Um dos livrinhos mais lindinhos, mais emocionantes que você vai ler este ano! Escrito pela lindíssima ganhadora do Oscar, atriz, escritora e produtora, Lupita Nyong’o e com o maravilhoso traço de Vashti Harrison, este é um livro emocionante sobre identidade e beleza, discutindo racismo e colorismo de maneira a chegar nas crianças, principalmente nas meninas negras.
O livro
A pele de Sulwe tem a cor da meia-noite. É mais escura que a pele de sua família e de todos os coleguinhas na escola. Sulwe se ressente de não parecer com ninguém da sua família e se compara muito com a irmã, que nasceu com a pele mais clara. Enquanto a irmã tinha apelidos carinhosos na escola, Sulwe ficava extremamente magoada com os apelidos que lhe davam como "Neguinha", "Escurinha" e "Noite".Sulwe sonha em ter a mesma cor da irmã, em ter amiguinhas e então começa a experimentar tudo que possa clarear sua pele. Ela passa a borracha pra ver se o tom esmaece. Tenta a maquiagem da mãe, come todos os alimentos claros e brancos que encontra. Ora ao lado da cama, pedindo que Deus mude a cor de sua pele. Mas mesmo depois disso tudo, ao acordar, Sulwe continua com a pele escura e sua mãe vendo sua tristeza e ouvindo sua confissão, lhe diz:
- O brilho não está na sua pele, meu amor. Você é o brilho. (...) A beleza real vem da sua mente e do seu coração. Começa pela forma como você vê a si mesma, não como os outros veem você.
Sulwe significa "estrela". Mas a menininha não consegue ver essa beleza que a mãe fala. Mães sempre acham seus filhos bonitos, não é? Sulwe continua a duvidar, até que a magia invade seu quarto na fora de uma estrela cadente e lhe mostra a história das irmãs Noite e Dia.
Lupita diz no final, na nota da autora, o quanto a historinha de Sulwe se parece com a sua. Ela também rezava para ficar mais clara e fazia qualquer coisa para clarear a pele. E tal como a garotinha da história, ela também se espantava que sua mãe a achasse bonita, afinal é o que as mães dizem. Mas Lupita começou a perceber sua própria beleza devido àquela palavra que tanta gente odeia e chama de "politicamente correto": a REPRESENTATIVIDADE. Ao ver mulheres com a mesma pele escura, trabalhando, sendo reconhecidas em suas áreas, aparecendo em capas de revistas, Lupita se espelhou nelas e sua percepção mudou.
A aparência externa é apenas uma manifestação da beleza interna de cada uma de nós, diz sua mãe. É preciso que a gente se sinta bem como somos, sem se valer de padrões irreais de beleza tão propagados pela moda. Ser gentil e com os outros é o primeiro grande passo para a verdadeira beleza e não devemos nos deixar abater pelo o que os outros não conseguem enxergar na gente. Enquanto essa lição possa atingir a qualquer uma de nós, eu nunca sofri preconceito pela cor da minha pele, nem tive problemas para achar heroínas brancas. Essa é a importância de mostrarmos e representarmos bem toda a raça humana e não apenas um grupo específico composto majoritariamente por brancos.
Vai ser difícil ler esse livro e não chorar no final. Confesso que li e depois voltei para o começo e li de novo. Não só a história é lindíssima, mas o traço e as cores aplicadas pela ilustradora Vashti Harrison tornam o livro especial. É uma história que conversa diretamente com as crianças, mas que os adultos também podem ler e usá-la para refletir sobre padrões de beleza, colorismo e racismo.
Ele vem em capa dura, macia e com detalhes brilhantes, impressão de alta qualidade e papel nobre no miolo. A tradução ficou na mão de Rane Souza e está perfeita.
Eu definitivamente cresci sentindo-me desconfortável com a minha cor de pele, porque eu sentia como se o mundo ao meu redor premiasse a pele mais clara.
Lupita para o UOL
Obra e realidade
A irmã de Lupita também nasceu com a pele mais clara, como a irmã de Sulwe. E enquanto a irmã era elogiada por sua beleza, Lupita não recebia os mesmos elogios. Enquanto crescia, ela também via que as personagens nos livros infantis como a Bela Adormecida, Branca de Neve e a Bela, eram todas brancas. Desde muito pequena, meninas negras como Lupita já tomam conhecimento do colorismo, que é o preconceito contra pessoas com tom de pele mais escuro ou o tratamento preferencial aos que têm pele mais clara. E mesmo no Quênia, com uma população majoritariamente negra, Lupita sofreu com o colorismo, diretamente ligado aos padrões eurocêntricos de beleza.Havia muita pele branca, cabelos loiros e coisas assim e senti que características como pele escura nunca eram incluídas. Então é por isso que eu escrevi um livro como Sulwe, porque queria que a pele escura existisse em um mundo mágico.
Entrevista no Popsugar (tradução livre)
Ao mudar-se para os Estados Unidos, Lupita se percebeu em uma sociedade extremamente racista. Em audições para papéis, ouvia que era "escura demais para o papel". Isso me lembrou da Chimamanda, em seu Americanah, onde ela comentou algo muito semelhante: ela se percebeu negra apenas depois de sair da Nigéria e ir para os Estados Unidos, onde todos a colocavam numa categoria que não tinha os mesmos direitos que os brancos.
Lupita Nyong’o nasceu no México, mas cresceu no Quênia. É atriz, produtora e escritora, ganhadora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por 12 Anos de Escravidão. Vashti Harrison é uma ilustradora, escritora e cineasta norte-americana, com vários livros publicados, voltados ao público infanto-juvenil.
PONTOS POSITIVOS
Sulwe
Traço e cores
Magia e beleza
PONTOS NEGATIVOS
Nenhum!
Sulwe
Traço e cores
Magia e beleza
PONTOS NEGATIVOS
Nenhum!
Avaliação do MS?
Não é um livro, é uma obra de arte. Não posso deixar de indicar para todo mundo que leia, releia, converse, discuta e, principal, compre e dê de presente para as crianças. O ódio é algo que a gente aprende ao longo da vida, mas também podemos aprender o amor e o respeito, que são mais do que necessários em qualquer época. Não deixe de ler Sulwe, é lindo demais! Cinco aliens para Sulwe e uma forte recomendação para você ler também!Até mais!✩
Acheis fofo vou ler com meu irmãozinho, não
ResponderExcluirTemos a mesma cor, ninguém em casa tem e esse livro pode nos ajudar muito