Comecei a ler esse livro sem nem mesmo ter lido a sinopse. Sabe aqueles casos em que a capa e o título te chamam a atenção? Então, é um desses casos. Eu achei interessante, achei instigante e recebi de volta uma alta fantasia densa e com personagens irritantemente cativantes. Este é o primeiro livro de uma trilogia, então agora vou ter que esperar pelo próximo volume.
O livro
Quem narra a história são cinco personagens: Hassan (o príncipe exilado de Nazirah), Ephyra (a assassina chamada de Mão Pálida), Jude (o líder dividido dos Paladinos), Anton (um hábil jogador de cartas com um grande poder) e Beru (uma garota à beira da morte). Os capítulos se alternaram entre eles e apesar de ser um começo meio confuso, com muitos nomes e toda uma complexa mitologia, a gente logo pega o jeito. O que sabemos é que este é um grande universo, com reinos e culturas diferentes, mas o reino principal é Nazirah, que acabou de ser conquistado.Logo no começo temos um mapa (adoro livros com mapas!) e somos jogadas neste universo sem piedade. Sabemos que neste mundo a população está dividida entre aqueles que possuem algum poder, ou graça, específico, os agraciados, e aqueles que não tem poder, os não-agraciados. Infelizmente, alguns não-agraciados não entendem e temem as graças dos outros. E isso levou ao Hierofante, um sujeito que quer acabar com a "tirania" dos agraciados e inaugurar uma nova era na base do massacre. Só que a era que está chegando é chamada de Era da Escuridão.
Este é um mundo em uma profunda crise religiosa. Quando os profetas foram embora, só restou ao povo viver entre os agraciados e torcer para que os profetas um dia voltassem. E isso nunca aconteceu ou é o que o povo pensa. Uma grande profecia restou e quem a guarda são os Paladinos. Essa complexa profecia está relacionada de alguma forma aos cinco personagens e quando você percebe isso, começa a imaginar todo tipo de cenário que se encaixe na bendita.
Ainda que a profecia gire em torno desses personagens, a coisa é bem mais complexa. Essas pessoas cometem atos questionáveis, do tipo que você quer descer o tapa na pessoa, sabe? Eu queria entrar nas páginas e dar uma sacudida em Jude, pois a gente vê que ele está seguindo um péssimo caminho e vai em frente. Ainda que a gente não conheça muito da vida pregressa de alguns deles, a autora conseguiu criar um enredo onde você se importa com os personagens e quer acompanhar suas jornadas. Especialmente de Beru e Ephyra, de longe as minhas favoritas.
Aqueles que não conseguem dominar as próprias escolhas serão sempre controlados pelo destino.
Em estrutura, o mundo criado por Katy lembra o mundo árabe, mas nota-se que existem personagens vindos de terras semelhantes às nórdicas. Gostaria que a autora tivesse discorrido um pouco mais sobre os outros lugares, mas ela se concentrou em Nazirah, onde boa parte do último terço do livro se desenrola. A mitologia criada pela autora é rica e notamos que esses cinco personagens, que não parecem se conhecer, vão todos acabar entrelaçados conforme o enredo se desenrola. Ainda que o papel de alguns deles na profecia se revele até o fim do livro, o papel de outros ainda está nebuloso. Isso por si só já me atraiu para um segundo livro.
Apesar de tudo sinto que a autora segurou a mão para não dar muitas informações sobre o grande vilão, o Hierofante. Admito que fiquei imaginando na minha cabeça quem ele poderia ser, se poderia ser algum conhecido entre os vários personagens e quando ele aparece é uma breve aparição. Imagino que ela deixe tudo para o segundo volume, mas isso pode desapontar aqueles que queiram saber mais sobre ele (tipo eu). A maioria dos personagens é composta por não-brancos e temos representatividade LGBT+ também.
A tradução ficou na mão de Natalie Gerhardt e está ótima. Não encontrei problemas de revisão ou tradução.
Não havia nada a temer quando a coisa mais perigosa vagando pelas ruas era você mesmo.
Obra e realidade
Uma coisa que o livro trabalhou foi a questão do preconceito e do fanatismo religioso. O medo e o desconhecimento sobre os agraciados leva uma parcela da sociedade a querer extirpá-los para sempre. Ainda que alguns agraciados tenham graças como a da cura e possam ajudar as pessoas, muitos estão começando a comprar o discurso do Hierofante e até conseguiram dar um golpe no reino de Nazirah a ponto de tornar o príncipe Hassan um refugiado. O papel dos líderes religiosos também ganha espaço no livro. Eles estão lá para pregar o que? Medo e ignorância? Não deveria ser, justamente, o contrário?Também há a discussão sobre o povo que foi expulso de Nazirah e precisou encontrar lar em outro lugar, muitas vezes vivendo de maneira precária. O preconceito está em abulição e os conflitos são frequentes. Foi uma ótima discussão da autora, já que refugiados também é um tema bastante atual.
Katy Rose Pool é uma escritora norte-americana de fantasia. Formada em história pela Universidade da Califórnia, Katy passou alguns anos construindo websites de dia e sonhando com profecias à noite. Atualmente, mora em San Francisco. A Era da Escuridão é seu livro de estreia.
PONTOS POSITIVOS
Protagonistas instigantes
A Profecia
Criativo e bem escrito
PONTOS NEGATIVOS
Começo confuso
Protagonistas instigantes
A Profecia
Criativo e bem escrito
PONTOS NEGATIVOS
Começo confuso
Avaliação do MS?
Foi uma leitura bastante agradável. Eu me vi incapaz de parar de virar as páginas e queria logo chegar ao final. Por ter outras duas sequências, o livro acaba com um final em aberto. Muitas coisas precisarão se resolver nos volumes seguintes e estou ansiosa para acompanhar. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!Até mais!
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