Resenha: The 100, Os Escolhidos, de Kass Morgan

O livro que inspirou a série de televisão The 100 conta a história de refugiados em três naves e 100 delinquentes esperando o perdão ou a execução. É mais uma distopia adolescente que, muito provavelmente, será composta por uma trilogia e que peca em vários pontos, apesar de ter coisas muito interessantes na narrativa.



O livro
Uma guerra nuclear assolou o planeta, deixando-o inabitável. A solução para salvar o que restava da humanidade foi em ir para o espaço. Três naves, Walden, Arcadia e Phoenix, se tornaram o lar dos sobreviventes, mas assim como na Terra, ela tem suas divisões sociais. Tudo nelas é rigoroso, como o controle da natalidade, pois não há espaço para todos e as leis são bastante rígidas, onde os crimes costumam ser punidos com a morte. Se a pessoa é menor de idade, ela fica presa até os 18 anos, onde pode receber o perdão ou então execução.

Resenha: The 100, Os Escolhidos, de Kass Morgan

Clarke é uma adolescente e presidiária. Ela sabe que o tempo está passando e que o momento do seu perdão, ou execução, se aproxima. Mas o que o médico realmente queria não poderia ser mais surpreendente. Ao invés de morrer, ela e mais 99 presidiários serão enviados para a Terra. Ninguém das naves saberá de nada, os pais serão avisados depois, isso se a missão der resultados, pois até onde se sabe, a superfície continua extremamente tóxica.

Enquanto isso, o filho do chanceler, Wells, ex-namorado de Clarke, ao descobrir que ela seria enviada à Terra, resolve cometer um ato impensável para poder ser preso e assim poder ir para a Terra. Ele taca fogo na única árvore da colônia, podendo dessa forma rever Clarke e pedir assim seu perdão por um erro terrível que acabou por separá-los. É interessante notar que a autora descentralizou a visão e mostrou o viés de vários personagens. Alguns são amigos, mas temos uma boa amostra de conflitos de classe e divisão social entre as naves.

Quando a nave de transporte está para sair, Bellamy consegue fazer um guarda de refém para poder embarcar. Sua irmã, Octavia está entre os presidiários. Ninguém na colônia tinha permissão de ter mais de um filho, já que não havia suprimentos e acomodações para todos, portanto estes são os únicos irmão e irmã de todas as naves. Enquanto Bellamy luta para entrar, Glass consegue fugir e corre para encontrar sua mãe, não, digo, corre para encontrar o ex-namorado (afinal, né?, prioridades), com quem ela brigou e terminou pouco antes de ser presa. Qual não é sua surpresa quando ela o encontra com outra?

Clarke, Wells, Octavia e Bellamy vão para a Terra. Glass fica nas naves. O livro traz visões de cada um dos personagens e vemos a dificuldade que tem sido viver na Terra, já que a nave fez um pouso forçado. Gente morreu, os suprimentos são escassos, são poucos os remédios e eles precisam sobreviver a tudo isso. É também interessante notar as reações dos jovens ao verem chuva, pôr-do-sol, aves e animais pela primeira vez. Se você só lê sobre o pôr-do-sol, não conseguirá imaginá-lo a menos que veja um real. Essas análises ficaram ótimas durante a narrativa e o modo como eles descobrem um planeta do qual apenas ouviam falar.


Mas os jovens se desentendem em solo. Enquanto Wells, filho do chanceler, é hostilizado pelos outros, Clarke tenta manter todos vivos, tratando dos doentes e feridos. Bellamy se torna caçador e consegue alimentar os pouco mais de 90 adolescentes amontoados ao redor dos escombros, observando tudo com receio, todos buscando uma direção e um líder. Enquanto isso, nas naves, Glass consegue o perdão do vice-chanceler e volta a viver com a mãe, mas não consegue se readaptar à antiga vida e às futilidades das amigas.

Cada vez que um personagem entra, a autora volta ao passado para que possamos ver o que o levou à determinada situação. Isso no começo fica bacana, pois não sabemos o que levou Clarke, Octavia e Glass para a prisão. Porém, como o recurso foi usado o tempo inteiro, isso começou a ficar chato depois da metade do livro. Algumas coisas ficaram mal trabalhadas. A intriga de Clarke com Wells e o fato de não perdoá-lo. Glass que fica se lamuriando o tempo todo por ter perdido o namorado. Eu gostaria de ter visto mais da Terra e das situações que levaram as pessoas a viver nas naves do que esse imbróglio todo.

Ficção e realidade
Mesmo que nos dias de hoje o medo de uma guerra nuclear tenha diminuído, vemos que no passado, em especial no começo da Guerra Fria, que esse era um temor bastante real e presente na vida das pessoas. Existiam até mesmo comerciais na TV ensinado a se proteger em caso de ataque e muita gente construiu casamatas e porões reforçados sob as casas para fugir em caso de um inverno nuclear. Infelizmente, essa parte não foi trabalhada em The 100, mas acredito que no próximo livro ele será melhor explorado, especialmente pela maneira como terminou.

Também é de se pensar como que um ambiente confinado como as naves que formam a colônia influenciaria na formação das pessoas. Uma chuva para aqueles jovens é algo tão incrível e novo que para nós pode chegar a ser banal. Mas pense você crescendo e vivendo em um ambiente confinado, com ar controlado, estar de repente sob um imenso céu azul profundo, vendo nuvens de chuva chegando ou um pôr-do-sol. Seriam experiências fantásticas e marcantes, causando o deslumbramento que vemos nos personagens.

Kass Morgan

Kass Morgan é uma escritora e editora norte-americana, mais conhecida pela série de livros juvenis The 100. Ela estudou na Brown University, se formando em inglês e história, e mais tarde fez mestrado em Oxford na literatura do século XIX. Ela agora mora em Nova York.

Pontos positivos
Sobrevivência
Distopia
Colônia espacial
Pontos negativos
Situações mal trabalhadas
Alguns personagens mal trabalhados
Final em aberto

Título: The 100, Os Escolhidos
Título original: The 100
Trilogia The 100
1. The 100, Os Escolhidos
2. Dia 21
3. De Volta
Autor: Kass Morgan
Tradutor: Rodrigo Abreu
Editora: Galera Record
Páginas: 288
Onde comprar: Amazon


Avaliação do MS?
Tirando as situações e momentos mal trabalhados pela autora e pela preocupação excessiva de Glass com o namorado perdido, o livro é muito bom. Espero que o próximo volume da trilogia mostre melhor o que aconteceu com a Terra e com os sobreviventes, pois existem muitos interesses em jogo com a empreitada para o pessoal que ficou na colônia. Quatro aliens para The 100 e uma recomendação para você ler.




Até mais!

Comentários

  1. Acabei de ler este livro e, antes de escrever resenha sobre ele, vim xeretar o que outros blogueiros literários estavam falando sobre a obra. De todas as resenhas que li, a sua foi com a qual mais me identifiquei, principalmente em relação aos pontos negativos da obra. Excelente resenha!

    Um beijo,
    Ruh Dias
    perplexidadesilencio.blogspot.com

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