Tecnologia nas escolas, funciona?

NÃO! Não funciona. Nos anos 90, quando os computadores pessoais se popularizaram e tornaram-se eletrodomésticos, as escolas perceberam que tinham que acompanhar o andar da carruagem e investiram na compra de computadores e na construção de salas de informática. Algumas escolas públicas, por sua vez, ainda sequer possuem salas de informática, quando muito possuem lousas e giz. Por que a tecnologia nas escolas não funciona?



As escolas hoje possuem computadores. Praticamente todas do país. Eles estão na secretaria, na sala da direção e da coordenação pedagógica. Salas de informática são protegidas com grades, cadeados, correntes, portas de ferro, pois são comuns os furtos e arrombamentos na calada da noite. Ou seja, computadores nas escolas existem, mas estão longe da realidade do aluno em ambiente escolar.

Fonte: Carta Capital

A maioria dos professores também possui computadores em casa. O governo de São Paulo, por exemplo, financiou notebooks para todos os professores efetivos da rede que estivessem interessados, desde 2009 e enviou equipamentos mais robustos para a direção e para as secretarias das escolas. Mas eu ouvi de professores já velhos de casa que só estavam comprando para poderem jogar Paciência na cama, pois eles não usavam computadores para formular suas aulas. A maioria fica intimidada com a ferramenta, pois percebe que os alunos muitas vezes conhecem mais de informática do que eles. Sendo assim, acabam caindo sempre na fórmula GLS (giz-lousa-simpatia) e deixam de levar seus alunos para as salas com computadores. Se fazem, é para matar tempo. Infelizmente, isso acontece muito.

No entanto, os alunos nem sempre conhecem tão bem assim os computadores. Eles conhecem algumas coisas, alguns recursos, mas muitas vezes não sabiam mudar o tamanho da fonte no Word. Eu criei grupos no Yahoo para disponibilizar conteúdos para os alunos do 3º ano baixarem e disse que eles precisariam de um email para entrar no grupo. Muitos deles disseram que não tinham email, tinham só o MSN. Sério.


É um mito bem comum. O aluno sabe tudo e o professor é um bocó digital. E não é bem assim. Eu tive alunos que não sabiam configurar um email, passar um SMS, ou não sabiam o que era um smartphone ou tablets. Não tinham computadores, não gostavam deles, não sabiam para que serviam e tinham medo de usá-los, com medo de fazer algo errado. Nas grandes áreas urbanas, os alunos até podem ter um conhecimento de tecnologia e informática, mas no interior do país a situação nem sempre é assim. Também conheci professores que não podiam ver vídeos no Youtube porque não os tinham em seus computadores.

Se muitos de nossos alunos estão saindo das escolas como analfabetos funcionais, muitos podem sair também como analfabetos digitais. Conseguem fazer o mínimo que uma máquina oferece, mas não exploram o potencial dela. Com muitos professores também é assim. Cansados, desmotivados e despreparados para o uso das novas tecnologias, eles continuam penando em sala de aula para a atrair a atenção de seus alunos enquanto eles tiram foto com seus celulares.

Não sou contra o uso das tecnologias em sala. Muitos projetos bacanas podem ser feitos. Se os alunos possuem smartphones, por que não usar o Instagram para projetos de fotografia nas aulas de Educação Artística, ou então em fotografar placas com erros de Português e discutir isso nas aulas? Por que não fazer atividades e enviar por email? Mas de nada adianta enfiar tecnologia nas escolas se o poder público continuar achando que isso vai sanar o problema educacional do país, pois não vai. As tecnologias defasam rápido e muitas escolas estão entulhadas de computadores velhos que não mais funcionam ou não suportam os programas mais recentes e/ou internet.


Além disso, as escolas hoje não estimulam a criatividade e a interdisciplinaridade. As disciplinas são estanques, longe da realidade do aluno, que não veem sentido no que estão aprendendo, fazem apenas para conseguir notas e quando muito para o vestibular. Professores de várias disciplinas dificilmente conversam e encadeiam atividades que gerem resultados positivos e que deixem seus alunos entretidos. A fórmula é repetida diariamente, o que torna o ambiente escolar chato e pouco estimulante para uma geração constantemente estimulada pela mídia e pela tecnologia. Lotar as escolas de tablets, como o MEC e algumas secretarias estaduais de educação querem fazer tampouco vai resolver alguma coisa, exceto gerar custos para o cidadão. O que precisa mudar é a educação em si, sua estrutura e suas fórmulas e não a quantidade de tralha tecnológica que não será bem usada na maioria dos casos.

E você? Contribua para a discussão. Acha que a tecnologia é bem usada nas escolas? Deixe seu comentário.

Até mais!

Comentários

  1. concordo com voce , falta de estrutura de ambos os lados ( alunos , professores ) , para a obsolencia dos equipamentos , uma saida seria o software livre , linux no caso , existem interfaces bem leves , contemplam computadores antigos , voltando , é a falta de estrutura do estado , falta de estrutura nas casas , pcs são caros para o padrão do brasileiro , e sim , se muitos alunos saem da escola como analfabetos funcionais , analfabetismo digital tira também o progresso da sociedade e do pais como um todo , bolhas de conhecimento não são suficientes , como um conhecimento coletivo .

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