O novo livro do premiado autor norueguês Karl Ove Knausgård chegou pelas mãos da Companhia das Letras em 2024. Conhecido por sua obra auto-biográfica em seis volumes, Minha luta, em Estrela da manhã, Ove fala sobre a rotina de nove personagens durante dois dias de agosto, enquanto uma estrela gigantesca e inexplicável surge no céu.
O livro
Acontecendo em apenas dois dias, acompanhamos o cotidiano de nove pessoas, começando por Arne e sua família, que estão de férias no litoral ao sul da Noruega. Esmiuçando as ações, pensamentos e maneiras dos personagens, Ove passeia por esse leque de personagens absolutamente comuns, vivendo situações comuns diante de um evento incomum: uma estrela brilhante surge no céu.O problema com a nossa época era que a humanidade engolia tudo, e que já não existia mais um lado de fora.
O livro é composto por capítulos independentes, cada um narrado em primeira pessoa por um dos nove personagens, todos vivenciando perturbações ou eventos estranhos que ocorrem junto com o surgimento repentino da enorme estrela brilhante no céu, possivelmente uma supernova. Cada um desses personagens, com visões bem diferentes entre si, se vê diante de um fenômeno que os fascina, mas que também se mistura aos outros desafios de suas vidas. Na história de cada personagem, há um toque sinistro que eleva a tensão nas situações mais cotidianas, contribuindo para uma atmosfera que beira o fantástico.
Já conhecia o nome do autor, apesar de nunca ter lido nada antes de Estrela da Manhã. E não sei se este foi um bom primeiro contato com Ove. A aparição súbita da estrela foi o que mais me chamou a atenção quando li a sinopse desse livro, mas a leitura falou de tudo, menos dela. Não consegui me conectar ou me importar com qualquer um dos personagens, por mais interessantes que fossem, pois aquela rotina diária esmiuçada à exaustão pelo autor me cansou em vários momentos.
Com nove pontos de vista, eu esperava que eles tivessem vozes diferentes, que se destacassem entre si, porém suas falas, suas ações, me pareceram as mesmas ao longo da leitura. Entendo que o ponto do autor fosse falar dessa rotina massacrante e dos eventos incomuns que podem ou não estar conectados à grande estrela no céu, mas comigo acabou não funcionando. Entre um ponto de vista e outro, não parece haver muita conexão e dá para ver cada parte como um conto.
Refletindo sobre temas profundos de vida e morte, cada personagem tem seus próprios questionamentos, dúvidas e se veem às voltas com eventos que carecem de uma maior explicação. Por exemplo, uma pessoa que antes não falava, desata a falar para uma mulher que ela está condenada e um gato morto parece sumir de seu túmulo. Lembrando em alguns momentos o terror de Stephen King, o livro pode ser descrito como um enredo de horror, um drama realista com vários pontos de vista, um thriller psicológico e um tratado espiritual.
E acho que se o autor tivesse apontado para apenas uma direção, teria sido uma leitura melhor pra mim. No entanto, senti que ele tentou abraçar o mundo com as pernas, tratando de muitos temas sem nunca se aprofundar neles. Se este é ou não seu estilo, não sei dizer, afinal este foi o único livro que li de Ove, mas não sei se voltaria a ler algo do autor.
O livro foi traduzido diretamente do norueguês por Guilherme da Silva Braga e está bem revisado e diagramado.
Obra e realidade
Knausgård disse em uma entrevista que a ideia principal do romance era retratar como a realidade e os mesmos eventos são percebidos de forma diferente por pessoas diferentes. É um romance sobre o que não compreendemos, sobre as forças sombrias soltas pelo mundo, sejam elas sobrenaturais ou não, e como um drama é visto através das ações cotidianas nas vidas das pessoas.Essas características quebram com o realismo que o livro parece adotar no começo. Ainda que eu ache que o autor não conseguiu nos mostrar de verdade essa parte sombria, sinto que ele deixou na mão dos leitores essa resolução.
Karl Ove Knausgård é um escritor norueguês. Passou a sua infância em Tromøy, Arendal, e estudou História da Arte e Literatura na Universidade de Bergen.
PONTOS POSITIVOS
Estrela da manhã
Mistério sobre o cotidiano
Cenário norueguês
PONTOS NEGATIVOS
Personagens chatos
Não tem bem um final
Estrela da manhã
Mistério sobre o cotidiano
Cenário norueguês
PONTOS NEGATIVOS
Personagens chatos
Não tem bem um final
Avaliação do MS?
Não é um livro ruim, é um livro OK, mas talvez ele funcione melhor como um filme ou como uma série de TV. Acredito que nenhum dos mistérios de Estrela da Manhã parece ter sido feito para ser decifrado. Para quem já curte o estilo do autor, deve ser uma leitura muito proveitosa, mas para quem nunca leu Ove, vai rolar um estranhamento. É um livro OK. Três aliens.Até mais!
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