Os cães acompanham a raça humana há muito tempo. Eles nos acompanham há 40 mil ou 20 mil anos, dependendo do estudo. Acredita-se que algum tipo de lobo mais manso e interessado nos nossos restos de comida tenha se aproximado dos grupos humanos em busca de um jantar fácil. Com os lobos por perto, os grupos humanos também se sentiram mais protegidos e nascia aí um dos melhores duetos que nossa espécie já criou!
O livro
É bem provável que você se lembre de vários nomes de cães famosos na história e no cinema. Laika, Rin-Tin-Tin, Benji, Bethoven, o Negro Matapacos. Mas existem muitos cães que participaram de momentos importantes da história. Por exemplo: você sabia que um cachorro ajudou Alexander Graham Bell a inventar o telefone? De momentos tristes a alegres, de revolta e revolução, os cães estiveram sempre ao nosso lado.Se eu fosse rainha do mundo, 99% dos meus decretos beneficiariam os cachorros.
Página 63
E era sobre esses cães menos conhecidos que Mackenzi Lee queria jogar nos holofotes. Por isso ela pesquisou por histórias verdadeiras, míticas e até um pouco de cada para falar de como os cães participaram de momentos cruciais da humanidade. Ainda que alguns casos contados no livro sejam meio míticos, todos eles falam sobre a universalidade da experiência humana e canina.
Também é preciso entender que as ideias sobre cães e seu papel na sociedade variavam dependendo da época. E ler alguns desses episódios foi muito triste. Sim, chorei com esse livro e não foi pouco não, viu? Descobri, por exemplo, que os cães que vasculharam os escombros dos atentados de 11 de setembro começaram a ficar tristes por não encontrarem pessoas vivas. Então seus cuidadores se escondiam para que eles os encontrassem e ficarem contentes. Fala se isso não é amor?
A forma como falamos, tratamos e nos lembramos dos cachorros diz mais sobre nós mesmos do que nossos amiguinhos caninos. E diz como a raça humana evoluiu para começar a banir os maus tratos e o uso de animais em experimentos. Mas não faz muito tempo, os animais foram tratados com bem menos consideração. Então esteja avisada que vão ter momentos tristes entre os cinquenta cães que a autora selecionou para o livro.
Antes de começar a jornada entre os cinquenta doguinhos, a autora faz uma introdução a respeito da domesticação canina, que ocorreu bem antes na história quando comparada aos gatos, o que talvez explique o comportamento voluntarioso destes últimos. Mackenzi explica a diferença entre animal domesticado e animal domado. A principal diferença é que a domesticação altera os animais física e mentalmente e animais domesticados dificilmente conseguiriam sobreviver na natureza. Os cães podem acabar se tornando ferais, sem serem exatamente animais selvagens.
Cães são a espécie mais diversa do planeta depois dos seres humanos. E como não se tem exatamente certeza quando, como e onde a domesticação aconteceu, alguns especialistas dizem que os cães foram domesticados em vários lugares simultaneamente e depois se encontraram por aí, reforçando genes que os deixaram mais mansos e mais companheiros dos humanos.
A autora começa lá na Antiguidade, começando no Antigo Egito com o cão Abutiu, um dos primeiros cães domesticados que se tem notícia e o primeiro a ter seu nome registrado. Não só isso, ele foi sepultado com todas as honras pelo faraó, que era seu amado tutor. Ele não tem uma raça específica, mas pode ser comparado aos modernos cães de caça. No final de cada biografia canina, há um cãoplemento, com mais curiosidades a respeito. As ilustrações são lindas e complementam o texto que é bastante divertido, triste e emotivo ao longo do livro. Uma pena que o Negro Matapacos não está incluído nesse livro, pois há um capítulo onde se critica o uso de cães nas Américas pelos espanhóis.
O livro é pequeno, tem menos de 200 páginas e é rico em cores e formas. A autora é muito bem humorada em vários momentos, o que torna a leitura bem leve. Mas reforço aqui o cuidado para certos capítulos que podem ser bem tristes. A tradução foi de Sofia Soter e está excelente. Não há erros de revisão, tradução ou diagramação no texto.
Obra e realidade
Eu tive três cachorros ao longo da vida, e provavelmente o triplo disso de gatos. O Xerife era um cachorro grande com marcas de maus tratos bem evidentes (dentes quebrados e marca de enforcador) que eu encontrei na rua. Ele já era velho e estava faminto. Então abri um pacote de ração e coloquei no chão pra ele comer, seguindo meu caminho. Ele me seguiu até em casa e ficou com a gente por mais nove anos. Ele faleceu em 2008.Um mês depois da morte do Xerife, veio o Elvis. Nossa vizinha percebeu que ele não estava mais no quintal e perguntou pra minha mãe se ela gostaria de adotar o Elvis. Elvis era o cachorro maltês que ela dera de Natal para a neta. Depois que cresceu ninguém mais queria o Elvis, então ela nos deu, inclusive com a documentação do pedigree. Elvis tinha 4 anos nessa época e viveu com a gente até 2017, morrendo com 15 anos.
E a última foi a Belinha, retirada de situação de maus tratos e de um quintal nojento aos 3 ou 4 anos de idade e que viveu plena e belíssima com a gente por mais cinco anos com todo o conforto, carinho e fartura que ela nunca teve naquele quintal. Ela nos deixou em janeiro desse ano.
Mackenzi Lee é uma escritora norte-americana de livros infantis e juvenis. Ela escreve ficção e não ficção sobre tópicos que incluem sexualidade e o papel das mulheres ao longo da história
Petra Eriksson é uma ilustradora e artista visual da Suécia, radicada em Barcelona.
PONTOS POSITIVOS
Padre Bernard
Cenário de paranoia
Johanna
PONTOS NEGATIVOS
Nenhum!
Padre Bernard
Cenário de paranoia
Johanna
PONTOS NEGATIVOS
Nenhum!
Avaliação do MS?
A autora dedicou o livro a todos os cães que ela já amou. Por isso, nos comentários, deixe os nomes do doguinhos que vocês amaram ou amam, faça essa homenagem a eles. Aproveite e leia o livro de Mackenzi para conhecer histórias incríveis sobre cães que estiveram em momentos decisivos da humanidade. E prepare-se para chorar, assim como eu chorei! Cinco aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!Até mais! 🐕
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