Resenha: Tiger Lily, de Jodi Lynn Anderson

Creio que todo mundo conhece, ainda que superficialmente, o nome Peter Pan, o menino que não queria crescer. Já deve ter ouvido falar também da Terra do Nunca e do Capitão Gancho, os Meninos Perdidos. Mas a história das meninas acaba relegada a segundo plano. Onde elas estão? Jodi aqui nos conta a história de duas das principais personagens da trama de Peter Pan - Tiger Lily e a fada Sininho, que é também a narradora.






Parceria Momentum Saga e
Editora Morro Branco



O livro
Sininho começa contando a história quando topa com Tiger Lily e a tribo dos Comedores de Céu, uma tribo ligada ao rio, que cultivava na clareira perto da margem e pescavam. Tiger Lily é como uma fera, que espreita ao invés de andar. O xamã a encontrou ainda bebê, a criou, e ela cresceu convivendo com a natureza, com um espírito tão selvagem quanto uma pantera. Mas ela não se comporta como uma típica menina, tendo inclusive se recusado a casar.

Resenha: Tiger Lily, de Jodi Lynn Anderson

Ela fica ainda mais mal falada na tribo depois de salvar um inglês de um naufrágio. Ali, na Terra do Nunca, todas as tribos sabem que os ingleses têm a doença do envelhecimento e que muitos gostariam de nunca mais envelhecer como acontece com os habitantes ali. Mexer com o inglês pode trazer uma maldição para todo o seu povo. Além disso, piratas estão rodeando a ilha, especialmente o temível Gancho e sua obsessão pelos Meninos Perdidos. O inglês é um personagem chave para muitos dos eventos do livro e carrega consigo toda aquela empáfia do britânico médio do século XIX.

Peter Pan aparece pontualmente, pois Sininho avisa que essa é uma história de amor, mas não como a que as pessoas esperam que seja. Sabemos pela própria história de Peter a quem o coração dele pertencia, mas antes de Wendy, houve Tiger Lily. O livro é basicamente uma trajetória de crescimento e amadurecimento para os personagens, especialmente Lily. Sininho, mesmo muda, afinal as fadas não falam, consegue impôr bastante sentimento às descrições que faz dos meninos, da tribo, de Lily e dos piratas.

Existem várias discussões entremeadas com a visão de Sininho, como por exemplo o colonialismo inglês e a ideia de que eles se achavam os donos do mundo (e como isso impactou na aldeia de Lily), o machismo de uma sociedade que espera que a mulher cumpra certos papéis, o gênero fluido do xamã, que é homem, mas se veste como mulher, as responsabilidades em torno do amor e do cuidado com o outro. É interessante ver como a autora conseguiu inserir tantos temas sem parecer forçado ou didático demais.

às vezes, amar significa não aguentar ver o ser amado como ele é, quando não é o que você esperava dele.

Página 308

Apesar de tratar de um cenário encantador, com personagens cativantes e uma boa construção de mundo, a narrativa não me empolgou. Senti que a maioria dos personagens está apática, tirando talvez Tic Tac, o xamã, que é muito bem construído. O restante são borrões mal descritos, vazios, sem o encanto que eu esperava de uma história tão mágica. Tiger Lily, principalmente e isso se deve, em grande parte, por ela não ser a narradora; vemos tudo pela lente da Sininho. Justamente por correr (ou não correr) dessa forma, a leitura fluiu devagar, quase parando e houve momentos em que acordei com o livro caindo da mão.

A tradução da edição está muito boa, por Cláudia Mello Belhassof e o livro da Morro Branco está impecável de tão lindo, com detalhes dourados na capa e animais e penas pelo miolo. Bem diagramado, não encontrei grandes problemas de revisão nele.


Ficção e realidade
Uma das coisas mais interessantes da história de Peter Pan é a questão da inocência infantil. Peter é esse representante da inocência que perdemos ao crescer. Inocência não deve ser confundida com ingenuidade. Essa inocência é aquela capaz de nos maravilhar, de ainda poder enxergar um mundo que tenha um futuro, de poder contar com as pessoas. E que mesmo amadurecendo, a gente não pode perder essa inocência.

Jodi Lynn Anderson

Jodi é uma sonhadora, tendo passado muito tempo na floresta perto de casa quando criança. Hoje, além de autora best-seller, mora com o marido e o filho na Carolina do Norte.


Pontos positivos
Protagonista feminina
Terra do Nunca
Tic Tac
Pontos negativos
Lento
Cansativo
Personagens rasos

Título: Tiger Lily
Título original em inglês: Tiger Lily
Autora: Jodi Lynn Anderson
Tradutora: Cláudia Mello Belhassof
Editora: Morro Branco
Páginas: 316
Ano de lançamento: 2018
Onde comprar: Amazon


Avaliação do MS?
Queria muito ter gostado mais do livro. Foi uma leitura boa, OK, mas que não me impactou ou emocionou como outros livros semelhantes. Mal terminei a leitura e já esqueci parte do enredo, pois não consegui me importar com nenhum daqueles personagens. Três aliens para Tiger Lily.



Até mais!


Já que você chegou aqui...

Comentários

  1. Peter Pan foi um dos piores livros que já li com o machismo descarado fazendo ser difícil a leitura de um livro, mesmo tão pequeno.
    Legal saber que alguém conseguiu tirar algo de bom dele! Que mais pessoas façam esses trabalhos :)

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