Eu estava em busca de um livro mais leve para acabar com uma ressaca literária. Eis que me deparo com este aqui, com uma protagonista, no mínimo, inusitada: sua majestade, a rainha Elizabeth II! Quando um crime ocorre em um de seus palácios favoritos, o Castelo de Windsor, é a rainha que começará a questionar a polícia para poder desvendar o mistério!
O livro
Todo mundo fica meio deslumbrado quando está em um palácio, ainda mais na presença da rainha. O evento trouxe várias pessoas para o Castelo de Windsor, inclusive um hábil pianista que encantou os convidados com seu recital e com sua habilidade no tango. Aliás, pessoas entrando e saindo de um palácio é algo tido como normal. Existe um grande aparato criado para se cuidar da rotina diária de um lugar tão grande quanto esse. Por isso mesmo que investigar um crime dentro de suas paredes é algo bastante complicado.No dia seguinte ao animado evento, o pobre pianista é encontrado morto em seu quarto em uma situação estranha. Tudo leva a crer que o jovem se enforcou, mas havia algo na cena que levantava a suspeita de ter sido um homicídio. Muitos subestimam a figura da rainha, aquela senhorinha sorridente, adorável, achando que por ser idosa ela não entenderá certas coisas. Ledo engano! A rainha percebe que a teoria do MI5 e da polícia metropolitana parece completamente furada. E decide começar sua própria investigação.
Foi bem interessante a forma como a autora trabalhou com a figura da rainha, a monarca mais longeva da Grã-Bretanha. Ela nos dá uma proximidade com a mente da soberana de maneira muito criativa, já que é praticamente impossível para qualquer mortal como nós saber ao certo o que ela pensa. Respeitando sua idade e sua posição, a rainha é vista aqui como alguém muito perspicaz e inteligente, capaz de ver pequenos detalhes que passaram despercebidos por todo mundo.
Também é interessante acompanhar a vida dupla da rainha. Sabemos pelo livro que Elizabeth tinha esse talento para desvendar crimes desde muito jovem. Logicamente que com a idade, com as obrigações de sua função, Elizabeth precisava de ajuda em suas investigações e é aí que entra a figura de Rozie Oshodi, funcionária de ascendência nigeriana recém-contratada para o cargo de assistente de seu secretário particular e que se torna seu braço direito no caso do pianista. Rozie, aliás, é fantástica!
O livro nos mostra uma mulher inteligente, atenta aos detalhes, de mente afiada e equilibrada que consegue perceber detalhes onde a maioria não vê. Também vemos a mãe e avó que sente falta dos filhos e netos e vemos a rabugice de seu marido, príncipe Philip, em especial quando a polícia começa a interrogar seus funcionários. Longe do glamour e das fofocas, a forma como Bennett decidiu mostrar a rainha foi bem mais pessoal do que eu esperava e adorei acompanhar as peripécias da rainha e de sua assistente.
Oshodi é uma incrível personagem, que fica bastante surpresa com as demandas da rainha e seu faro investigativo. Mas ela pode fazer o que Elizabeth II não pode, como perambular livremente e conversar com as pessoas. Tal como Sherlock e Watson, a dupla precisa investigar em segredo, até mesmo para não atrapalhar a investigação. Esqueça a figura da senhorinha frágil, pois Elizabeth é uma verdadeira detetive! Eu inclusive gostaria de ler um novo livro, porém que se passasse na juventude de Elizabeth, quando ela era uma jovem pretendente ao trono e com muito mais liberdade para circular. Seria épico!
O livro é pequeno, dá tranquilamente para ler em um dia e se divertir com as peripécies de Elizabeth e Rozie. Aliás o nome da rainha é raramente dito ao longo da leitura. Ela é mais chamada de Lilibet, seu apelido carinhoso dado pelo marido, do que por seu título mais longo. Li o ebook, não li o livro físico, mas a edição está bem revisada e diagramada, com tradução de Adriana Fidalgo, que está muito boa.
Obra e realidade
Este não é o tipo de livro para leitores exigentes, que se questionarão sobre o quão plausível é termos uma rainha que investiga crimes. É um livro leve, sem grandes detalhes sangrentos, sem implacáveis perseguições pelas ruas londrinas como se fosse um filme de James Bond. Mas também é uma obra interessante por trazer algo inusitado para o papel de uma monarca idosa como ela. A gente acaba mesmo se perguntando "e se?" ao longo da leitura, já que não afeta em nada sua rotina de trabalho, suas atribuições e eventos. É o tipo de dúvida que pode acabar sendo divertida e foi uma grande sacada da autora em pintar um cenário assim.Com 95 anos, Elizabeth é a monarca mais longeva da Grã-Bretanha, com 70 anos de reinado. Com tanto tempo de vida, é possível que ela tenha investigado vários crimes, criando o cenário perfeito para mais livros de Bennett!
Sophia J. Bennett é uma escritora britânica. Começou a carreira escrevendo livros infantojuvenis antes de mudar para os romances investigativos. Grande fã da rainha Elizabeth II, ela fez entrevista para o cargo de assistente do secretário da soberana, tal como Rozie Oshodi!
Pontos positivos
Bem escrito e traduzidoElizabeth II
Rozie Oshodi
Pontos negativos
Acaba logo!Avaliação do MS?
Este é um livro despretensioso, bem gostosinho de ler. Pegue para ler num dia de frio, embaixo do edredom, sem muitas preocupações. É uma narrativa que passa voando na mão, quando você menos esperar o livro acaba, mas é bem divertido. Vai exigir atenção quanto aos personagens e aos detalhes envolvendo todos eles, mas dá para ler tranquialmente. Quatro aliens para o livro e uma forte indicação para você ler também!Até mais! 👑
Oie
ResponderExcluirDepois dessa resenha fiquei com mais vontade ainda de ler este livro
Amei o sei blog
Bjs
https://mundinhoquaseperfeito.blogspot.com