Ficção científica e o presente

Ficção científica ainda é conhecida como um gênero para nerds. Só a gente mesmo para saber o que é motor de dobra, elo mental, FTL drives e como funciona o Stargate. Mesmo que hoje seja algo bem descolado e cool ser nerd, são poucos que se aprofundam no nerdismo e inclusive no gênero que tanto nos agracia: a ficção científica.

Ficção científica e o presente




Em outra postagem eu tinha dito que para mim - e para os leitores que comentaram - a ficção científica não morreu. Ela apenas está passando por um período letárgico de renovação, de aquisição de novos leitores e de criação de novas obras. Mas o mundo não vai parar para que essa inovação esteja pronta. Enquanto os escritores estão queimando pestanas para botar seus enredos para funcionar, o futuro já chegou.

Você não precisa mais ler uma obra clássica de ficção científica ou assistir a uma, para saber como é o futuro. Basta assistir ao jornal e (se tiver sorte) você verá sobre o transplante de rosto ou sobre a sonda New Horizons se aproximando de Plutão. Siga no Twitter as páginas mais recentes de ciência, espaço e tecnologia e você poderá acompanhar em tempo real a passagem de meteoros, cometas e assistir aos eclipses ao redor do mundo. Saque seu celular e ligue para um amigo para contar as novidades, como Kirk, Spock e companhia fizeram várias vezes na série clássica de Jornada nas Estrelas. Use seu tablet ou e-reader, imitando o capitão Picard em seu gabinete.

Ou seja, não precisamos mais dos enredos para ver as maravilhas acima citadas, pois eles se fazem hoje presentes. Algumas obras conseguem se manter atuais como Farenheit 451, 1984, Admirável Mundo Novo, mas outras, ainda mais no cinema, parecem algo antigo e até patético, se olharmos todas as inovações que temos hoje. As futuras gerações não mais viverão num mundo sem internet. No entanto, muitas das obras de FC da atualidade, incluindo os três grandes clássicos acima não são enredos de alta tecnologia. São enredos distópicos que mexem com o mais básico do ser humano: sobrevivência, liberdade e individualidade. Não vemos romances ou livros que retratem o Facebook como o personagem principal, ou o Twitter como protagonista. Nossas obras são mais sociais do que tecnológicas.

Acredito que seja esse o principal motivo para a ficção científica ainda ganhar espaço cativo em muitas prateleiras de fãs. Não significa que só porque vivemos em mundo onde a tecnologia impossível do ontem se faz hoje presente e banal que inovações ainda mais surpreendentes não virão. Elas virão e estão por aí nos laboratórios e nos livros que serão lançados, pois ainda irá nascer uma geração de escritores que verá longe para criar novos cenários. Sem contar na questão social, o básico do ser humano sendo explorado em condições diversas. Um exemplo recente que captou o mundo jovem é Jogos Vorazes, um mundo distópico onde jovens se matam em arenas para o deleite do público, e sem a alta tecnologia que parece ameaçar a ficção científica.

Algo surpreendente sempre será criado pela mente humana. Sempre poderemos virar a esquina e encontrar coisas fantásticas, maravilhosas, alta tecnologia e as mazelas do ser humano. Isso é o presente, claro, nós já vivemos tudo isso, mas o futuro ainda precisa ser construído e muito mais está por vir.

Até mais!


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