Joe Hill foi o responsável por me fazer persistir nos livros de terror este ano. Cêis sabem que eu sou patife, né? Fiquei afastada do terror por muito tempo por não achar nada que me cativasse nem que me prendesse até o final. E Joe Hill conseguiu me segurar em A Estrada da Noite e agora com Nosferatu. O filho de Stephen King tem competência de sobra para se firmar como um dos mais importantes escritores da atualidade.
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O livro
A enfermeira Ellen Thornton se aproxima de um paciente acamado há anos para lhe dar uma transfusão de sangue. Este homem é Charlie Manx, que dizem estar no bico do corvo, quase morrendo. Charlie é um conhecido serial killer, responsável pelo sequestro e sumiço de dezenas de crianças ao longo dos anos. De repente, a mão da enfermeira é agarrada. Charlie está acordado e diz:- O seu filho Josiah... – Tem um lugar para ele na Terra do Natal junto com as outras crianças. Eu poderia dar a ele uma nova vida. Poderia dar a ele um lindo sorriso novo. E lindos dentes novinhos em folha.
Apavorada, a enfermeira grita por socorro, mas ninguém lhe dá atenção. Manx está tão mal que é impossível que ele tenha feito o que Ellen diz. Dizem que ela imaginou aquilo tudo. Mas não. Ela sabia que era tudo real e via as marcas dos dedos de Manx em seu braço. Ellen teme por seu filho e por sua própria sanidade.
Pulamos então para a vida da protagonista, Victoria McQueen, uma criança, que vive em um lar disfuncional. Seus pais brigam o tempo inteiro e ela não aguenta essa situação. De posse de sua inusitada bicicleta Raleigh Tuff Burner, Vic consegue fazer algo extraordinário: ela consegue atravessar a Ponte do Atalho no bosque no seu bairro e pode chegar a qualquer lugar para assim encontrar coisas perdidas. Tudo parece extremamente real e Vic não entende direito porque aquilo acontece.
Em uma dessas idas pela ponte ela faz amizade com uma moça que também tem um dom, o de conseguir saber de fatos com alguma antecedência através de palavras cruzadas e Vic é avisada para ficar longe de Charlie, ele é muito perigoso. Conforme a narrativa se desenvolve, vemos os conflitos de Vic com os pais, vemos alguns sequestros acontecendo e temos o desprazer de conhecer o cúmplice de Charlie, um homenzinho de merda e completamente medíocre chamado Bing Bing. Charlie o convence que é preciso tirar as crianças de adultos abusivos para poder salvá-las. Bing ajuda no sequestro, estupra e mata a mãe, pai ou qualquer responsável, intoxicando-os para deixá-los inertes.
O dom de Charlie é o de levar essas crianças para seu mundo imaginário, a Terra do Natal, onde o Natal acontecesse todos os dias, o ano inteiro, com neve feita de açúcar e presentes todos os dias. Para isso, ele usa seu Rolls Royce Wraith 1938, um carro raro e diabólico, cuja placa é NOS4A2 (Nosferatu). Pessoalmente, eu teria deixado o título tal como o original. Este carro transforma as pessoas e as crianças começam a deixar de ser quem são. E em uma das andanças de Vic pela ponte, ela vai cair no quintal da casa de Manx e quase vira sua nova vítima. Charlie a odeia profundamente, pois foi desta forma que a polícia conseguiu prendê-lo e o separou de seu precioso carro e suas criancinhas.
O livro é longo, são mais de 600 páginas, porém passam rápido. Acompanhamos o crescimento de Vic, a forma como não se relacionava com o pai, como se manteve afastada da mãe, como teve filho com um motoqueiro e mecânico e foi morar no meio do nada e como ela quase enlouqueceu. Vic chegou a ser internada depois de quase tacar fogo na casa, pois ouvia os telefones tocando quando mais ninguém ouvia e do outro lado estavam as crianças da Terra do Natal. Vic se convenceu de que era esquizofrênica e que nada daquilo era real... mas quando o corpo de Manx some do necrotério, parece que o terror está para voltar.
Ficção e realidade
Você sabe que um livro de terror te fisgou completamente quando se assusta de verdade na vida real. Eram 2 da manhã, eu lia uma parte especialmente tensa em que Bing Bing bate na porta da casa de Vic, sendo que Bruce Wayne, filho dela, está em casa e sozinho. Justamente nesta parte, minha mãe bate na porta do meu quarto, perguntando se eu queria um chocolate quente. Pensa o susto que eu levei? Pois é, isso mostra que o livro segura tanto o leitor, você fica tão tenso durante a leitura que qualquer coisa que pareça normal no dia a dia se torna assustador.Joe Hill |
Pontos positivos
TerrorMistério
Reflexão sobre a humanidade
Pontos negativos
Se arrasta em algumas partes
Avaliação do MS?
Muita gente pode achar que por se tratar do filho de Stephen King, Joe vive à sombra do pai famoso. Nunca consegui ler nada de King por não gostar do estilo da narrativa dele, e talvez seja por isso que eu tenha gostado tanto da forma com que Joe escreve, por se distanciar do pai. Nosferatu é um livro diabolicamente delicioso de ler. Achei que o final foi longo como o de A Estrada da Noite, porém isso não desabona o livro. Os personagens são críveis, falhos, reais, são descritos com seus defeitos e virtudes... tirando Manx e Bing Bing, claro, que não têm virtude alguma. Quatro aliens para Nosferatu e uma forte recomendação para que você leia.Até mais!
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