Um dos sub-gêneros mais conhecidos e famosos da ficção científica não atua no futuro, como era de se esperar. Ele atua no passado, com as máquinas a vapor, o estilo vintage, vitoriano e colonial dos séculos passados. Ele é uma prova de como um gênero pode se reinventar e se adaptar, mostrando um mundo familiar e ainda assim totalmente diferente. Derivado de outro sub-gênero muito famoso, o cyberpunk, ele é hoje um dos mais lidos e é facilmente identificável.
Siga a @Sybylla_
O que hoje chamamos de steampunk obviamente não começou com esse nome. Obras clássicas da ficção científica hoje possuem essa classificação pois foram escritas e ambientadas no século XIX e no começo do século XX. Os mais expressivos autores cujas obras são deste período são Júlio Verne, H.G. Wells e Mary Shelley. É bem provável que as obras de hoje, daqui cem anos, sejam classificadas em outro sub-gênero de ficção científica, pois já fazem parte do passado.
Mas nem tudo da ficção científica do passado pode ser considerado como steampunk, pode? O próprio nome carrega o steam (vapor), o que nos faz lembrar aquele período das grandes máquinas à vapor, as locomotivas, a industrialização acelerada de uma sociedade encantada com os avanços tecnológicos. A diferença, é que no steampunk, os avanços de hoje como o computador, o celular, as armas, foram adaptadas para a tecnologia da época. Robôs a vapor, naves a vapor, carros, tanques e máquinas, todas a vapor.
Ele é originário do cyberpunk, pois as primeiras obras que surgiram classificadas como steampunk nos anos 80 (o auge do cyberpunk) e começo dos 90, eram contos deste estilo só que ambientados no passado. Párias, ambientes sujos, regimes totalitários, todas elas características super marcantes do cyberpunk tradicional, porém todos no passado. Ao contrário da cibernética, o vapor, mas mantendo o clima noir, underground. Aos poucos, porém, a época das luzes dos séculos passados se infiltrou no steampunk, e hoje ela tem um ar mais otimista e utópico do que seu sub-gênero fundador. Talvez hoje seja um dos poucos sub-gêneros da ficção científica que abordam a civilização por um viés mais otimista.
Não apenas os cenários vitorianos são retratos nas obras, com homens e mulheres usando roupas deste período, porém equipados com aparados "modernos" a vapor. Hoje tem autores ousados ambientando seus enredos até mesmo na Idade Média, com uma pitada da ficção fantástica e especulativa, e com influências do grande HP Lovecraft com nuanças ocultistas, góticas e de terror. Alguns críticos questionam se steampunk é de fato ficção científica ou se seria mais um sub-gênero da ficção especulativa, já que apresenta cada vez mais as características de uma fantasia. Mas acredito que isso não a desvalorize.
A visão do inventor é muito recorrente nestas obras, afinal é ele quem faz a ponte entre a necessidade e a criação, envolvendo toda a tecnologia necessária para seus inventos. Tanto que foi criado o termo Edisonade, em 1993 por John Clute e Peter Nicholls, autores da Enciclopédia de Ficção Científica (em inglês), para enredos baseados em algum brilhante inventor e suas criações. O termo vem de Thomas Edison, um dos mais famosos inventores da história. Contos desta natureza também foram muito influentes para o estabelecimento do steampunk.
Além disso, a arte steampunk tem caído nas graças do público. São cada vez mais frequentes os relógios, acessórios de computador, roupas, todos eles com este toque retrô. É um dos poucos sub-gêneros da ficção científica com apelo tão popular, talvez por não ser visto como tal.
Obras de referência:
Lembrou de mais alguma indicação? Quer contribuir ou comentar? Fique à vontade.
Até mais!
Steampunk. Tenho tanta curiosidade para ler algo do tipo. Já tenho alguns livros, agora só preciso de tempo para lê-los...
ResponderExcluirGostei do texto e agora fiquei mais tentada a ler algo do gênero.