Tive a oportunidade de pegar este livro num saldão da Amazon por apenas dez reais e olha... me surpreendeu. Já conhecia por cima o trabalho de Stanley por causa da banda Radiohead. Aqui temos uma graphic novel sem uma linha de texto, mas que ainda assim consegue falar muito para quem estiver lendo.
A graphic novel
Admito que desconhecia o trabalho de Donwood mais profundamente até me deparar com esta graphic novel. São 80 xilogravuras finamente esculpidas, todas sem qualquer palavra ou contexto. Mas uma imagem vale mais do que mil palavras, já dizia o ditado. Cada imagem ocupa uma página inteira, muito detalhada, trabalhada e cheia de mensagens. Os originais são maiores, é claro, mas ainda assim há toda uma história, ou várias, em cada folha virada de Bad Island.Esta é uma fábula sobre o fim do mundo, onde luxuriantes e férteis paisagens que logo vão desaparecendo para dar lugar a chaminés, prédios, paisagens artificiais. Essa ilha acaba se tornando uma metáfora para todo o planeta sendo dizimado pela ganância humana. Chegamos à ilha vindo de longe, um mar agitado, nuvens dramáticas se abrindo, como turistas acidentais.
É fácil reconhecer alguns personagens e formas, como uma serpente, uma referência ao Jardim do Éden. Mas acompanhamos dinossauros, erupções vulcânicas, novos ciclos de vida surgindo, assim como houve na Terra. Mas o tempo de todas as criaturas também acaba e surge a destruição, o desmatamento, a industrialização, a guerra. E em meio a tudo isso somos espectadores ou agentes do caos? Somos vítimas ou somos os algozes?
Há algo perturbador espreitando em alguns quadros. São formas sombrias de olhos brancos que aparecem em algumas páginas, seres que parecem trazer a destruição. Em uma imagem que sugere o 11 de Setembro, vemos esses seres. Eles sempre estão presentes quando algo ruim está para acontecer no livro. O próprio autor se coloca na obra, uma figura careca, que apenas observa.
Se você ler este livro meia dúzia de vezes, vai encontrar mais seis novidades que não tinha percebido antes. As imagens são enganosamente simples, em preto e branco, mas a quantidade de voltas e traços, e detalhes é imensa. É fácil se perder nelas e se imaginar como parte da paisagem.
Mesmo entre as ruínas desta ilha estranha ainda há esperança. A grande sacada de Bad Island é poder ler de trás para frente, onde a gente pode acompanhar o reverso da ganância e da cobiça e assim entender que ela pode ser revertida.
Obra e realidade
Bad Island parece o tipo de documento que seria encontrado no futuro por arqueólogos enquanto escavassem as ruínas da nossa própria civilização. Eles encontrariam este livro amarelado e quebradiço, mostrando o começo, o auge e o fim de nossa espécie, atormentada por seus próprios medos, incapaz de escapar de sua própria mediocridade. Resgatando a arte da xilogravura, Stanley conseguiu criar um livro sem qualquer palavra, mas que consegue gritar seu enredo para todos que estiverem dispostos a escutar.Stanley Donwood é um ilustrador, artista plástico e escritor inglês. Criou, desde 1994, todas as artes para a banda de rock Radiohead.
PONTOS POSITIVOS
Traço
Os detalhes
Várias interpretações
PONTOS NEGATIVOS
Acaba logo!
Traço
Os detalhes
Várias interpretações
PONTOS NEGATIVOS
Acaba logo!
Avaliação do MS?
Para quem pegou esse livro sem nem saber do que se tratava, ele foi uma grata surpresa. Assim que terminei, li novamente, depois voltei de trás para frente, procurando por detalhes nos quadros que tinha deixado passar das outras vezes. E sempre tem algo novo para ver. Quatro aliens para Bad Island e uma forte recomendação para você ler também!Até mais!
Olá,
ResponderExcluirComo eu amei essa resenha!!
Esse livro é pura arte e interpretação, amei poder conhecer um pouco mais sobre ele.
Beijo, Blog Apenas Leite e Pimenta ♥