Ficção científica e universos paralelos

Ficção científica e universos paralelos

Realidades paralelas, universos paralelos, pessoas que são cópias idênticas, mas que vivem uma outra vida. Tudo isso costuma aparecer em séries de TV, volta e meia em filmes e livros. São um ótimo exercício de imaginação para tentar entender como que nossas ações podem levar a diversas reações que se repetem no tempo e que podem gerar infinitos mundos e infinitos "nós" por aí.




De acordo com o Wikipedia:

Universo paralelo ou realidade alternativa em ficção científica e fantasia é uma realidade auto-contida em separado, coexistindo com a nossa própria. Esta realidade em separado pode variar em tamanho de uma pequena região geográfica até um novo e completo universo, ou vários universos formando um multiverso.

Mas podemos fazer uma separação. Enquanto universo paralelo é um termo mais genérico, realidade paralela ou alternativa é usado com mais frequência para designar uma realidade que é variação da nossa. Um universo paralelo é um recurso bastante comum em enredos de fantasia e ficção especulativa, enquanto as realidades tendem a ser mais usadas em ficção científica, justamente por serem mais "reais", mais próximas por aplicar o conceito de múltiplas Terras, múltiplos de nós, cada um ligeiramente diferente.

Enquanto temos muitos mitos de mundos fantásticos na religião e no misticismo, a ficção científica em geral busca a explicação dada por Hugh Everett, da Universidade de Princeton, baseando-se no princípio da incerteza da mecânica quântica, que permite, em tese, a sobreposição de universos não comunicáveis (provavelmente infinitos deles). A mera possibilidade de existência de tais universos gera uma série de conjecturas. Kennedy foi assassinado quantas vezes? Ele sobreviveu? Ou nada aconteceu a ele? Cristo foi crucificado quantas vezes? Quantos Budas nós temos? Quantas guerras mundiais ocorreram? Eu existo em um universo paralelo, ou morri ao cair de bicicleta aos 5 anos (de fato aconteceu, mas só me ralei)?

As inúmeras conjecturas criariam um nó na cabeça de muitas pessoas. Não temos nem como observar ou como provar que estes lugares iguais, mas tão diferentes, existem, mas a mera sugestão da possibilidade gera ansiedade nas pessoas. Quem muito se apega a esta teoria é a onda new age, buscando na ciência respostas para eventos extraordinários como percepção, alterações em estados de consciência e até seres de outros universos circulando pelas ruas do nosso universo. Seriam nossos gêmeos paralelos alienígenas? Ou uma forma de vida diferente de tudo o que conhecemos pode viver em universos distintos, sem nos perceber?


Exemplos na ficção científica
Na ficção científica temos muitos casos assim. Stargate utilizou em vários episódios, gerando momentos memoráveis para a série. Um dos melhores e críticos episódios é The Last Man, último episódio da 4ª temporada de Stargate Atlantis. Normalmente, o Stargate pode impedir que o wormhole se forme caso a estrela do sistema de onde se está discando sofra anomalias que causem distorções de tempo. Mas mudanças no ponto de chegada acabam recebendo a formação do wormhole e quando o coronel Shepard sai do outro lado, encontra a cidade-nave de Atlantis enterrada na areia de um planeta seco, vendo-se sozinho.

Episódio The Last Man. Ao invés de um oceano, coronel Shepard encontra apenas areia.

O dr. McKay, que ficou no momento original, sabia o que tinha ocorrido, apesar de ninguém acreditar nele e passou 25 anos formulando uma teoria capaz de trazer o amigo de volta, pois seu desaparecimento foi o ponto de ruptura em sua realidade, causando diversos incidentes desagradáveis em Atlantis e na Terra, que os fizeram abandonar a cidade algumas décadas mais tarde. Ou ele disca o Stargate nas mesmas condições da discagem original, ou Shepard ficaria preso 48 mil anos no futuro. Assim que ele retorna, a cadeia de eventos retoma sua linha original.

