Resenha: O gato que amava livros, de Sosuke Natsukawa

Uma obra que tenha livros e gatos me cativa na hora. Foi por isso que peguei este livro pra ler depois da imensa ressaca literária que a saga de Trono de Vidro me causou. Achei que ler algo conhecido como "ficção de cura" me ajudaria a superar as duas mil páginas que li em janeiro. A história começa com um adolescente que se vê sem seu avô e herdando um sebo, sem saber o que fazer da vida. =^..^=

O livro
Rintaro Natsuki é um adolescente recluso que ama livros. Ele cresceu no sebo do avô, a livraria Natsuke, com suas estantes que iam do chão até o teto, abarrotadas das mais maravilhosas obras literárias. Sem pai ou mãe, foi criado pelo avô, outro apaixonado pelos livros, que cuidava de sua livraria com muito amor. Esse mesmo amor acabou passando para Rintaro, que simplesmente ama o lugar.

Resenha: O gato que amava livros, de Sosuke Natsukawa

Os livros estão repletos de pensamentos e sentimentos humanos. Pessoas sofrendo, pessoas que estão tristes ou felizes, rindo alegres. Ao lermos suas palavras e suas histórias, ao passarmos por essa experiência, aprendemos sobre o coração e a mente dos outros, além de nós mesmos. Graças aos livros, é possível aprender todos os dias não apenas sobre quem está ao nosso redor, mas também sobre os que vivem em mundos totalmente diferentes.

O livro já começa com uma tragédia na vida de Rintaro. Seu avô morre dormindo, deixando um vazio em sua vida e sua livraria. O que fazer agora? Que caminho seguir? Se Rintaro já era um recluso, agora ele está quase inatingível enquanto tenta lidar com o luto. Parou de ir à escola, considera não ter amigos e sua família se resume a uma tia desconhecida que vai ajudá-lo a se mudar. Mas isso tudo muda um dia quando um gato malhado pede sua ajuda.

Tigre, o gato, pede sua ajuda para acompanhá-lo em uma missão importante para salvar livros aprisionados, maltratados e abandonados. Rintaro acha que nada mais chocante pode acontecer em sua vida, então segue o bichano e uma improvável parceria se forma entre os dois. Não vou dizer que é uma amizade, pois o bichano entra de maneira misteriosa e parte misteriosamente também. O autor não se preocupou em detalhar nada, em explicar nada, nem como o mundo fantástico para o qual o gato anda funciona.

Além de Rintaro e do gato, outra personagem que aparece com frequência é Sayo, representante de classe, que leva a lição de casa atrasada até a livraria e acaba e envolvendo com o que quer que esteja acontecendo com o colega. Não me entenda mal, a história é bonitinha, a leitura é rápida, você quer chegar até o final e saber o que vai ser de Rintaro e Sayo e o Tigre, mas o autor economizou nas palavras na hora de criar seu mundo.

Com passagens muito importantes sobre a importância da leitura, do livro e qual seu pode perante a sociedade, o fato de ser um livro tão curtinho acaba impactando na profundidade do enredo. Não preciso de muitas explicações para viajar na história, mas o autor aqui praticamente não as fornece em momento algum. Senti que faltou uma melhor edição para dar mais corpo ao enredo, para dar mais elementos que sustentem a importância das missões do gato, a importância de Rintaro para tudo aquilo e até mostrar melhor quem é a antagonista do final que surge, não explica nada e some com a mesma rapidez.

Um livro que fica em uma estante nada mais é do que um bloco de papel. A menos que seja aberto, um livro poderoso ou com uma história épica é um mero pedaço de papel. Mas um livro que foi estimado e amado, cheio de pensamentos humanos, ganhou uma alma.

Também senti que a escrita era engessada, com mensagens prontas para serem proferidas, sem qualquer desenvoltura. É diferente de quando li Bem-vindos à livraria Hyunam-Dong, onde os diálogos eram ágeis, naturais, passando sua mensagem sem parecer uma catequese. Aqui não sei bem qual foi o problema. Se foi o fato de ser uma tradução de uma tradução, pois ele foi traduzido do inglês e não do japonês, ou se faltou uma melhor edição para deixar o livro mais ajeitado.

Acredito que a mensagem é válida e a proposta de ser um livro fofo se manteve, mas não me fisgou tanto o quanto eu gostaria. A tradução foi feita do inglês por Fernanda Dias e está boa. Não encontrei problemas de revisão ou diagramação.

Obra e realidade
Além das mensagens sobre a importância da leitura e tudo o que podemos obter dos livros, uma mensagem importante nele é sobre o luto. As jornadas que Rintaro teve ao lado do gato malhado o fazem entender o poder da empatia, o poder da amizade e como seu isolamento após a morte do avô estava lhe fazendo mal. O gato o força a criar uma autoconfiança que não estava em Rintaro naquelas primeiras páginas. A cada nova jornada ao lado de Tigre, Rintaro volta um pouco mais confiante, um pouco mais animado e corajoso, capaz de verbalizar o que sente, capaz de revisitar as memórias que teve ao lado do avô.

E aí fica a questão: é tudo uma invenção de sua cabeça ou as jornadas de fato aconteceram?

Sosuke Natsukawa

Sosuke Natsukawa é um médico e escritor japonês. O gato que amava livros é seu primeiro livro, vencedor do prêmio Shogakukan de ficção. Apenas no Japão, o livro vendeu mais de um milhão e meio de cópias.

PONTOS POSITIVOS
Tigre
Rintaro
Livraria
PONTOS NEGATIVOS

Enredo fraco

Título: O gato que amava livros
Título original da tradução: The Cat Who Saved Books
Autor: Sosuke Natsukawa
Tradutora: Fernanda Dias
Editora: Planeta
Páginas: 240
Ano de lançamento: 2022
Onde comprar: na Amazon!

Avaliação do MS?
Um aspecto positivo do livro é justamente sua mensagem sobre o poder dos livros, a força das palavras e da literatura. O fato de ter um gato que ama livro também é ótimo. Mas senti que o livro não funcionou muito bem comigo. Talvez funcione pra você! Três aliens para o livro.



Até mais! 📖

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Comentários

  1. Esse eu compraria só pela capa bonita, com certeza. Pena que não desenvolveram mais, mas a premissa realmente parece interessante.

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  2. Estou lendo nesse momento, meio devagar é verdade, mas porque estava muito parada se ler nada, então me pareceu um ótimo recomeço! Eu amei a premissa de gatos, livros, livraria, vamos ver né? Mas parece uma graça

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