Apesar de ter sido uma bomba entre crítica e público, eu adoro o filme Æon Flux (2005). Em 2011, o mundo enfrenta um vírus mortal que matou 99% da população mundial. Os sobreviventes precisaram se reorganizar em uma nova cidade, Bregna. Quatrocentos anos no futuro, em 2415, cinco milhões de pessoas vivem em Bregna, uma cidade-estado murada e controlada pela dinastia Goodchild. Ainda que seja considerada um paraíso na Terra, os desaparecimentos e os pesadelos são comuns. Mas um movimento de resistência, os Monicanos, pretende desafiar a ordem.
Dirigido por Karyn Kusama, o longa teve entre 55-62 milhões de dólares de orçamento, faturando decepcionantes 52,3 milhões em bilheteria. Tem notas baixas em vários sites especializados, como o Rotten Tomatoes.
10. Origens
No começo dos anos 1990, a MTV tinha uma série chamada Liquid Television. No ar entre 1991 e 1995, ela apresentava várias séries de animação que serviram de plataforma de lançamento para várias séries bem-sucedidas, como Beavis and Butt-Head e Æon Flux. Boa parte do material do programa consistia em séries de animação vindas de estúdios independentes que acabaram ganhando projeção com a exibição em horário nobre na MTV.9. Æon original
Os episódios originais da animação duravam menos de meia hora. O mundo criado por Peter Chung era uma distopia futurista onde uma agente secreta, uma mistura de assassina com dominatrix, trabalhava para derrubar o governo de Trevor Goodchild. Mas os dois viviam uma dinâmica de gato e rato, se pegando em alguns momentos e se metendo a porrada mutuamente em outros. Além da série de animação e do filme, a saga se tornou um videogame e uma série de quadrinhos. Na série original existiam duas cidades, Monica e Bregna. Os monicanos, agentes da cidade de Monica, tentavam derrubar a tecnocracia de Goodchild através de espionagem, implantes corporais e muita pancadaria.8. O longa
Com uma diretora talentosa como Karyn Kusama, com uma estrela em ascensão na época como Charlize Theron, e com uma série de animação tão conhecida, ninguém esperava que o filme fosse um fracasso. Mas o estúdio interferiu em todos os processos e mutilou a versão de Kusama, mandando-a embora assim que as gravações foram terminadas. Eles editaram do jeito que deu na telha para uma versão bem comercial e longe da visão da diretora. Com os testes da audiência muito ruins, o estúdio chamou Kusama de volta e pediram que ela fizesse uma nova edição, mas não na sua versão original.Arcos inteiros de personagens, como o de Paterson Joseph, que interpreta Giroux, um dos membros do governo Goodchild, foram cortados e um personagem gay foi totalmente apagado na pós-produção. Contrariando os pedidos de Kusama, o estúdio pediu novas cenas com lutas mais sangrentas e mais nudez de Charlize. Porém, para atingir a faixa etária desejada pelo estúdio, uma cena de sexo foi removida e o tom violento foi reduzido. A versão original de Kusama era trinta minutos maior, com trilha sonora diferente e um tom mais contemplativo e menos de ação.
7. Papel principal
Várias atrizes foram sondadas para o papel de Aeon. Michelle Rodriguez estava escalada inicialmente, depois de ter trabalhado com a diretora em Girlfight (2000). Problemas de agenda a fizeram sair da produção. Demi Moore e Nicole Kidman também foram sondadas antes da entrada de Charlize Theron na jogada.6. Charlize Theron
Para se preparar para o papel da espiã futurista, Charlize Theron treinou com acrobatas do Cirque du Soleil. Várias cenas de Aeon desafiam a gravidade, o que indicariam a intensa modificação corporal que a espiã sofreu para trabalhar como agente secreta. Mas a produção acabou sendo atrasada em um mês quando Charlize se machucou no treino de suas cenas de ação. Mesmo após a lesão no pescoço, a atriz insistiu em fazer todas as suas cenas, ainda que tivesse dublês à sua disposição nos sets. Ela ficou hospitalizada em Berlim por cinco dias e precisou de cerca de seis semanas de fisioterapia para se recuperar.5. Doença industrial
O longa nunca explicou a origem da doença industrial tão fatal a ponto de praticamente exterminar a raça humana. Mas os roteiristas Phil Hay e Matt Manfredi esclareceram que a doença industrial foi causada por comida geneticamente modificada, um temor comum no começo dos anos 2000.4. Peter Chung
O criador de Æon Flux odiou o filme. Segundo ele, o longa é uma farsa. Ao assistir à produção na estreia, ele disse ter se sentido "indefeso, humilhado e triste" e que odiou a forma como Trevor Goodchild (Marton Csokas) e Æon foram retratados. Para ele, a personagem-título praticamente desapareceu quando comparada com a original.3. Brasília
Kusama queria usar a arrojada arquitetura de Brasília para as filmagens da futurista cidade de Bregna. Mas além das objeções do estúdio, a capital federal apresentava vários problemas logísticos, burocráticos, além do alto custo de trazer toda uma produção para o Brasil. Assim, a equipe acabou escolhendo Berlim e Postdam, na Alemanha para as filmagens. Lugares como a embaixada mexicana, o museu da Bauhaus e túneis de vento datando da Segunda Guerra Mundial serviram de locações. Desta forma o filme dependeu menos de efeitos especiais e pode abusar da iluminação e fotografia, o que gerou um grande efeito de realismo para a cidade de Bregna.2. Na moda
Æon usa vários figurinos incríveis no longa. A maioria deles foi criada por Jean-Paul Gaultier, como o belíssimo casaco branco e assimétrico que Æon usa para ir jantar com a irmã. Os figurinos de Trevor Goodchild também foram assinadas pelo estilista.1. Por que deu errado?
Tantas coisas boas estavam a favor do filme, então por que ele deu errado? O estúdio é o principal culpado. No começo dos anos 2000 havia uma corrida para se imitar o sucesso de Matrix, tanto na estética quanto na temática. A opção do estúdio em mutilar a visão original da diretora para arrastá-lo para um nível de imitação barata custou caro. O filme perdeu profundidade, perdeu o toque artístico original e acabou desagradando a todo mundo, até mesmo a própria Charlize.I WANT MY LIFE BACK
Este é, de fato, um filme atemporal! E certamente merece uma sequência!
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