Resenha: Robocop (2014)

A especulação sobre o novo filme do policial Alex Murphy versão 2.0 acabou! O filme estreou com sucesso nas telonas brasileiras, disparando em primeiro lugar logo no primeiro final de semana de exibição. O brasileiro José Padilha pegou o pepino e muita gente disparou o mimimi pelas redes sociais quando a notícia saiu. Mas como missão dada é missão cumprida, o filme deu uma nova roupagem ao Robocop, sem perder a essência original.



O filme
O ano é 2028. Pelo mundo, os drones e robôs são usados no combate ao crime, em guerras, tirando o fator humano dos conflitos e evitando a perda de vidas. Mas nos Estados Unidos, onde fica a principal fornecedora deste tipo de produto, os robôs são proibidos nas ruas, combatendo o crime e mantendo a ordem. A questão gira em torno do fator humano. Se um robô matar uma criança, ele sentirá algo?


Por isso, a Omni Corporation tem um agressivo lobby no Senado na tentativa de derrubar a lei que impede o uso dos robôs. Além disso, na televisão, um importante apresentador inflama a população, mostrando as vantagens dos drones, dos robôs, mostra a ação deles pelo mundo e peita publicamente os políticos para que mudem de opinião, pois estariam salvando vidas.

Enquanto isso, dois policiais honestos tentam trabalhar em uma Detroit corrupta, cujos bandidos possuem a conivência e a ajuda da polícia para manterem os negócios, tráfico de armas e prisões que nunca acontecem. Alex Murphy começa a incomodar um grande chefão do crime na cidade e seu nome acaba marcado para morrer. Uma bomba em seu carro quase o mata, o que o torna perfeito para o novo projeto da OmniCorp.: um homem dentro de um robô, dando à máquina a alma humana que faltava para ser perfeita.

Quem é fã fundamentalista reclamou muito pelas redes sociais quando o anúncio do remake saiu. Mas sinceramente, este foi um remake bem feito, com as doses certas de ação, reflexão e crítica, seguindo um tom ácido no estilo de Tropa de Elite. Temos o discurso feroz da direita, bradando o quanto o uso dos robôs é essencial para a segurança, tanto interna quanto externa, temos o debate político sabatinando o capitalista dono da Omni sobre a ausência de arbítrio humano nas máquinas e como isso afetaria a população que se põe majoritariamente contra.


O conflito de Murphy com a máquina fica mais evidente neste longa, bem como o posicionamento e a importância da família no contexto. A esposa autorizou que a Omni restaurasse seu marido e depois a evita e nega seu acesso à Murphy. Vemos o conflito que existe entre os lados pessoal e máquina no policial, que chegam a lhe causar problemas de interface com o software em seu cérebro. Temos também o médico, responsável por todo o cuidado com Murphy, interpretado por Gary Oldman e os interesses da empresa que quer ganhar o mercado o tempo todo.

O final deixa claro que vai vir uma sequência. O filme pode não ser uma obra-prima da Sétima Arte, porém é um filme maduro no que tange às reflexões, sem o abuso de efeitos especiais de certas franquias. Pareceu-me que no filme não temos sobras, não temos os excessos que são comuns em franquias como Transformers.


Ficção e realidade
Algo que o filme aborda um tanto de leve - teria ficado melhor se fosse mais abertamente tratado - é a robofobia (no filme o termo usado é ropophobic), ou seja, o medo irracional dos cidadãos norte-americanos com os robôs. Temos tecnologia à nossa volta, robôs que, mesmo não tão avançados quanto os do filme, estão em fábricas, no espaço, realizando tarefas repetitivas e/ou perigosas. Com uma popularização desta tecnologia e com o refinamento do software, cenários como os que aparecem no filme poderão se tornar realidade?

Uma cena bacana é a de amputados recebendo próteses robóticas avançadas produzidas pela OmniCorp. e a delicada interface de homem e máquina. Como lidar com os sentimentos e emoções ao integrar algo assim em nossos corpos? Murphy se assusta ao se ver pela primeira vez como uma máquina e é possível sentir sua frustração e desorientação com sua nova roupagem. Aquilo é vida? É possível ser um ser humano naquele estado, ou ele é apenas um produto comercializável? Questões como essa podem surgir num futuro próximo.



Pontos positivos
Ótima direção do Padilha
Remake bem feito
Reflexões sobre homem e máquina
Pontos negativos

Peca em alguns pontos
Final em aberto

Título: Robocop
Direção: José Padilha
Duração: 117 minutos
Ano de Lançamento: 2013
Onde ver? Grandes salas, estreou em 21 de fevereiro.


Avaliação do MS?
O filme surpreendeu o público que tanto chiou nos últimos meses com N detalhes, como a armadura preta do policial Murphy, que aliás ficou muito legal, bem como sua arma taser. Sacadas geniais podem ser vistas pelo filme, com humor na medida certa em várias passagens e até uma homenagem ao Robocop original, com uma réplica prateada da armadura exposta nos escritórios da OmniCorp.. O filme falha em algumas passagens, como algumas correrias no roteiro, mas nada que afete a mensagem e a crítica que não passarão despercebidas aos atentos. Quatro aliens para o novo Robocop.




Até mais!


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