As supercivilizações

Esta semana que passou saiu uma notícia desanimadora para os fãs de contatos alienígenas. Os cientistas dizem que as supercivilizações alienígenas que emitam uma estranha assinatura de infravermelho podem não existir em lugar algum do universo. As galáxias que sinalizam essa assinatura parecem fazer isso normalmente, ou seja, as causas são naturais.



As supercivilizações

Uma supercivilização teria milhares ou milhões de anos de idade e consumiria uma quantidade incomensurável de energia. Por isso seria possível, hipoteticamente, encontrá-las pelo espaço a partir da assinatura energética de suas estruturas. Os níveis de energia já foram explicados aqui no blog no post que fala sobre a Escala de Kardashev, criada em 1964 pelo físico russo Nikolai Kardashev e corrigida anos depois por outros cientistas, inclusive Carl Sagan. Kardashev se inspirou em uma apresentação sobre Giorgano Bruno, quando tinha 5 anos, no Planetário de Moscou.

Michio Kaku acredita que, embora a civilização humana tenha apenas recentemente começado a dominar algumas energias planetárias, como combustíveis fósseis, energia solar, eólica, geotérmica e fissão nuclear, quem sabe até quebrando átomos no futuro, em um ou dois séculos nós chegaríamos ao primeiro nível da escala de Kardashev. Se continuarmos nesse ritmo, levaremos 3200 anos para chegar ao nível 2 e mais 5800 no nível 3. É.

Um estudo conduzido com base nos dados do satélite Wise, da NASA, parte da pesquisa do G-HAT, sigla para Glimpsing Heat from Alien Technologies, ou Detectando Calor de Tecnologias Alienígenas, varreu o céu no infravermelho analisando a luz de cerca de 100 mil galáxias, e não chegou a nenhuma conclusão óbvia. Os estudos fora inconclusivos. Mas a ideia da pesquisa é muito boa. Uma civilização super desenvolvida e avançada colonizaria uma galáxia inteira e a energia produzida por suas tecnologias seria detectável pelo infravermelho médio. E é essa a radiação que o Wise está programado para detectar.

Eles tinham 50 galáxias na mira por causa da emissão um tanto estranha de infravermelho. Era uma emissão muito alta e alguns cientistas diziam que poderia ser de uma fonte artificial. Porém, afirmações extraordinárias precisam de provas extraordinárias e desta forma o estudo foi refeito, com maior profundidade pelo físico Michael Garrett, do Instituto para Radioastronomia da Holanda, cujo artigo foi aceito pela revista Astronomy and Astrophysics.

A tal emissão bizarra de infravermelho não era de homenzinhos verdes super avançados e sim poeira estelar aquecida em regiões de intensa formação estelar, evento corroborado pelas emissões de rádio das mesmas galáxias. Tchau aliens! Ou não.

Não temos como comparar padrões de civilização a não ser com a gente mesmo, o que em si é um grande problema. A vida é extremamente diversificada e habita os lugares mais inusitados aqui mesmo no nosso planeta. O que dizer de civilizações por aí? Uma civilização 500 mil anos mais velha que a raça humana - e vamos concordar que para o padrão do universo esse número é ridículo - pode nem mesmo ser semelhante a nós. Pode estar acima de qualquer nível de compreensão e ser irreconhecível como uma forma de vida inteligente.

Talvez isso também mostre que há um limite energético para uma civilização. Nós precisamos de grandes quantidades de combustível para tudo. É só ver o quanto se gasta com os foguetes que levam suprimentos, equipamentos e tripulação para a Estação Espacial Internacional que tá logo ali! Imagine se lançar para colonizar a galáxia?

Esfera de Dyson

Alguns cientistas imaginam que uma supercivilização poderia construir uma Esfera de Dyson capaz de usar a energia de uma estrela inteira. Imagine quanta energia do Sol é emitida para o espaço e na pequena porção que chega à Terra? Eles então construiriam uma mega esfera capaz de encapsular toda uma estrela e assim ter 100% de aproveitamento. Isso seria energia suficiente para suprir seu maquinário. Mas ainda assim ela emitira um infravermelho esquisito e como nada foi encontrado, bem...

Como o próprio autor do estudo, Michael Garrett diz:

Talvez civilizações avançadas sejam tão eficientes energeticamente que produzam muito pouco calor de dissipação - nosso entendimento atual da física torna isso uma coisa difícil. O que é importante é continuar procurando as assinaturas de inteligência extraterrestre até que entendamos completamente o que está acontecendo.

Acho bom que esse tipo de estudo continue. São estudos sérios, não é pseudociência. Mas para os mais apaixonados por contatos alienígenas isso talvez seja desanimador. Pode ser que essas supercivilizações tenham se destruído ou sido extintas antes que pudessem chegar ao nível energético - e já considerado ultrapassado - exigido pela Escala de Kardashev. Pode ser até que eles tenham criado uma maneira de não deixar sua assinatura de energia por aí para que raças beligerantes e menos evoluídas (tipo a gente) os encontrem.

Ainda assim, acho que o estudo abre novas possibilidades e quem sabe inspire a ficção científica a criar novos seres além da compreensão. O contato pode já ter acontecido, mas como não podemos reconhecer os aliens, eles acharam que somos seres de pouca inteligência. Vai saber!

Até mais!


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