra, não faz diferença para eles encontrá-la ou não.

Depois de muito se baterem com as cartas, de verificarem a posição das estrelas e compararem com as cartas que tinham à bordo, depois de desespero e discussões acaloradas entre os responsáveis pela missão, eles encontram um planeta que está na posição onde estaria a Terra, em um sistema solar que parece com o nosso. Mas nada parece estar certo. Ao descerem no planeta, não encontram civilização, não encontram cidades, nem mesmo outras naves. A Terra é um planeta vazio, sem vida e desabitado.

Mari Wolf soube trabalhar com temas complexos em seus contos e dos que li até agora este foi um dos mais profundos em suas implicações a respeito das viagens espaciais. Tendo sido escrito nos anos 50, posso dizer que ele envelheceu bem, pois me pareceu pouco datado. As implicações sobre a perda da Terra e o possível planeta natal sobre a população mais velha foram bem trabalhados e poderiam ter sido ainda mais, em um romance mesmo.

Obra e realidade
O tema do conto já foi trabalhado outras vezes. Battlestar Galactica, por exemplo, em sua série mais recente, também perdeu a Terra e depois de quase serem extintos pelos Cylons, os seres humanos precisaram reviver velhos mitos para sobreviver. A ideia de perder nosso planeta natal é apavorante, pois até o momento ele é único. Portanto, é especial. Como podemos nos lançar ao espaço sem a esperança de voltar para casa?

Em uma nave geracional, ou nave-mundo como essa, certamente haveria choque de gerações. Uma população mais nova, composta por crianças e adolescentes, não compreenderia o motivo de um planeta ser tão especial. Capaz até que se assustassem com um panorama aberto e livre, com germes no ar, o horizonte e a curvatura no mar. Seria um choque para a população mais velha perder seu planeta-natal, mas seria um choque para uma população confinada viver em um ambiente aberto pela primeira vez.

PONTOS POSITIVOS
Viagem espacial
Escrito por mulher
Se mantém atual
PONTOS NEGATIVOS

É curto


Título: An Empty Bottle
Autor: Mari Wolf
Editora: If
Ano: 1952
Páginas: 40
Onde comprar: Amazon ou no site do Projeto Gutenberg onde está em domínio público



Avaliação do MS?
Virei fã de carteirinha de Mari Wolf. Gostaria muito de poder traduzir os contos dela para o português, mas por enquanto tem um só, que é Robôs do Mundo, Ergam-se!, que você encontra aqui. Se você puder ler em inglês, vá fundo. Ou se não puder, aguarde uma tradução por aqui. Quatro aliens para An Empty Bottle e uma recomendação para você ler também.


Até mais!

Já que você chegou aqui...

Comentários

  1. Interessante e abre possibilidade para muitas reflexões!
    Gostei!
    Abraços
    Marina

    www.devaneiosedesvarios.com

    ResponderExcluir

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