Resenha: A Máquina do Tempo, de HG Wells

A editora Suma trouxe uma edição de colecionador para qualquer fã de ficção científica clássica e de HG Wells. Com ilustrações, capa dura e prefácio e tradução de Bráulio Tavares, é uma edição única e especial para figurar na estante de fãs tanto dos filmes quanto do livro.



Parceria Momentum Saga e
Editora Suma


O livro
Este livro criou os termos máquina do tempo e viajante do tempo. Aliás, o livro é um marco justamente por introduzir na literatura a viagem no tempo sem recursos fantasistas como um sonho, poção mágica, transporte involuntário, visão, e etc.. Aqui nós temos um mecanismo, uma máquina que, embora não tenha seu funcionamento explicado, traz uma explicação racional para a viagem. Como o próprio Bráulio explica no prefácio, o livro se mantém inovador não na parte mecânica, mas na parte científica, onde o viajante explica as quatro dimensões e a possibilidade de alguém viajar entre elas facilmente.

Resenha: A Máquina do Tempo, de HG Wells

Não temos nomes nos personagens, apenas Viajante, Médico, Editor e por aí vai. Eles conversam e teorizam sobre o tempo, as dimensões, viagens até que o Viajante demonstra com uma miniatura da Máquina o que ele vem fazendo. Ela some diante dos olhares estupefatos dos presentes. Obviamente que eles ainda não estavam totalmente convencidos. Mas um dia, reunidos em um jantar, eles esperavam o Viajante quando ele entra pela porta sujo, descabelado, transtornado e esfomeado. Depois de se lavar e comer, ele começa sua narrativa: ele viajou no tempo, viu o futuro da humanidade e interagiu com os humanos do futuro.

Depois que Wells nos acostumou a ver o tempo como uma quarta dimensão, a ficção científica passou décadas utilizando esse mote. O tempo foi espacializado de todas as maneiras, como as viagens dos 'crononautas', sendo descritas cono deslocamento de um ponto a outro em uma linha reta.

Página 8

O Viajante sai do século XIX para o ano de 802701. Por mais criativa que eu seja, eu não conseguiria imaginar uma raça humana quase 1 milhão de anos no futuro, então acho que Wells saiu pela tangente de maneira genial, involuindo a civilização e evoluindo a raça humana. Não quer dizer que seja as mil maravilhas, claro. Evolução não significa, necessariamente, melhoria, mas sim adaptação.

Obviamente que a narrativa de Wells, que admite que o livro foi escrito de maneira apressada e assim muitas coisas ficam sem explicação, tem seus problemas. Algumas decisões e fatos são tirados do nada e ficam ali perdidos. Não só isso, o livro é carregado do anglocentrismo, aquela visão do colonizador sobre os povos selvagens é enervante e você precisa o tempo todo ter em mente que é um livro fruto de seu tempo e de seu autor. Felizmente, o autor não cai naquele didatismo irritante de muitos livros semelhantes. O Viajante está numa situação surreal, perigosa e potencialmente fatal para ele.

O trato dele com os Eloi também foi uma chatice. Você sente que é um colonizador falando com um nativo que fica embasbacado com um simples fósforo. Nem sei se teria como Wells escapar disso devido ao período em que ele escrevia e vivia, mas é preciso resistir se você quiser continuar a leitura, que pode ser bem lenta em diversos momentos.

A edição que a Suma preparou é linda. Com capa dura macia e emborrachada, há lindas ilustrações internas complementando a narrativa. Bráulio Tavares deixou a narrativa fluída e fácil de ler, coisa que eu não conseguia fazer em algumas edições anteriores que tentei pegar antes. Seu prefácio e notas fazem a diferença em diversos pontos da leitura. Há também um apêndice, que é o prefácio do próprio Wells da edição de 1931.

É uma lei da natureza, de que tantas vezes descuidamos: que a versatilidade intelectual é nossa compensação por enfrentar as mudanças, os perigos, os problemas. Um animal em perfeita harmonia com seu ambiente é um mecanismo perfeito.

Página 128


Ficção e realidade
Mesmo que a ciência diga que viagens no tempo não são possíveis, talvez apenas para o futuro, mas nunca para o passado, a ficção científica a utiliza o tempo inteiro. São livros, são séries de TV e filmes, games e quadrinhos, vemos a viagem do tempo sendo usadas como ferramentas para discussão, como avanços científicos, como catalizadoras de problemas diversos para os personagens. Pessoalmente, adoro uma história de viagem do tempo. Aquelas que ocorreram por falhas do Stargate são maravilhosas e foram usadas em vários episódios, tanto para o passado quanto para o presente.

HG Wells
HG Wells

HG Wells era britânico, escritor de vários livros, contos e novelas de vários gêneros, sendo mais lembrado como autor de ficção científica e um dos grandes pioneiros do gênero. Era também um futurista, tendo devotado seus talentos para o desenvolvimento de uma visão progressiva em escala global. Brian Aldiss dizia que Wells era o "Shakespeare da ficção científica".


Pontos positivos
Ilustrado
Ficção científica clássica
Capa dura
Pontos negativos

Fatos inexplicados
Pode ser devagar

Título: A Máquina do Tempo
Título original em inglês: The Time Machine
Autor: HG Wells
Tradutor: Bráulio Tavares
Capa: Claudia Espínola de Carvalho
Editora: Suma
Páginas: 168
Ano de lançamento: 2018
Onde comprar: Amazon


Avaliação do MS?
Foi uma leitura satisfatória e admito que estava com medo de não conseguir terminar. Já tinha tentado antes e não rolava. Desta vez rolou e mesmo não sendo, nem de longe, um livro preferido, consigo ver o pioneirismo do autor e a importância da obra para toda a ficção científica. É uma edição de luxo, de colecionador, que todo fã gostaria e precisa ter. Quatro aliens para o livro e uma forte indicação de você ler também.

MUITO BOM!

Até mais!

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