Resenha: Poeira Lunar, de Arthur C. Clarke

Dos autores clássicos de FC, Arthur C. Clarke tem a narrativa que mais me agrada. Ele tem seus problemas, suas personagens fracas e previsíveis, mas no geral gosto das ideias e das visões de futuro dele. Poeira Lunar é o antigo Náufragos de Selene, um clássico da FC, relançado pela Editora Aleph.





Este livro foi uma cortesia da Editora Aleph



O livro
Publicado em 1961, ou seja, antes da missão da Apollo 11, o livro nos traz uma sociedade que colonizou a Lua, onde uma população residente praticamente conhece pouco sobre a Terra. Turistas que podem pagar são bem-vindos a conhecer os mares de poeira da Lua. Na época em que foi escrito, havia uma possibilidade apavorante que qualquer veículo que pousasse na Lua afundasse na poeira fina feito talco do nosso satélite. E este era um assunto que fascinava Arthur C. Clarke


Com essa premissa em mente, Clarke cria a nave Selene, um cruzeiro de poeira que leva turistas abastados pela Lua, passando por algumas de suas principais atrações, meio que "surfando" pelos mares de poeira. Todas as apresentações de praxe de uma tripulação são feitas para os passageiros e a viagem começa. Mais uma viagem de rotina para o capitão Pat Harris.

Até que um evento tectônico em um dos mares de poeira praticamente engole a Selene. Fina como talco, movendo-se como água, a poeira engolfa a embarcação rapidamente. Quando o sinal de emergência acende nas autoridades, já é tarde demais. A nave desapareceu e corre o risco de nunca ser encontrada naquela imensidão poeirenta da Lua. É aí que brilhantes mentes terão que atuar juntas para poderem encontrar uma maneira de resgatar a tripulação e seus passageiros que correm o risco de morrer intoxicados por dióxido de carbono ou até cozidos no calor não dissipado do casco da Selene. Em que lugar da Lua poderiam estar?

Mais cedo ou mais tarde, a raça humana encontraria inteligências vindas de outros lugares, acreditavam os astronautas. Esse encontro podia ainda estar bem distante, mas, enquanto isso, os hipotéticos 'alienígenas' faziam parte da mitologia do espaço e levavam a culpa por tudo o que não se podia explicar de outra maneira.

Página 57

Estou bem acostumada com algumas falhas de Clarke, especialmente na construção de personagens. Com relação à ciência, ainda que fictícia, não tenho problema algum. Só que a narrativa dele neste livro se arrasta. Ainda que apareçam tiradas sarcásticas agradáveis e comuns em alguns momentos, não lembro de ter sentido tanto sono na hora de ler um livro de Clarke como esse aqui. A tradução está boa, a diagramação perfeita, praticamente não há erros de revisão nele, mas algo errado não está certo. O livro não empolga, quase não prende você até o final e tudo o que eu queria era que acabasse logo.

A edição da Aleph está muito bonita, com o sobrenome do autor destacado na capa e é a única edição física de um livro do Clarke que eu tenho, pois os outros livros dele eu li em ebook ou eram edições emprestadas de amigos. Ainda que não tenha me cativado, gostei muito da ideia de um "mar de poeira" na Lua e imagino o terror de muitos astrônomos e engenheiros aeroespaciais na hora de pensar nas naves e sondas que pousariam no nosso satélite natural.


Ficção e realidade
Logo no início do livro existe um prefácio de Clarke contando sobre a ideia geral e sobre como a ciência dos anos 1960 temiam a tal poeira lunar, que poderia ser causada pela mudança de temperatura entre dia e noite, por milhares de anos, capaz de transformar as rochas lunares em uma poeira fina. As missões Apollo provaram que a Lua, na verdade, era um osso duro de roer, pois até tubos de sondas para coletar materiais eram difíceis de inserir no solo.


Mas Clarke manteve sua visão e sua história. Quem é que garante que nos 40 milhões de km2 da Lua não exista uma cratera cheia de poeira fatal? O autor também avisa que a ideia de um mar de poeira não é originalmente dele, mas sim de James Blish, que menciona em um de seus contos sobre esquiar nos mares de poeira na Lua.


Pontos positivos
Se passa na Lua
Mar de Poeira
Náufragos de Selene
Pontos negativos

É chato e cansativo
Devagar

Título: Poeira Lunar
Título original em inglês: A Fall of Moondust
Autor: Arthur C. Clarke
Tradutor: Daniel Lühmann
Editora: Aleph
Páginas: 304
Ano de lançamento: 2018
Onde comprar: Amazon

Avaliação do MS?
Ah, Clarke, que pena que este livro não deu certo entre nós. Mas nosso relacionamento não fica abalado por causa disso. Adorei a ideia, apenas a execução que ficou a desejar, infelizmente. Recomendo para aqueles que são fãs incondicionais do Clarke, porque a edição está muito bonita e bem traduzida. Três aliens para ele.



Até mais! 🌕


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