Resenha: Trilogia O Teste, de Joelle Charbonneau

Tive muita dificuldade com essa trilogia. Comecei sem muita expectativa, mas fui até o fim porque queria entender o porque de se ter uma maneira tão sangrenta e violenta de entrar numa faculdade. Não que a faculdade real seja um mar de rosas, até me identifiquei com várias partes e sofrimentos da protagonista, mas acho que faltou algo na trilogia de Joelle.


O Teste
Malencia "Cia" Vale está nervosa. É sua formatura na colônia Cinco Lagos, no que hoje seriam a região dos Grandes Lagos, nos Estados Unidos. Há muito tempo que ninguém em Cinco Lagos é escolhido para O Teste, que garante a entrada dos jovens para a universidade. O pai de Cia cursou em Tosu City e ela tem uma família grande e unida, apesar de sua mãe parecer estranha de vez em quando. Depois da formatura, ainda triste por não ter havido escolhidos, ela vai para casa e é quando recebe um aviso. Um encarregado de Tosu City chegou a Cinco Lagos, avisando que quatro jovens formados foram escolhidos para O Teste e Cia é um deles.


O pai de Cia fica apreensivo e avisa à filha que O Teste não é o que parece. Ele não se lembra de nada desde que saiu de sua colônia original e foi para Tosu, apenas tem flashes estranhos e confusos com seus colegas e cenas de violência. E avisa à ela: não confie em ninguém. E pior ainda: os escolhidos não podem desistir da vaga. É obrigado a ir. E quem vai não volta mais para casa. Tosu manda o formado para outra colônia para servir ao país.

Quando ela e seus colegas chegam em Tosu, e claro que um dos colegas é seu paquera, eles passam por vários tipos de teste e tudo, absolutamente tudo é motivo de avaliação. Os colegas tentam sabotar uns aos outros, os estudantes são vigiados até mesmo em seus quartos e por meio de seus braceletes. Os estudantes de Cinco Lagos sofrem com o bullying dos colegas de colônias maiores e mais desenvolvidas e muita gente vai sumindo e morrendo pelo caminho.

Cia (esse nome me incomodou na trilogia inteira, porque eu a chamava de Melancia o tempo todo) percebe que não pode confiar nem nos colegas de grupo, confia mais ou menos nos colegas que fez e nos da sua colônia. É então que ela é enviada para o teste final antes da revelação dos ingressantes na universidade. Ela precisa atravessar uma área selvagem e não revitalizada até Tosu, onde seus colegas também precisarão atravessar e chegar são e salvos do outro lado.

A autora falha em várias partes com Cia. Primeiro, eu a achei madura demais para quem é adolescente. Ela erra pouco e acerta em quase tudo, sempre saca as coisas antes de algo acontecer. Sério, quem é tão sábia assim com 17 anos? Cadê as burradas que a gente sempre comete? Cia não faz nada disso e se vira muito bem. Segunda coisa, a autora menciona os Sete Estágios da Guerra, mas não explica que guerra é essa, porque começou, como terminou, o que aconteceu ao país nesse meio tempo... Senti que nisso o livro é igual a Starters, que também é ruim demais.

Se for um erro, é meu erro. As consequências serão minhas.

Cia

Pontos positivos
Protagonista feminina
Distopia
Críticas à sociedade
Pontos negativos
Personagem perfeita
Paquerinha
Algumas cenas longas demais

Título: O Teste
Título original: The Testing
Série: O Teste
1- O Teste (2014)
2- Estudo Independente (2014)
3- A Formatura (2014)
Autor: Joelle Charbonneau
Editora: Única
Páginas: 320
Onde comprar: na Amazon!


Estudo Independente
Cia foi aprovada no teste. Isso é o que lhe disseram, mas ela não lembra de nada do que aconteceu nesse período. Ela lembra de chegar à Tosu City com seus colegas da colônia Cinco Lagos e só. Cia então se muda para um quarto na universidade, tem o amor de sua vida a seu lado, tudo é lindo e cor de rosa. Até que ela descobre um botão escondido no aparelho que tanto a ajudou no primeiro livro e descobre que é um gravador. E ela ouve sua própria voz contando sobre as mortes, sobre as traições, sobre não poder confiar nas pessoas.


Como Cia é boa em tudo, perfeita, salve-salve, ela é um alvo bastante óbvio. Os colegas querem sua cabeça, já que uma menina de Cinco Lagos não poderia tirar o brilho de tantos alunos da Capital, digo de Tosu City. Um amigo que a ajudou no teste onde ela quase morreu diz que se ela fugir, pode prejudicar seus amigos e pior ainda, sua família. Ela decide ajudar na resistência que visa acabar com o teste e tirar o administrador de seu cargo, o Dr. Barnes. E contra sua vontade, Cia vai parar nos Estudos Governamentais, onde a competição é ainda mais acirrada já que é uma oportunidade de trabalhar como estagiário nos escritórios do governo.

Os líderes têm de ser capazes de controlar suas emoções. Essa é uma habilidade que juro que vou dominar.

Cia

O problema com a personagem perfeita continua aqui. Mas os questionamentos a respeito do governo, do que torna um líder bom para seu povo são interessantes. Várias vezes a personagem se depara com desafios onde ela é obrigada a pensar como um membro governo e como solucionar problemas. Mas as vezes em que ela se sai bem sucedida são demais. Ela nunca erra.

