Resenha: Legião, de Peter William Blatty

A continuação oficial de O Exorcista, um dos grandes clássicos do terror! Os fãs de uma das mais icônicas histórias de horror e sobrenatural sentiam falta dos elementos que elevaram O Exorcista a um nível de clássico imediato. Aqui o foco é na investigação de uma série de assassinatos brutais e aparentemente sem sentindo, que traz a assinatura de um assassino que já morreu faz tempo. Ou é o que acham.

Parceria Momentum Saga e editora DarkSide

O livro
Então Jesus lhe perguntou: 'Qual é o seu nome?'. 'Meu nome é Legião', respondeu ele, 'porque somos muitos.'

Marcos 5,9

Dez anos depois do exaustivo exorcismo de Regan MacNeil, o detetive William F. Kinderman começa a investigar uma série de assassinatos bizarros. O primeiro deles é a crucificação de uma criança de apenas 12 anos. A cena perturba o detetive, que percebe haver algumas similaridades ao modus operandi de um famoso assassino: o Geminiano.


Só tem um problema: o Geminiano está morto. Então das duas uma: ou a morte do Geminiano foi uma farsa ou alguém está imitando o assassino serial, o que não é tão incomum. Apesar de termos a visão do detetive quase que o tempo todo, a história salta de um personagem para o outro, como um neurologista cuja vida vazia está se tornando insuportável, um paciente da ala psiquiátrica, um psiquiatra idiota com comentários ainda mais idiotas.

As vítimas do Geminiano - obviamente inspirado nos crimes do Zodíaco - se acumulam. Kinderman e seus colegas passam a investigar pessoas que estavam no local dos assassinatos, investigam álibis e históricos, e algo os leva até a ala psiquiátrica de um hospital. O desafio que se estende à polícia é imenso: como os crimes estão conectados se o assassino original já morreu? Se é um imitador, como ele pode saber detalhes tão específicos?

Kinderman volta e meia divaga sobre a existência do mal, de Deus, tentando entender as motivações deste copiador do Geminiano, interrompendo a conversa ou procedimento da investigação para ficar falando e falando, falando. Essas divagações do detetive começaram a se tornar insuportáveis conforme eu prosseguia a leitura. Em alguns momentos fiz leitura dinâmica, porque enche mesmo o saco e a narrativa acaba se arrastando.

Alguns eventos que aconteceram em O Exorcista são explicados ou reaparecem neste livro, então quem já leu vai reconhecer algumas coisas de imediato. As descrições dos crimes são bem detalhadas e vívidas, algumas pessoas podem se sentir incomodadas com a visão sangrenta trazida para as páginas. O mal aqui não é tão sobrenatural e evidente quanto é em O Exorcista. O autor optou por trabalhar o mal por outro viés e só depois aproximar os crimes do poder sobrenatural. Mais do que isso e eu posso entregar alguns spoilers!

A edição da DarkSide tem o perfeccionismo diabólico da editora. A capa vermelha endiabrada me rendeu olhares esquisitos no trem enquanto lia, admito. O trabalho do miolo também está perfeito. Encontrei poucos erros de revisão ou tradução.

Será que o problema do mal no mundo tinha sido criado de propósito? Será que a alma vestia um corpo como os homens vestem trajes de mergulho para poderem entrar no oceano e trabalhar nas profundezas de um mundo estranho? Será que nós escolhemos a dor que sofremos com inocência?

Página 89

Obra e realidade
Que o ser humano é capaz de atrocidades, isso a gente já sabe. O longo histórico de matanças e populações dizimadas, mortes sem sentido, brutalidade, levaram à humanidade a acreditar em deuses da guerra, do mal, na presença do sobrenatural, até a atribuir a maldade apenas e exclusivamente a entidades, espíritos ou ao próprio diabo.

Algumas pessoas dizem que nós já nascemos maus. Outros que somos inerentemente bons. Mas acredito que na real mesmo somos indiferentes até que isso importe. É claro que existem pessoas brutais, psicopatas que matam, soldados que seguem ordens de assassinato, gente traumatizada demais e dissociada de si, capaz de cometer crimes. No entanto, o ser humano é também um fruto do meio e muitos fatores podem determinar seu caminho, seja para o bem ou para o mal.

Peter William Blatty

William Peter Blatty foi um escritor e cineasta norte-americano.

Pontos positivos
Continuação do Exorcista
Divagações sobre o bem e o mal
Capa e diagramação
Pontos negativos
É lento
É chato


Título: Legião
Título original: Legion
1. O Exorcista
2. Legião
Autor: Peter William Blatty
Tradutor: Eduardo Alves
Editora: DarkSide
Ano: 2017
Páginas: 320
Onde comprar: Amazon ou na loja da DarkSide!

Avaliação do MS?
Apesar de ser bem escrito, detalhado e uma continuação de um clássico, muita gente vai se decepcionar com Legião, por esperar o mesmo clima de O Exorcista. Aqui o foco é nos crimes, na investigação criminal, é um romance policial com pitadas de sobrenatural, então se prepare para encarar longas e detalhadas páginas a respeito. Prepare-se também para as intermináveis e absolutamente insuportáveis divagações do detetive Kinderman, que é o que mais me cansou na leitura. Três aliens para Legião.


Até mais!

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