Resenha: The Long Way To a Small, Angry Planet, de Becky Chambers

Eu fiquei completamente apaixonada por esse livro! Não sei bem como que o encontrei, deve ter sido alguma indicação em um blog gringo, mas a capa, a sinopse, o fato de ser uma autora, acabaram me comprando e devorei o livro. Esta é uma jornada sobre pessoas, seus conflitos e, principalmente, seus amores.

Leia a resenha da versão em português!

O livro
Wayfarer é uma nave de tunelamento. Ela é contratada para construir wormholes em sistemas estelares e assim encurtar distâncias no transporte interestelar. Sua tripulação é composta por 8 pessoas, mas a maioria diz que são só 7, porque não contam a IA da nave, Lovelace, chamada carinhosamente de Lovey. É uma tripulação composta por humanos: o capitão Ashby; o algeist (responsável por algas, um combustível) intragável chamado Corbin; os técnicos, Kizzy e Jenks; e Rosemary Harper, fugindo de Marte, com algum tipo de segredo, contratada para ser a escriturária do capitão; e os aliens: uma Aandrisk, segunda em comando, chamada Sissix; um Grum, apelidado de Dr. Chef, médico e cozinheiro; e um par Sianat chamado Ohan, mas que é tratado no plural e o único entre a tripulação que pode ver o espaço-tempo em toda a sua complexidade.

Resenha: The Long Way To a Small, Angry Planet, de Becky Chambers

Por que é necessário apresentar todos esses aliens e humanos que vivem em harmonia sob a GC (Galactic Commons, uma espécie de Federação de Planetas Unidos)? Porque a longa jornada a qual o livro se refere é sobre eles. O pequeno e raivoso planeta do resto do título acaba como coadjuvante diante das aventuras e situações pelas quais os personagens passam. A jornada é deles, dos seres incríveis destas páginas, das relações interespécie e das histórias de cada um deles.

A Wayfarer pega uma missão de construir um novo wormhole que ligará um planeta perto do núcleo da galáxia e pertencente à uma raça beligerante até espaço da GC. Enquanto a nave ruma para o local, a tripulação passa por todo o tipo de situação. Cada personagem ali é finamente trabalhado e temos visões incríveis dos Aandrisks, por exemplo, que lembram dinossauros pela descrição da autora, e que são extremamente curiosos com os humanos.

Dr. Chef é uma simpatia e, naquele momento, é macho. Mas infelizmente sua raça está em processo de extinção e são poucos os Grums viventes. Ohan é um dos mais fascinantes: sua espécie é infectada por um vírus que torna suas mentes capazes de observar o espaço-tempo de maneira que outros não podem. Desta forma, infectados, passam a ser designados no plural. Isso faz deles os membros mais importantes para a missão, já que podem fazer cálculos que ninguém pode.

Apesar de o livro começar com a visão de Rosemary assim que ela chega à Wayfarer, não ficamos restritos à sua visão. Ao contrário. Pulamos entre os capítulos para conhecer a vida dos outros. O capitão Ashby, por exemplo, tem um romance com uma Aeluon, uma das raças mais admiradas na GC por sua beleza e sutileza, que se comunicam por cores nas bochechas e não por voz. O universo criado por Chambers neste livro é otimista. Temos companheirismo, temos amor e amizade, coisas que geralmente vemos em séries e não em páginas de livro.


Ficção e realidade
O que mais espanta aqui são as relações entre os indivíduos. Não dá para dizer exatamente relações humanas, pois mesmo sendo aliens tão absolutamente diferentes uns dos outros, até mesmo humanos irritantes e intragáveis como Corbin, essa tripulação não consegue viver separada. Em tempos de ódio intenso rolando nas comunidades de ficção científica, The Long Way To a Small, Angry Planet nos mostra uma humanidade pacífica, que convive com aliens na boa e ainda constrói wormholes.

O relacionamento entre os personagens, a camaradagem, a amizade e o amor são uma excelente alegoria para todos os problemas que temos no mundo real, onde gays apanham por serem gays, onde genderfluid lutam para ter reconhecimento, onde travestis são vistos como abominação. Chambers prova que viver com as diferenças não só é possível como uma obrigação, afinal não existe padrão na raça humana, tampouco no universo.

Becky Chambers
Becky Chambers é uma premiada escritora norte-americana de ficção científica.

PONTOS POSITIVOS
Tripulação
Aliens
Relações interespécie
PONTOS NEGATIVOS
Nenhum!


Título: The Long Way To a Small, Angry Planet
Autor: Becky Chambers
Editora: Tor Books
Ano de Lançamento: 2014
Páginas: 608
Onde comprar: Amazon

Avaliação do MS?
O livro foi financiado com sucesso no Kickstarter e conquistou os fãs pela narrativa e pelos personagens cativantes. Tem tantas coisas acontecendo nestas páginas que fica difícil fazer uma resenha de apenas um dos fatos. A jornada de amizade e companheirismo é tão intensa que o livro terminou e fiquei com saudade dos personagens. Espero que a ficção científica possa mostrar mais personagens como estes. Cinco aliens para o livro e uma forte recomendação para que você também leia!


Até mais!

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