São Paulo - SP, Brasil

Livros que abandonei

É muito chato abandonar um livro, largar a leitura no meio do caminho. Eu sempre evitei fazer isso, pois achava um desperdício de leitura e de dinheiro, já que entendia que, se tinha comprado, eu tinha a obrigação de terminar. Até porque um livro pode surpreender no final. Mas de uns tempos para cá eu tenho largado cada vez mais livros que não me agradam, não me prendem ou que são desinteressantes. E tem uma causa para isso.


Livros que abandonei





Sempre tive bastante cuidado em comprar livros físicos para não me decepcionar com a leitura. Acabava saindo pouco da minha zona de conforto para depois não ter que ficar com um livro parado nas mãos. É chato demais você olhar todo dia para a lombada daquele livro, ela fica te olhando, você olhando para ela, e no fim a relação não engata. Bate aquele sentimento de culpa mesmo, e você começa a pensar "poxa, preciso voltar e terminar esse livro!".

Com o Kindle, eu pude me arriscar a ler mais e a ler gêneros os quais não tinha lido nada ou quase nada, como o terror. Ainda assim, permaneci mais ou menos na minha zona de conforto, porém tive mais acesso a outras obras, livros fora de catálogo, autores que nunca tinha ouvido falar, coisas do tipo. E em vários posts aqui do Saga, eu já contei como o Kindle catapultou minhas leituras, o que me levou a ler quase 80 livros em 2013.

No entanto, o e-reader traz também uma outra facilidade, se é que podemos chamar assim: o abandono de livros. E a vantagem é muito simples: se você estiver lendo, o livro não agradou, está chato, o autor vive dando mancadas ou se você não curtiu o estilo dele, é só apertar um botão, voltar para a tela inicial e escolher outro arquivo. Um mamão com açúcar tão doce que chega a enjoar, pois a gente corre o risco de não terminar livro nenhum.

Hoje no Kindle tenho muito, MUITOS, ebooks, tanto em português quanto em inglês. Baixei vários ebooks gratuitos na Amazon. Depois, dependendo do meu humor, pego para ler bem lá pra frente. Mas nem todos caem nas minhas graças e acabo deixando de lado para pegar algo melhor. Um livro que comecei a ler e que abandonei com poucas páginas viradas no Kindle foi A Noite dos Tempos, que muita gente disse que é sensacional. Não achei nada demais e ainda detestei o modo como o autor descrevia a única mulher no meio de vários personagens masculinos (Leia sobre o Princípio da Smurfette).

Os livros ruins têm sua função, que é nos ajudar a ter um estilo literário. Uma experiência ruim de leitura pode ser bastante instrutiva na hora de você compôr sua biblioteca.

O Último Desejo foi outro livro que começou super bem, intenso e com um personagem forte e cativante. Perto do meio do livro percebi que o autor ficava recontando contos de fada e nunca saía da mesmice, nunca chegava à uma resolução. Abandonei na mesma hora. O Jardim de Rama enrola tanto, mas tanto para chegar em algum lugar que, faltando umas cem páginas para o final, também larguei de mão. Ou seja, se fossem livros físicos é bem provável que eu tivesse continuado a leitura, mesmo com toda a chatice da obra. Mas um ebook não fica com sua lombada triste olhando para mim, dia após dia.

Por um lado, é bom você largar um livro que em nada vai te agregar. Saber que você não vai chegar no final xingando os personagens, o autor, a editora e a fábrica da cola da brochura é libertador. Você se priva de livros ruins. Por outro lado, é um problema se você transformar isso em um hábito. Os livros ruins têm sua função, que é nos ajudar a ter um estilo literário. Uma experiência ruim de leitura pode ser bastante instrutiva na hora de você compôr sua biblioteca. Acho que aqui a principal lição é não exagerar. Sair de sua zona de conforto aos poucos, estipular metas de leitura, manter-se num segmento e alternar autores. Assim você não fica se remoendo de culpa por largar um livro, nem fica pulando de um livro para outro o tempo inteiro sem terminar nenhum. O importante, sempre, é ler. E muito.

Até mais!


Já que você chegou aqui...

Comentários

  1. Achei muito legal esse seu post. Pq é muito complicado saber balancear o que terminar e o que abandonar e isso vale pra livros, séries, mangás e animes. Vejo muita gente que não abandona nada (só pra dizer que não abandona e isso não faz nenhum sentido pra mim - pq já que tem tanta coisa boa não vale a pena perder tempo com coisa ruim....). Mas ao mesmo tempo sempre fica aquela dúvida de que pode ser que o final seja bom (eu quase não abandono livros, o que eu mais abandono são séries de livros - leio o primeiro e se não valeu a pena não leio mais o resto, o que pra mim também serve como uma forma de abandono). Às vezes também acontece de eu pegar um livro que abandonei depois de anos e tentar de novo (livros no kindle hahaha - no caso o mais recente foi The Kiss of Deception - e acabar gostando e planejando ler a série inteira). Sobre catapultar leituras comigo isso aconteceu quando comecei a fazer trocas de livros no skoob (eu dupliquei ou mais a quantidade de livros lidos - só que também aumentou o número de séries abandonadas, pq não tenho o mesmo critério pra trocas do que pra comprar livros, e nesse esquema de trocas é sempre mais fácil conseguir o primeiro livro de uma série do que as continuações, e se demoro muito pra ir atrás do segundo ou terceiro livro já desanimo da série inteira e fica insustentável voltar =/). Sobre o Último Desejo, atualmente estou lendo o quarto dessa série e pra ser sincera, o segundo da série é o melhor (e ainda é de contos, os contos do primeiro livro começam a se ligar e formar uma história e o último conto do segundo livro é simplesmente maravilhoso, absurdo. Depois a história dá uma decaída no terceiro e o quarto tenho achado ok (só estou lendo mesmo, pq tenho os livros até o seis e minha meta é ler tudo que tenho em casa). Mas concordo com tudo que vc disse sobre tentar balancear as desistências e tentar persistir mais pq isso também é importante. Adoro o seu blog =)

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