Resenha: Planeta dos Macacos: O Confronto (2014)
Desde que a franquia foi ressuscitada em 2011 com Planeta dos Macacos, A Origem, o fôlego novo à uma das franquias mais longevas da ficção cientÃfica trouxe novos fãs e novas visões sobre os conflitos entre humanos e sÃmios. O novo longa não foge à regra e traz grandes crÃticas à sociedade, à guerra e o nosso trato com os animais, além de metáforas poderosas como racismo e xenofobia.
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O filme
O filme começa pouco tempo depois do final daquele de 2011. Vemos como a doença causada pelo vÃrus sÃmio se espalhou pelo mundo, levando pânico para a população, culminando com lei marcial, toque de recolher, até que o fim veio para a humanidade. Cerca de 98% da raça humana foi dizimada por este vÃrus feito em laboratório e as pessoas que restaram são os geneticamente imunes a ele. Enquanto isso, Caesar vive na floresta nos arredores de São Francisco, onde construiu uma comunidade próspera e que mantém distância dos humanos.Mas na cidade, as pessoas estão passando dificuldades. A energia é escassa, o combustÃvel também, e não dá para manter os geradores por muito tempo. Sendo assim, um grupo de humanos tenta alcançar uma usina para religar a energia e iluminar a cidade mais uma vez. E eles topam com a comunidade de Caesar, onde as relações parecem azedar de vez quando um deles mata um dos sÃmios. Do lado dos humanos, muita gente se ressente pelo vÃrus e pela queda da civilização. Pelo lado dos sÃmios, o ressentimento é pela forma como foram tratados quando eram apenas experimentos em gaiolas. Vemos alguns dos sÃmios que apareceram no primeiro filme.
Antes que uma guerra estoure de vez, Malcolm (Jason Clarke) se oferece para ir até a comunidade dos sÃmios para tentar um acesso à usina na base da diplomacia. Ele, a esposa, o filho e mais alguns técnicos, fazem a proposta à Caesar (Andy Serkis) que concorda, desde que eles façam isso em 3 dias. Mas enquanto isso, Koba, o mais rancoroso de todos os sÃmios, resolve fuçar na cidade e encontra as armas dos humanos, vendo-os praticar tiro e, aparentemente, se preparando para uma incursão.
Malcom conhece uma sociedade de sÃmios que nenhum humano ainda conhecia. Eles vivem em comunidade, não são agressivos desnecessariamente, têm filhos e são inteligentes. Não são animais irracionais, eles são seres com quem se pode conversar. Mas na cidade as pessoas não veem assim. E Koba faz questão que não vejam. Repleto de rancor e ódio pelos humanos, com certeza por tudo o que ele passou quando era um experimento, ele engana os guardas e consegue acesso à s armas lá estocadas.
Existem clichês óbvios e problemas no filme, claro. Além da baixÃssima representatividade feminina no filme, tanto do lado de sÃmios quanto de humanos, temos o "cara-estourado", o "cara-do-bem", o "rancoroso"... Um desfile de personagens que já vimos em vários outros lugares. O filme foca mais nos sÃmios e isso foi ótimo. É inverter os papéis, mostrando os discursos inflamados de Dreyfus (Gary Oldman) sobre os sÃmios serem apenas animais e Caesar, com sua racionalidade. Temos bem retratado no longa as situações racistas e xenofóbicas que imperam em nossa sociedade. E também o reconhecimento dela devido à situação que Koba acaba levando aos dois povos, impulsionado pelo ódio.
Ficção e realidade
O filme chegou aos cinemas em um momento tenso para a humanidade. Enquanto Gaza continua sendo bombardeada, levando à morte (desnecessária) de civis palestinos, enquanto um avião com civis é derrubado por nada, ele traz uma reflexão sobre até onde o ódio pode ir. Até onde as diferenças podem levar. Extinção? Total aniquilação? É preciso que um dos lados pereça e suma para que o erro seja percebido?Em Planeta dos Macacos: O Confronto a merda já aconteceu. Nós fomos derrotados. Nossas cidades foram dizimadas, abandonadas. Passamos frio, fome, somos mirados por um povo que ainda sente toda a opressão sofrida, que ainda guarda rancor, onde muitos não conseguiram deixar o ódio para trás para que todos possam sobreviver. No que isso é diferente da nossa sociedade hoje?
Pontos positivos
Ótimos efeitos especiaisÓtimas metáforas sociais
Caesar
Pontos negativos
Clichês óbvios
Avaliação do MS?
Mesmo com os problemas, o filme não peca pelo excesso. As metáforas ali reunidas, as crÃticas à sociedade e ao modo como lidamos com os animais e com o que é diferente tornam esta sequência algo superior ao filme de 2011, com ares mais sombrios e com um final que deixa claro que teremos uma sequência. Quatro aliens para o longa e uma recomendação para que você assista.Até mais!
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