Pontos positivos
Protagonista feminina
Distopia
Críticas à sociedade
Pontos negativos
Personagem perfeita
Paquerinha
Guerra não é explicada


Título: Estudo Independente
Título original: Independent Study
Série: O Teste
1- O Teste (2014)
2- Estudo Independente (2014)
3- A Formatura (2014)
Autor: Joelle Charbonneau
Editora: Única
Páginas: 320
Onde comprar: na Amazon!


A Formatura
Cia conhece melhor seus colegas nos Estudos Governamentais e atrai o ódio da maioria deles porque é estagiária da presidente Collindar, algo que nunca ninguém conseguiu. E agora ela decidiu que conseguiu o que precisava para derrubar O Teste e todo o seu período de horror. Existem centenas de pessoas desaparecidas por conta dos rigores do teste que ninguém sabe para onde foram e ninguém consegue encontrar. Cia sabe que isso tem que acabar.


Além de fazer inimigos, Cia também faz aliados, mesmo que de uma maneira relutante. O conselho de seu pai ainda martela em sua cabeça e é difícil confiar nas pessoas, especialmente aquelas de Tosu. É difícil confiar nos próprios colegas depois de tudo o que ela lembrou que passou no Teste do primeiro livro. Cia amadureceu, sem dúvida, está cautelosa, mas ainda continua acertando em praticamente tudo. Seus testes são difíceis, mas ela passa por eles sem muita dificuldade.

O desfecho de trilogias sempre é complicado. Nunca agrada a todos. O final pode não ter agradado a muita gente, mas foi um final que me pegou de surpresa e que acabou digno em vista de tudo o que ela e seus colegas acabaram passando. No entanto, achei um final apressado, de pontas soltas. Quando você menos espera, puf!, acabou tudo e você se pergunta o que aconteceu com todos aqueles outros personagens. Infelizmente, não teve como não comparar com Jogos Vorazes, pois são absurdamente parecidos, apesar de terem propósitos diferentes. Até o final desta trilogia é parecido com o final de A Esperança, de Suzanne Collins.

Pontos positivos
Distopia
Protagonista feminina
Críticas ao governo
Pontos negativos
Final em aberto
Personagem perfeita
Guerra nunca é explicada


Título: A Formatura
Título original: Graduation Day
Série: O Teste
1- O Teste (2014)
2- Estudo Independente (2014)
3- A Formatura (2014)
Autor: Joelle Charbonneau
Editora: Única
Páginas: 320
Onde comprar: na Amazon!

Ficção e realidade
As discussões em volta de O Teste e todos os seus livros vai de confiança para governo, de qualidades de um líder para legitimidade do mesmo. É uma esfera diferente de outros livros do mesmo segmento. Jogos Vorazes era a derrubada de um regime de terror baseado numa indústria cruel de entretenimento. Divergente era baseado numa sociedade de facções (como castas), onde você não podia ser mais de uma coisa ao mesmo tempo. Em O Teste você precisa aprender em quem confiar e aprender a ser um líder justo e compassivo. O desenvolvimento não foi bom, mas a ideia é interessante, que na verdade foi a responsável por me fazer ler os três.

Acho que mais do que nunca questionar nossos líderes e suas ações é necessário. É uma forma interessante de trazer este tipo de discussão para o público adolescente através de uma trilogia distópica. É aí que entra o mérito de todas essas distopias que a galera odeia (às vezes sem ter lido uma): o fato de trazer reflexões profundas que, muitas vezes, não se vê na escola. Quisera eu ter tanta diversidade de leitura assim quando estava na adolescência.

Avaliação do MS?
Não vou dizer que ela é ótima, porque não é. A personagem é perfeita em tudo, acerta tudo, tudo sai bem para ela. Não temos explicação alguma a respeito da guerra temível que destruiu o país, nem temos um mapa para ver as colônias. A trilogia traz, porém várias reflexões interessantes para o leitor a respeito do funcionamento do governo e traz todas as provações que qualquer aluno de faculdade precisou passar (obviamente extrapoladas ao máximo nos livros de Joelle). Três aliens para a trilogia O Teste.


Até mais!

Comentários

  1. Li o primeiro volume desta trilogia há uns 2 dias. Só tive tempo agora de atualizar a leitura no meu Skoob, fazer uma resenha, atribuir uma nota ao livro, etc. E daí resolvi procurar na internet opiniões de outras pessoas que haviam lido este livro e achei seu site. Eu só li o que você escreveu a respeito do primeiro livro, pois ainda pretendo ler (num futuro não muito distante) o segundo e o terceiro volumes. Eu achei que SÓ EU iria me incomodar com o nome da personagem, haha. O livro, pra mim, é bem ruim. O romance desenvolvido nele é chato. Um romance adolescente babaca. Coisa pra vomitar mesmo. E, nossa, por que empestar a capa, a contracapa e as orelhas do livro com 'não confie em ninguém'? Estragou o que poderia salvar o livro! Pra mim já ninguém prestava, e terminou ninguém prestando mesmo. Não houve elemento surpresa no livro. Até agora eu fiquei sem saber a necessidade de sair matando tanto estudante. Pretendo ler os outros dois livros pra saber e espero que a autora dê um motivo razoável. Gostei MUITO da sua resenha. Pretendo visitar mais o seu site. Atribuí a ele 2 estrelas no Skoob. Talvez tenha sido bondosa demais. PS: Que bom encontrar alguém que também seja capitã da frota estelar. Talvez nossas naves se encontrem perto de alguma estrela e eu possa me teletransportar pra sua nave para tomarmos chá e declamarmos Shakespeare em Klingon.

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