Outros 10 termos da ficção científica e suas origens

O post da semana passada sobre os termos de FC fez tanto sucesso que resolvi pegar mais outros 10 termos da lista original do io9, traduzir e colocar no ar. É sacanagem deixar o leitor que não manja do inglês sem ter acesso às informações trazidas pelo site, que fez uma pesquisa tão legal. Eu os ordenei, novamente, de acordo com o meu gosto.

10. Moon Base (base lunar)
A lua talvez seja um dos primeiros destinos sonhados pelo ser humano desde que nos dispusemos a observar o céu. Parece bem lógico, então, que quiséssemos instalar uma base no nosso querido satélite natural assim que a tecnologia para uma efetiva colonização surgisse.

Moon Base

Mas não foi antes de 1947 que Bryce Walton, em sua estória Assignment in the Dawn, contasse sobre as bases marcianas na lua. No ano seguinte, foi a fez de Robert Heinlein, em Space Cadet, onde a base era uma academia militar e de L. Ron Hubbard, em 240,000 Miles Straight Up, onde a base lunar era um posto avançado russo.

9. Mad Scientist (cientista louco)
Cientista louco é outro termo tão comum que parece que sempre existiu. Eu mesma pensava que ele tivesse surgido com Frankenstein, de Mary Shelley, já que o cientista costuma ser mostrado sempre como um doido, mas a obra já tinha 90 anos quando Raymond McDonald teria cunhado o termo, em 1908, em sua novela The Mad Scientist: A Tale of the Future.

cientista louco

A novela trata de um cientista com inclinações socialistas que usa sua grande invenção contra os negócios e o governo norte-americano. The Mad Cientist não despertou muito interesse na época, tirando o fato de conter um código em suas páginas, onde a editora pagava para os leitores que pudessem decifrá-lo.

8. Hive Mind (mente coletiva ou mente de colmeia)
Uma mente coletiva, algo que aparece com frequência na ficção científica, é aquela em que não há indivíduos, nem individualidade. Todos os pensamentos são compartilhados, bem como as decisões e aprendizado. Os Borg são um bom exemplo. Olaf Stapledon, em 1930, em seu livro Last and First Men, foi o primeiro a tentar traçar uma mente coletiva.

mente coletiva ou mente de colmeia

Mas James H. Schmitz foi o primeiro a usar o termo "hive mind" em seu livro de 1950, Second Night of Summer, onde humanos em um outro planeta são atacados pelos Halpa, alienígenas que, acredita-se, tinha uma inteligência de mente coletiva. E em 1973, em uma edição do Daily Telegraph, alguém escreveu sobre "As atitudes sociais e estéticas foram passadas através de uma mente-coletiva homogeneizadora burocrática".

7. Cryostasis (crioestase ou só estase)
Criogenia é o estudo dos materiais em baixas temperaturas, palavra cunhada em 1875 para descrever substâncias refrigerantes, para se obter temperaturas cada vez mais baixas. Robert Ettinger, tido como o pai da criogenia moderna, teve a ideia de congelar o corpo de uma pessoa depois de ler a estória de Neil R. Jones, de 1931, The Jameson Satellite, quando tinha 12 anos. No livro, um professor quer preservar seus corpo para sempre e ele é enviado ao espaço profundo depois de sua morte, tendo sido revivido por uma avançada raça alienígena.


Já adulto, Ettinger estudou a pesquisa criogênica de Jean Rostand e escreveu sua estória The Penultimate Trump, publicada em 1948. Mas não foi antes de 1965 que Karl Werner, um estudante de design industrial, do Instituto Pratt, usou o termo criogenia para descrever a preservação de corpos por meio do congelamento. E Alice Bradley Sheldon, escrevendo sob o pseudônimo de James Tiptree, Jr. cunhou o termo crioestase, colocando corpos humanos em animação suspensa para longas viagens pelo espaço em sua estória de 1975, A Momentary Taste of Being.

6. Multiverse (multiverso ou multiuniverso)
O termo não surgiu na ficção científica. Ele vem, originalmente, de uma carta de William James, em 1865, para a Associação Cristã de Moços da Universidade Harvard, intitulada Is Life Worth Living? (Vale à pena viver?). Mas seu sentido era bem diferente do de hoje. Ele focava seu texto em um universo de múltiplos morais e não em apenas uma.

multiverso

Já o dicionário Oxford credita a Michael Moorcock, em 1963, o primeiro a usar o termo no senso comum, se referindo aos múltiplos universos paralelos que podem (devem?) existir.

