Acho que peguei o gancho das blogagens coletivas que falam de livros e fui lembrando de vários deles ao longo de 31 primaveras. Até bateu uma saudades destes tempos...
- Blogagem coletiva: por que eu gosto de ler livros?
- Blogagem coletiva 2: meu personagem favorito de livro
- Blogagem coletiva 3: em Fahrenheit 451 que livro você seria?
- Blogagem coletiva 4: o que leva você a comprar um livro?
O primeiro livro que ficou guardado na memória, eu tinha 8 anos e estava na 2ª série de um colégio de freiras. O livro se chamava Cavalgando o Arco-Íris, do Pedro Bandeira, sugestão da professora Rita. E eu o tenho até hoje. Lembro que eu lia na perua da escola enquanto voltava para casa ou enquanto ia para o colégio e gostava tanto das rimas e das cores do livrinho que nunca consegui me desfazer dele. Hoje ele está meio amarelado e com marcas da minha letra infantil, mas permanentemente na estante.
Outro livro que ficou na minha cabeça foi O Menino no Espelho, do Fernando Sabino. Essa indicação foi do professor Gustavo, meu querido professor de Redação, que me ensinou a escrever e me ensinou a viver. Foi um dos livros do bimestre na 5ª série, aquelas leituras obrigatórias que todos tínhamos. Lembro como foi divertido entrar na mente de um garoto que precisava encarar a realidade, mas também precisava sonhar, viajar e viver aventuras, nem que fosse em seu quintal. Me identifiquei muito com algumas das brincadeiras do menino.
Não sei bem como, mas o livro seguinte foi Sete Gritos de Terror, do Edson Gabriel Garcia. Acredito que eu o vi numa livraria pequena que tinha na rua Lacerda Franco, em Pinheiros, aqui na capital paulista. Hoje ela nem existe mais, mas eu costumava entrar ali antes de surgir o grande Áttica Shopping, que hoje é a FNAC. O livro me chamou a atenção pelo título e quando abri vi que eram vários contos de terror, com fantasmas, defuntos, contos de dor e vingança. Eu já devia estar na 8ª série e lembro que levei o livrinho para a praia e ele quase foi destruido pela água do mar quando minha mãe sentou em cima dele!
Quando eu estava no 1º ano do ensino médio, ainda no mesmo colégio, a professora sugeriu Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Começamos a ler livros mais complexos nesta época e fiquei com medo de não entender um grande clássico. Lembro que o livro me causou uma tristeza muito grande, pois o personagem era incompreendido, um louco, mas um visionário, perdido em devaneios num viagem que não parece clara para o leitor, mas é muito clara para o cavaleiro, que enfrenta moinhos de vento.
Por reveses da vida, precisei terminar o ensino médio na suplência numa escola pública e à noite. Dinheiro curto, pegando carona em ônibus para estudar, tudo o que eu tinha eram 6 reais para comemorar meu aniversário de 20 anos, que o cara da padaria me deu de troco e errado. Entrei no supermercado Carrefour que fica aqui perto de casa e encontrei uma liquidação de livros. E tinha um chamado O Mestre de Quéops, de Albert Salvadó, por... 6 reais! Comprei e fui andando para casa lendo. O livro conta a história de um homem que nasceu escravo, autodidata, que aprendeu a calcular, aprendeu a filosofia e se tornou o tutor dos filhos do faraó e consequentemente do faraó Quéops. Por algum motivo, o livro me marcou muito...
Eu já estava na faculdade quando o livro Guerras por Água, de Vandana Shiva surgiu numa aula de Hidrologia do professor Rubens. Ela conta como este recurso é pano de fundo de muitos conflitos pelo mundo e como grandes empresas transformaram a água numa mercadoria. Ela cita o exemplo da Índia, onde barragens e represas substituíram os sistemas milenares de captação de água e transformaram terras aráveis em desertos insalúbres. Acho que o livro me deu uma dimensão que eu não tinha. Até troquei a borracha da torneira quando cheguei em casa.
E um livro que levei um mês inteiro lendo mas que foi sem dúvida um dos melhores e mais impactantes, foi Colapso, de Jared Diamond. O biogeógrafo já era um dos meus autores prediletos quando li Armas, Germes e Aço, mas Colapso mostrou como civilizações colapsaram porque não mudaram costumes ou não se adaptaram às condições do meio ambiente. Mostra como certos hábitos acabam com tradições regionais e levam a situações extremas, como a seca na Austrália, o desmatamento que acabou com a civilização Rapa Nui na Ilha de Páscoa e como os vikings na Groenlândia e na Terra Nova pereceram.
É isto. Vida curta, muitos e muitos livros, mas alguns bem marcantes como estes.
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