Arthur C. Clarke disse no primeiro livro (veja a resenha), que a lógica de Rama era sempre em três. Quando escreveu Encontro com Rama, ele disse não imaginar que sairia algo mais dali. Com a colaboração de Gentry Lee, engenheiro-chefe do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), também autor de ficção científica, surgiu O Enigma de Rama. E torci o nariz para livro por causa de alguns problemas.
O livro
A parceria Clarke-Gentry foi bem mais ou menos. Um dos escritores mais importantes do gênero aliado a um dos engenheiros responsáveis pelas missões robotizadas da NASA e também colaborador da série Cosmos, de Carl Sagan só poderia levar a um livro com precisão científica invejável e personagens cativantes. Que é justamente o que NÃO aconteceu aqui. É fácil perceber a mudança no tom do primeiro para o segundo livro, ficando claro que Clarke não o escreveu como sempre escreveu os anteriores, com sua precisão científica. Os personagens são mais densos, todas as camadas de complexidade das relações humanas são retratadas na obra, o que enche o saco às vezes.Uma nova espaçonave Rama se aproxima, 70 anos depois da primeira ter aparecido e seguido seu rumo para fora do Sistema Solar. Desta vez, uma equipe de especialistas, mais uma jornalista, são treinados para ir de encontro a Rama. Todos eles superdotados, inteligentes, experts em suas áreas de conhecimento, confinados na nave Newton, que segue seu curso até atracar com Rama.
Equipamentos especialmente projetados para a tarefa são construídos, seguindo os relatórios da primeira tripulação a entrar no cilindro. O mundo se recuperou de um abismo econômico, político e social depois da passagem da primeira nave. Aos poucos, as sociedades se reergueram da crise, mas nunca mais foram as mesmas. O mundo ainda guarda as cicatrizes daquele encontro e tudo o que ele significava.
O livro discorre de maneira excessiva sobre a vida de seus personagens. Não que isso seja de fato ruim, já que a postura humana diante dos mistérios do espaço é importante, mas foi demais, demais mesmo. Foram cem páginas de
Mas vale à pena notar que desta vez foi possível ver com maior profundidade o que Rama é, apesar de não responder quem o construiu, qual o seu propósito e se existem ramaianos a bordo. Os mistérios sobre suas "cidades" (grandes estruturas dentro do cilindro) apenas aumenta, mas uma tentativa de comunicação com seus habitantes consegue se estabelecer, ainda que não seja a comunicação ideal.
Obra e realidade
Rama é similar a um Cilindro de O'Neill, uma estrutura já imaginada por pelo físico norte-americano Gerard O’Neill em 1976 como uma variação do Toroide de Stanford. Esperava-se que esta segunda espaçonave fosse igual à primeira e se comportasse de maneira semelhante, mas não é o que acontece. Os cientistas estavam preparados para a previsibilidade alienígena e no final acabaram se surpreendendo pela capacidade de manobra e de criação que Rama apresentou.Ela também mostra como a autoconfiança pode acabar com prejuízos em equipamentos, mas principalmente em vidas humanas, algo que o primeiro livro não mostrou. Se a primeira missão foi bem sucedida, a segunda praticamente beirou o fracasso e termina de maneira surpreendente. É um bom aviso para a raça humana não ir incauta ao espaço, achando que sua tecnologia e inteligência irá salvá-la o tempo todo. Com um universo tão grande e diverso, um evento como o mostrado no livro pode nunca vir a ocorrer. Mas não reduz o alerta da cautela para qualquer operação em um ambiente tão hostil e perigoso como o espaço.
Arthur C. Clarke foi um dos grandes nomes da ficção científica. Britânico britânico radicado no Sri Lanka, foi também inventor e futurista.
Pontos positivos
Leitura rápidaRama
Personagens mais profundos
Pontos negativos
O que é e a função de Rama continuam em abertoDramalhão psicológico excessivo dos personagens
Avaliação do MS?
Se Clarke tivesse de fato escrito O Enigma de Rama, certamente ele teria bem menos de 400 páginas. Toda a encheção de saco com a vida e as tristezas dos personagens seria reduzida. Acho que foi demais e descaracterizou a obra, pois não parece coisa do Clarke. Se relevarmos esta parte, você consegue entrar ainda mais em Rama e mesmo sabendo dos riscos, tende a ir mais fundo, como fizeram os personagens e pode descobrir que nem tudo são flores na nave cilíndrica. Três aliens para um clássico.Até mais!
Eu concordo em parte com a autora, achei que o livro enche muita linguiça, mas me senti recompensado com a densidade psicológica dos personagens. Os personagens do livro anterior eram quase bidimensionais, não pareciam "gente como a gente" então gosto tanto do primeiro livro quanto do segundo pois o primeiro ganha com o frescor da descoberta mas o segundo aprofunda mais o que foi visto
ResponderExcluirO terceiro livro da trilogia, " Os Jardins de Rama " também é muito envolvente !!!
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