No entanto, dentro havia muitas coisas, muitas inteligências que não percebem que moravam em um multiverso, já que, dentro de si mesma, ela era composta de muitos universos, cada um separado do outro por dimensões, como folhas entre as camadas.

5. Tractor Beam (raio trator)
Star Trek eternizou esta útil ferramenta de Enterprise em todas as suas séries, tendo salvado a vida de muitos de seus tripulantes com ela, além de outras naves. Mas, na verdade, o termo surgiu em 1931, invenção de E.E. "Doc" Smith, em Spacehounds of IPC, mas que só virou livro em 1947. É também aqui que temos um dos primeiros exemplos do uso de campos de força na ficção:

raio trator

"Vamos levar pedaços da nave também, Quince - que pode ser capaz de conseguir vários indicadores delas", e Brandon girou os poderosos raios tratores sobre as partes da nave joviana, para então estender um par de raios menores para encontrar duas pequenas figuras além do campo verde de Sirius.

4. Telepathy (telepatia)
Esta é uma palavra que emergiu ao mesmo tempo em que a ficção científica emergia como gênero literário e foi bastante usada em vários enredos. O poeta e classicista Frederic W.H. Myers cunhou os termos "telestesia" e "telepatia", em 1882, em uma edição da Proceedings of the Society for Psychical Research, para o que antes se referiam como "transferência de pensamento".

telepatia

Myers era membro da Sociedade de Pesquisa Física, uma organização que fazia pesquisa em "supostos fenômenos paranormais". Já a "telempatia", que foi inventada especificamente para a ficção científica, mas muito menos usada, foi criada por Vance Simonds, em 1963, na estória Telempathy.

3. Force Field (campo de força)
O campo de força que os fãs da Enterprise conhecem tão bem foi utilizado pela primeira vez em 1920 em um relatório da British Association para o avanço da ciência: "Cada átomo deve formar o centro de um campo de força eletromagnético".

campo de força

Na ficção científica, ele começou a pipocar por volta de 1931. A novela de 1931, de John W. Campbell, Islands of Space, menciona um campo de força que circunda uma cidade alienígena. No mesmo ano, E.E. "Doc" Smith publicou Spacehounds of IPC na revista Amazing Stories, contendo algumas referências ao campo de força, tanto teoria quanto geradores.

2. Dystopia (distopia)
Thomas More popularizou a palavra "utopia" em seu famoso trabalho de filosofia política Utopia, de 1516. Ele juntou três palavras gregas para isso: eu (ευ), "bom", ou (οὐ) "não" e topos (τόπος) "lugar", um bom lugar, não-lugar (que os geógrafos conhecem tão bem) ou "lugar bom que não existe". Distopia mantem o sufixo topos (τόπος) com a palavra dis (δυσ) na frente, que quer dizer "ruim", "mau" ou "difícil". Algo como "lugar ruim que não existe".

distopia

Distopia, tal como está escrita, foi usada pela primeira vez também em um trabalho de filosofia política por John Stuart Mill, em seu discurso de 1868, diante da Câmara dos Comuns inglesa. Mas em 1818, Jeremy Bentham cunhou o termo "cacotopia", do grego κακόs, que quer dizer "mau", que Mill também usou em seu discurso na Câmara dos Comuns.

1. Android (androide)
Bem antes da criação da palavra robô, por Karel Čapek, a humanidade já tinha imaginado seres mecânicos. Artesãos e relojoeiros já vinham construindo autômatos como passarinhos que batiam as asas no bater das horas. Muitas lendas acabavam pululando ao longo do tempo, como a do século XIII sobre o santo católico Alberto Magno, que dizem ter construído uma cabeça mecânica que poderia responder à qualquer pergunta.

androide

Em 1728, quando Ephraim Chambers escreveu a sua Cyclopædia, ele juntou o radical grego para homem "andr-" com o sufixo "com forma ou aparência de" "-oide" quando descreveu a mítica cabeça mecânica de Santo Alberto Magno. No século XIX, a palavra estava na moda, sendo utilizada em pedidos de patentes para autômatos humanos. A forma curta, droide, é hoje propriedade da Lucasfilm por ocasião do lançamento de Star Wars. Mas foi utilizada originalmente por Mari Wolf em sua estória Robots of the World! Arise!, de 1952.

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