Não é de hoje que a ciência se pergunta se é possível existir vida baseada em silício. A ficção científica costuma se valer deste elemento químico para originar seres exóticos, como Arquivo X, Jornada nas Estrelas e Stargate fizeram. No entanto, ao falarmos de silício muita gente pensa que estamos falando de computadores ou de mulheres siliconadas. Ou até mesmo de vida sintética, como robôs e androides. Na verdade, estamos tentando imaginar se existe outro elemento tão versátil como o carbono capaz de gerar formas de vida.
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Para começar, o que é o silício (Si)? Ele é um elemento do mesmo grupo do carbono, isolado por Berzelius em 1824. Apesar de ser encontrado em 27,7% da crosta terrestre, ele não é comumente encontrado em estado puro sendo que é o segundo elemento mais abundante do planeta depois do oxigênio (O). O ser humano se vale dos compostos de sílica desde muito cedo na história das civilizações, fabricando utensílios com base em sílex, argila, quartzo e areia.
Pelo fato de ser do mesmo grupo do carbono, eles partilham muitas características: praticamente inertes à temperatura ambiente, são reativos com os elementos halógenos e com alguns metais quando aquecidos. Compostos de silício estão presentes na atmosfera, na água, plantas, ossos, carapaças, tecidos e fluídos de muitos animais.
Veja aqui a Tabela Periódica.
E por que tanto se fala de vida baseada em silício? A vida como conhecemos é toda ela baseada em um elemento, o carbono (C). E este carbono tem a capacidade de se ligar a quatro átomos diferentes (estabelecendo assim combinações moleculares), em quatro direções diferentes, estabelecendo fortes ligações e longas cadeias e anéis de carbono estáveis.
O Si é o elemento mais semelhante ao C, pois também tem a capacidade de se ligar a quatro átomos em quatro direções diferentes. A única diferença entre ambos é que o C é menor, que é o que torna suas cadeias e anéis bastante estáveis, ao contrário do Si.
Mesmo que esponjas e diatomáceas aqui na Terra tenham seus esqueletos e carapaças formadas por sílica, que contém silício, a vida cujo único elemento seja o Si, teria que se desenvolver em condições especiais. Este elemento é rapidamente destruído ao entrar em contato com o oxigênio (O), ao contrário do carbono e seus compostos são em geral sólidos.
O C por sua vez possui compostos em geral líquidos ou gasosos. E já que nossos hormônios e fluídos também possuem este elemento na composição, é difícil imaginar que tipos de ligações químicas seriam necessárias para desenvolver um composto de sílica líquido capaz de interagir com moléculas orgânicas para gerar vida. Já aqui teremos outro problema: compostos de sílica são muito menos solúveis em água do que os de carbono.
Outro problema é que a sílica não é um gás e sim um sólido. Para poder circular no ambiente ela teria que ser um pó extremamente fino ou um ácido. Isso tornaria a fotossíntese (pelo menos como conhecemos aqui) quase impossível, sem contar o fato de que Si e O possuem afinidade química. Seria necessária uma grande quantidade de energia para dissociar os dois, o que também demandaria uma maior intensidade da luz solar, fatal para a vida como a nossa, por exemplo.
Vida? |
Ou seja, a vida poderia ser tão exótica ou diferente, que é possível que no futuro nos deparemos com ela e não a reconheçamos. Como o universo é grande demais e também desconhecido, não seria surpresa se isso acontecesse.
Até mais!
A vida nos surpreende o tempo todo mesmo aqui dentro do nosso planetinha, é só dar um "tempo" que esbarraremos em formas de vida diferentes da nossa. Ainda somos crianças olhando para cima, paciência e pesquisa são as chaves para esses encontros. Adoro o blog Lady Sybylla.
ResponderExcluirP.S.: Toda vez que leio "vida baseada em silício" penso em The Andromeda Strain e no seriado Threshold.
Você leu "A Tabela Periódica" do Primo Levi? É um livro maravilhoso!
ResponderExcluirO post me trouxe lembranças de A Espada da Galáxia, de Marcelo Cassaro.
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