Resenha: Filhos do Fim do Mundo, de Fábio M. Barreto

Fim do mundo é um tema recorrente nos enredos de ficção científica e distopia. Parece que o ser humano tem alguma atração estranha por este tipo de visão e de história. Seja pela proximidade com a nossa realidade, seja também por parecer improvável de acontecer, as distopias cativam e muito. E esta é uma distopia nacional.

O livro
Meia-noite. O telefone dos hospitais do país todo disparam. Nos berçários, funcionários em choque, apavorados e em prantos. Ninguém tem uma explicação para o que está acontecendo. O efeito se estende pelas cidades, estados e países. As crianças até um ano de idade e as que estão nascendo estão mortas. Pais, avós, tios, irmãos, viram seus bebês morrendo e nada podem fazer a respeito, a não ser prantear.

Resenha: Filhos do Fim do Mundo, de Fábio M. Barreto

Sabendo que o evento será catastrófico, o governo decide derrubar a internet e toda a rede de telefonia a fim de segurar as informações, enquanto tentam descobrir o que fazer para impedir as mortes. Praticamente todo mundo conhece alguém que perdeu um bebê. E o evento não ataca apenas seres humanos. Filhotes de animais e todas as lavouras, tudo que tenha menos de um ano de idade e que esteja vivo morre. É uma extinção em massa.

Um Repórter, preocupado com sua Esposa, se envolve com o governo na tentativa de tentar descobrir o que está matando os bebês, preocupado com seu filho que está prestes a nascer. Ele procura comunidades isoladas do mundo para ver se estão a salvo e se fizeram algo para salvar suas crianças, mas o pânico já começa a tomar as cidades. Toques de recolher, lei marcial, pessoas buscando respostas junto do governo. Blogueiros e reacionários vão às ruas, dizendo que o governo mente e que eles possuem uma cura para o que está havendo e que estão escondendo para ajudar os poderosos.

Mas existe um lugar que não foi afetado pela desgraça. O problema é que chegar lá é praticamente impossível para as pessoas comuns. O boato se espalha de tal maneira que as cidades se tornam terra de ninguém. O Repórter então leva seu melhor amigo, o Padre, a Esposa e o Médico dela para um lugar afastado, para que o parto possa ser realizado sem que ninguém o incomode.

O que é bem interessante no livro é que você não tem nomes de personagens. É Repórter, Coronel, Governador, Major, Diretor, nunca um nome aparece. Nem o nome da cidade, nem do país, nada é nomeado, o que deixa uma sensação de proximidade muito grande com o leitor, que preenche as lacunas com sua própria vivência. Mesmo sem saber o nome dos personagens, é possível ficar bem próximo deles ao longo da narrativa.

Alguns problemas: diálogos longos, onde você se perde com frequência, pois os personagens não têm nome e muitas falas ficam soltas. O leitor é obrigado a voltar algumas linhas para saber quem está falando o que. O ritmo, por vezes, fica lento, com ações prolongadas demais, o que cansa um pouco.


Ficção e realidade
O que é muito curioso no livro e que achei muito bom é como o medo da população é retratado. Existem aqueles que querem pôr lenha na fogueira, aqueles que querem conversar, os que querem que o governo seja desmascarado e os que querem fugir. Os mais estapafúrdios boatos surgem, como zumbis e uma revolta popular surge, com um massacre perpetrado pelos militares. Ídolos da cultura pop inflamam seus fãs a se revoltarem, pessoas com o dom da argumentação usam isso para enfurecer as multidões. É o poder da desinformação em ação. Nada muito diferente do que temos hoje.

Sentimentos muito fortes estão ligados ao fim do mundo. Perda, amor, tristeza, o medo da doença, do desamparo, da violência, tudo isso sempre aparece quando imaginamos o fim da civilização. Estamos tão acostumados ao conforto da vida moderna, que imaginar qualquer coisa fora desta comodidade nos apavora. O ser humano ainda teme as noites ao relento.

Fábio M. Barreto

Fábio M. Barreto é comunicador, roteirista, cineasta e especialista em cultura multimídia. Baseado em Los Angeles, nos Estados Unidos, atua como criador.

PONTOS POSITIVOS
Distopia nacional
Escrita fluída e prazerosa
Clichês bem trabalhados
PONTOS NEGATIVOS
Diálogos confusos
Cenas longas

Título: Filhos do Fim do Mundo
Organização: Fábio M. Barreto
N.º de páginas: 288
Editora: Fantasy
Ano: 2013
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Avaliação do MS?
O autor conseguiu captar muito bem o ambiente apocalíptico que surge quando as crianças morrem. Nada mais trágico do que pais encontrando seus bebês mortos no berço e maternidades lotadas de corpos. Os cemitérios e crematórios ficam tão lotados, que o governo recomenda que os enterros sejam feitos em casas que possuam jardins e grandes quintais. Um evento destes mudaria uma civilização para sempre. Quatro alies para o livro.


Até mais!

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