Em um outro episódio, desta vez de Stargate SG-1, a equipe vai parar em 1969 após um evento semelhante interferir com o funcionamento do stargate. Sheppard foi para o futuro, enquanto a equipe SG-1 precisa vencer os percalços dos anos 60 para poderem voltar com segurança ao tempo original. Este tipo de interferências no tempo são comuns em todas as franquias derivadas de Stargate, todas elas relacionadas a problemas com a discagem entre um portal e outro, com interferência solar no momento.

A série de ficção científica Sliders (1995-2000) foi a que mais se utilizou do conceito. Um estudante de física desenvolve a tecnologia de "escorregar", via wormhole, por realidades paralelas. Assim, eles fazem um teste e acabam caindo em uma Terra vivendo em uma era glacial. Para impedir que um tornado pegue o grupo, ele abre a passagem prematuramente e eles acabam perdendo a Terra original. Era preciso aguardar o cronômetro abrir a passagem no tempo certo e eles se veem perdidos em mundo ora parecidos, ora muito diferentes. Caem em mundos onde os dinossauros não foram extintos, ou em um onde a penicilina não foi descoberta. Um mundo onde os Estados Unidos eram controlados pela União Soviética e em um onde os homens eram o sexo frágil, oprimidos e objetificados.

Se partirmos da premissa da existência de universos paralelos infinitos, acho que os quatro viajantes ficarão para sempre procurando pela Terra original que perderam. A série mostra momentos muito bacanas como a centésima viagem do Titanic, pegando momentos da nossa história e fazendo a famosa pergunta "E se?".


Arquivo X, Fringe, até mesmo Mad About You (série de comédia romântica dos anos 90) trouxeram à tona episódios com universos paralelos e até basearam sua premissa nisso, como a própria Fringe. O filme A Outra Terra (The Another Earth) traz também uma premissa interessante. Uma promissora estudante de astrofísica do MIT, Rhoda Williams, se envolve em um acidente e mata duas pessoas. Por ser menor, ela vai para a prisão sem ter a identidade revelada. O que a fez bater foi a descoberta surpreendente de um planeta igual à Terra, pois ela observava o céu no momento.

Assim que sai da prisão, consegue emprego de faxineira em uma escola e tenta se matar. Rhoda sobrevive, tenta seguir em frente e resolve procurar o sobrevivente do acidente para contar que foi ela a responsável. Mas sua coragem míngua, ela mente, dizendo que ele ganhou um serviço grátis de faxina e começa a frequentar a casa dele. Enquanto isso, as autoridades fazem um concurso para escolher as pessoas que deverão visitar o novo planeta. Ela vence, mas fica dividida entre ir para a nova Terra ou ficar. Trocando em miúdos para não dar muitos spoilers, Rhoda conhece sua outra, sua cópia idêntica, vinda da nova Terra.

Devemos nos perguntar: estas pessoas seriam alienígenas? Seriam seres místicos? Ou seriam de carne, osso e erros como todos nós? É difícil entender o nosso outro eu ali, na nossa frente, como um alienígena. Mas então, como entender aquela pessoa? Teria lido os mesmos livros, visto os mesmos filmes, beijado as mesmas pessoas, passado pelas mesmas situações? Ele é um alienígena porque não é a gente. É um estranho. Ao mesmo tempo que é a gente, vindo de um lugar pautado pela física e pela mecânica quântica, mas que não é a gente. Nós somos nós. Eles são eles.

Ai que confuso! Mas o mais legal disso tudo é você se pegar pensando E se? E se naquele dia eu tivesse pegado o ônibus mais tarde? E se eu não tivesse terminado com o meu namorado? E se eu tivesse me machucado seriamente na queda da bicicleta? Cada decisão, cada vertente de dúvida gerada por uma ação nossa poderia levar a um novo universo? Imagine então quantos de você existem por aí! O que estarão fazendo? Podemos ter infinitos posts como esse, com diferentes interpretações, diferentes leitores, quem sabe até hospedado no Wordpress e não Blogger.

De qualquer maneira, espero que todos nós, em todos os universos e realidades estejam vivendo suas vidas plenas, com todas as dúvidas, erros e acertos que fazem dela nossa vida.

Até mais!

Comentários

  1. Não existem tantos filmes nessa tematica de universos paralelos ne ..... é triste

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