Nós o ganhamos de uma colega minha do colégio. Veio pequeno e serelepe, cheio de saúde. Não tivemos condições de castrá-lo logo, portanto ele acabou se aventurando pelos muros da vizinhança, dormia no gramado do vizinho e todo dia pela manhã, no quintal, encontrávamos seus espólios, como passarinhos e gafanhotos. Minha mãe voltava da igreja à noite, ele a acompanhava desde a esquina e chegava primeiro do que ela em casa. Várias vezes ela precisou resgatá-lo do forro do telhado, pois ele sabia ir e não sabia voltar. Uma noite, rimos até chorar, pois ele enfiou a cara num saco de carvão e saiu com ela inteirinha preta. Quando eu fiz uma pequena cirurgia e fiquei dois dias de repouso na cama, ele ficou esses dois dias ao meu lado.
Imagem do contador que ficava na página Sobre aqui do blog. |
Mas um dia, ele voltou para casa tão estropiado, com marcas de dentes, arranhões, um dente quebrado e um pé sangrando. Briga com outros gatos, certamente. Ardia em febre e mesmo sem dinheiro, nós o levamos no veterinário que foi muito bacana com a gente e com ele.
Raulzinho ficou 5 dias internado. Íamos visitá-lo todos os dias, levar ração e ajudar a cuidar do pézinho, pois ele quase perdeu um dedo devido à infecção. O veterinário disse que ele deve ter se metido num território alheio e tomou um cacete. Ele foi castrado, vacinado e ficou lindo, simplesmente lindo.
Mesmo com todas as dificuldades, nós conseguimos manter não só ele, como nosso outro gato, o Kiko e nosso cachorro Xerife bem cuidados. Kiko morreu com dez anos, do coração. Xerife morreu devido à uma hérnia intestinal, provavelmente com 16 a 18 anos, pois nós o tiramos da rua e a idade era estimada. Foram nossos companheiros, nossos amigos, nossos filhos.
Raulzinho depois disso teve dupla pneumonia, era hipertenso e dois anos atrás teve um AVC. Ficou completamente cego e perdeu todos os dentes. Mas nunca foi abandonado, nunca deixamos de cuidar. Tinha carinho, comidinha fresca, colo, tomava banhos de sol e dormia muito, como é típico de gatos idosos. De um mês para cá, parou de se alimentar, então minha mãe e eu nos revezávamos em dar soro caseiro, papinha e água para ele se alimentar. Leandro nos ajudou também. O veterinário disse que era possível que fossem seus rins. Na noite de terça para quarta (29 e 30 de janeiro), ele estava muito frio, não conseguia mais ficar em pé. Nós o enrolamos para que ficasse quentinho e o fim veio poucas horas mais tarde.
Não podia deixar de registrar aqui o amor que nós tínhamos por ele. Só quem tem entende o sentimento avassalador que é. Raulzinho, obrigada por tudo. Um beijo.
Comentários
Postar um comentário
ANTES DE COMENTAR:
Comentários anônimos, com Desconhecido ou Unknown no lugar do nome, em caixa alta, incompreensíveis ou com ofensas serão excluídos.
O mesmo vale para comentários:
- ofensivos e com ameaças;
- preconceituosos;
- misóginos;
- homo/lesbo/bi/transfóbicos;
- com palavrões e palavras de baixo calão;
- reaças.
A área de comentários não é a casa da mãe Joana, então tenha respeito, especialmente se for discordar do coleguinha. A autora não se responsabiliza por opiniões emitidas nos comentários. Essas opiniões não refletem necessariamente as da autoria do blog.