Sim à exploração do espaço

Astronauta
Com a chegada do rover Curiosity ao planeta Marte, muito entusiasmo rodou pelas redes sociais. Os fãs da exploração espacial, da ciência, da tecnologia e da astronomia se deliciam com as imagens do planeta e com toda a tecnologia envolvida no rover, enviado de maneira impressionante para o planeta vermelho. O que realmente enche o saco em tudo isso é o povo que insiste que a exploração do espaço é perda de dinheiro, de tempo ou ainda pior, que não passa de conspiração governamental. Já deu, né?



Se já não bastasse toda a questão das teorias de conspiração sobre a ida do homem à Lua, o pessoal agora é adepto à ideia de que o homem nunca mandou nada ao espaço, o que dirá à Marte. É tudo Photoshop.  Além disso, uma imagem andou circulando por aí, onde alguém se lamenta de terem gasto US$ 2,5 bilhões para o programa para procurar vida no planeta vermelho, quando deveriam olhar para as vidas que existem aqui, que deveriam usar esse dinheiro para combater à fome, blábláblá.

Rover Curiosity
O que eu fiz? 

Não estou dizendo que as pessoas não devam acreditar na paranoia que quiserem. O que verdadeiramente me irrita é que primeiro, eles sequer buscam informações para saber as verdadeiras causas da fome no mundo. Segundo, desmerecem todos os seres humanos que trabalharam na missão, que construíram o rover e que mostraram do que a boa vontade e a ciência são capazes de fazer, pois todo mundo trabalhou e estudou muito para isso acontecer. E terceiro, estão tão desesperadamente procurando algo para criticar, que criticam o avanço da ciência em si, que tanto já nos deu.

Fome no mundo NÃO É problema de produção de alimentos e certamente US$ 2,5 bilhões não resolverão a miséria humana que é passar fome, já que o valor é alto demais para qualquer nação conseguir arcar. A fome no mundo é principalmente causada por guerras, conflitos, genocídios e principalmente por má distribuição de alimentos e de renda. Mohammed Farah Aidid, presidente não reconhecido da Somália nos anos 90, causador de um gravíssimo quadro de fome e inanição por seu país, interceptava e roubava os caminhões da ONU carregados de alimentos com suas milícias super bem armadas e causou 300 mil mortes. O episódio foi retratado no filme Falcão Negro em Perigo.

Se alguém de fato quer que os produtos cheguem à mesa de alguém, pare de jogar fora 30% de tudo o que é comprado no supermercado no lixo, pois isso evita o desperdício. Consuma produtos regionais, seja voluntário nos programas de combate à fome pelo mundo, se mobilize, faça a diferença no dia a dia, mas não culpe um engenho e a tecnologia que já mudaram e muito a vida da raça humana.

Guerras, má distribuição de renda, tudo isso causa a fome, mas não o Curiosity. 

No livro de Arthur C. Clarke O Fim da Infância, os alienígenas chegam à Terra e impõem uma condição para manter contato conosco: o fim das guerras e de todas as forças armadas do mundo. E o que aconteceu? Fome, miséria, acabaram, pois o orçamento ganhou um incremento altíssimo com o fim das guerras. Quando os Estados Unidos declararam que a "guerra" no Iraque terminou, eles também anunciaram o custo com ela: US$ 802 bilhões. Quantas missões para Marte daria para enviar com esse valor? E o principal, quantas crianças deixariam de morrer de fome se esse dinheiro, ao invés de manter tropas em um país estrangeiro, fosse utilizado para acabar com a fome e com a miséria?

Guerra não é lugar de criança.

O problema da miséria da vida humana não é culpa do Curiosity. É culpa da própria raça humana que insiste em matar uns aos outros e manter seus indivíduos em uma condição degradante. Não é culpa do ralo orçamento dado à ciência e tecnologia que são as primeiras áreas dos governos a sofrer cortes em casos de crise. Mas era de se esperar esse tipo de pensamento de uma raça que entende que guerra é melhor que comida.

Até mais.

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