O design de Blade Runner

Uma das coisas que sempre me impressionou neste clássico da ficção científica é o seu ambiente, as formas de prédios, carros e equipamentos e a aparência retrô das coisas, mesmo que o filme esteja situado no futuro. Foi uma produção de arte sofisticada que elevou o filme ao clássico que ele é ainda hoje, parte inerente da ficção científica.

cidade de Blade Runner
Visão grandiosa da cidade de Blade Runner





Pouca gente sabe que Riddley Scott, o diretor de Blade Runner, começou a vida como diretor de arte no Reino Unido e portanto o design era peça importante na sua visão de mundo desta obra de Philip K. Dick. Mesmo não tendo sido o diretor de arte do filme, Scott sabia como manusear os materiais e as câmeras para obter os cenários gigantescos para sua produção. Ele tinha consciência de como as coisas pareceriam na tela e como os atores deviam interagir.

O ilustrador futurista Syd Mead foi o responsável pelo conceito inicial de BR e buscou inspiração nas ilustrações da revista Heavy Metal para compor as paisagens do filme de acordo com o desejo de Scott. A ideia era dar um ar retrô ao que era considerado moderno. Syd tinha que pegar as construções e lhes dar novos materiais e um ar mecânico, retrô, pesado e que parecesse ter função bem definida.

Ao tornar as coisas modernas em retrôs, a mensagem era simples: as pessoas se reutilizavam dos equipamentos, prédios, o que dava esse ar mais antigo a todo o ambiente de Blade Runner. O motivo também era que o consumo era maior que a demanda e a única maneira de manter tudo funcionando era reutilizar e readaptar as antigas tecnologias às novas necessidades.

cidade de blade runner
Uma mistura de velho e novo, cores, neon e o underground das cidades. 

As megaestruturas da cidade tinham 3000m de altura, com vários prédios em volta para dar acesso, parecendo um emaranhado construído aos poucos, de várias maneiras, com materiais diferentes. As ruas apinhadas de gente, comércio, lixo, pulsando com a vida cotidiana não mereciam a atenção devida das autoridades quanto às megaestruturas. A forma não é tão representativa quanto à função e isso fica claro pela ambientação. Isso não é inédito. No final da Idade Média já encaminhando para a Moderna, várias cidades começaram a subir, construindo prédios cada vez mais altos para se afastar da vida mundana das ruas, cheias de lixo, mal cheirosas, com muitas pessoas.

O underground das cidades é levado ao extremo, com o exagero nítido em cores e intensidade. O neon, o brilho do raio laser, as roupas espalhafatosas, uma mistura do noir com o futuro, característica marcante dos exageros dos anos 80, com o consumo desenfreado. Os restos do consumo desenfreado são vistos ainda hoje. Em Blade Runner, o capital é largamente utilizado pelos conglomerados empresariais que o empregam na exploração de mundos distantes, enquanto a população desafortunada convive com a pobreza. O modo como foi colocado no filme é muito marcante e bem distinto, mostrando essa diferença social. Basta ver as cenas das ruas e as cenas dos megaprédios empresariais.

underground de blade runner
Carro-voador, marca registrada.

Mesmo que hoje não tenhamos as megalópoles previstas na ficção científica, o modo como foram retratadas nos mostra o que poderia ou não ter sido se seguíssemos essa tendência. Sabemos que as cidades estão apinhadas, super lotadas, com diversos problemas, mas vemos mudanças acontecendo que não nos levam para este mundo underground extreme de Blade Runner.

Considerado por muitos designers como "arte cinematográfica pornográfica" por sua super exposição desta parte decadente das cidades, Blade Runner é um clássico, representando uma vanguarda como nenhum outro filme. Marcou gerações e ainda é uma referência em trabalhos do gênero.

E você, o que acha? É fã de Blade Runner? Deixe seu comentário, até mais!

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Comentários

  1. Olá. Fui ler este 'post' muitos anos depois de ele ser escrito. E gostei muito. Sempre admirei muito o 'design' - não só visual - do filme e como ele se ajustava bem à narrativa, como se fosse mais um personagem. Claro que imaginava que muito viesse da cabeça de Ridley Scott, mas eu não sabia que ele havia sido diretor de arte. Obrigado e abraço!

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