A editora Intrínseca me enviou, cordialmente, em outubro a primeira caixa do seu clube de leitura Intrínsecos. A caixa vem com mimos exclusivos, como uma revistinha com informações sobre o livro, entrevista com o autor e marcador de livro, além da obra em si em um volume único e exclusivo muito bonito. Joël Dicker já é um autor publicado pela Intrínseca e é conhecido por seus livros misteriosos com pessoas desaparecidas e investigações criminais.
O livro
O capitão Jesse Rosenberg está saindo da polícia depois de 23 anos de serviço, em 2014. Os colegas preparam uma festinha de despedida, seu superior fez um discurso bem emocionante, e quando Jesse está pensando em seu futuro projeto de aposentadoria uma jornalista chamada Stephanie Mailer o aborda. Jesse era conhecido pelo apelido de 100%, pois ele resolveu todos os casos que caíram na sua mesa. Mas Stephanie lhe joga uma bomba: ele não resolveu o maior caso que caiu na sua mão. Uma chacina que ele investigou em 1994.Gostei da profissão logo de cara, principalmente por suas ínfimas vitórias no cotidiano, que me fizeram perceber que, face à violência, da vida, um bom policial pode ser um ótimo remédio.
Página 132
Jesse acha aquilo impossível, pois o caso foi na verdade resolvido. Ele e seu parceiro na época, seu grande amigo Derek Scott, resolveram o caso, encontraram o suspeito e fecharam tudo. Faltando uma semana para se aposentar, o caso volta como um fantasma. Stephanie disse que a pista estava na cara de todo mundo e ninguém percebeu. Aliás, guarde essa informação quando ler o livro, pois ela é importante lá pra frente. Derek acha que ele está perdendo seu tempo. Até que um fax da polícia estadual de Riverdale chega, avisando que Stephanie desapareceu.
Joel te joga na história sem demorar, sem enrolar. Logo nas primeiras páginas a jornalista desaparece e joga Jesse, e depois Derek, na investigação da chacina de 1994 que chocou a pequena cidade de Orphea, onde o ex-prefeito, sua família e uma dona de casa que corria na praça foram mortos brutalmente. Acompanhamos o presente pela visão de vários personagens envolvidos direta e indiretamente ao caso da chacina e voltamos ao passado pelas lembranças de Derek.
Como existem muitos personagens, no começo do livro tem uma lista com cada um deles e você fica pensando o que é que cada um vai fazer, pois são vários e as histórias de vidas deles são bem descritas, a ponto de ser cansativo. É tudo bem escrito, mas algum editor poderia ter ajudado a lapidar algumas cenas e algumas partes que são total e completamente desnecessárias. Acho que, justamente, por ter essa caralhada de personagens, que o autor não se preocupou em descrevê-los. Você só sabe informações de segunda mão, mas nenhum personagem é descrito, o que os torna um tanto rasos, até caricatos, dependendo do personagem.
Quando chega perto do final, com as coisas acontecendo num ritmo alucinante e a situação se complicando, com informações novas surgindo o tempo todo, o autor perde um pouco a mão. As revelações que tanto queremos surgem sem mais nem menos e algumas pontas soltas são amarradas, ainda que de maneira superficial. E claro, o autor poderia ter deixado o clichê de lado ao colocar um casal se formando no final. Pra que tantos autores acham que essa seja uma solução viável para personagens femininas é algo que sempre me escapa.
Ainda que tenha esses problemas, o livro é uma leitura muito agradável para aqueles fãs de histórias policiais. É uma leitura que você não quer parar. Gosto muito de livros de investigação e esse aqui surpreende, pois não temos uma mulher sendo perseguida, estuprada e morta. Ela é morta porque mexeu onde não devia, o que poderia acontecer com qualquer um. E a forma como vamos descobrindo a verdade sobre um caso que, aparentemente, estava resolvido, foi brilhante.
A edição é exclusiva para os membros do clube de leitura Intrínsecos e tem uma capa dura exclusiva, colecionável e minimalista. Não encontrei problemas de revisão ou de tradução, que foi de André Telles. A revista Intrínsecos que acompanha a edição ajuda muito a entender a obra e vem com uma entrevista do autor, além de um mapinha bem legal que nos mostra a fictícia cidade de Orphea, onde acontecem as ações, ao menos em sua grande maioria. Veio também um saquinho de evidências com uma caneta personalizada relacionado ao crime.
Obra e realidade
Orphea é uma cidade fictícia criada pelo autor que já figurou em outros de seus romances. Acredito que um lugar fictício dá muita liberdade de se mexer pelo cenário do que em cidades reais. Gostei muito da forma como ele retratou a investigação policial, a camaradagem de policiais homens e a forma como as policiais mulheres sofrem preconceito, as diversas camadas de seus personagens, ainda que alguns sejam bem caricatos. Tem outro ponto importante: como a polícia demora para investigar um caso. O desaparecimento de Stephanie só começou a ser investigado porque um policial insistiu no caso.Joël Dicker |
Joël Dicker é um romancista suíço, conhecido por seus enredos intrincados, romances policiais e cenários numa Hamptons fictícia. Nascido em Genebra, tem amor pela literatura, sendo filho de um professor de francês e uma bibliotecária.
PONTOS POSITIVOS
Capa dura exclusiva e colecionável
Enredo
Diálogos
PONTOS NEGATIVOS
Clichês
Personagens rasos
Capa dura exclusiva e colecionável
Enredo
Diálogos
PONTOS NEGATIVOS
Clichês
Personagens rasos
Avaliação do MS?
O enredo de Joël é inteligente, intrigante, ainda que tenha seus problemas. Não é um livro perfeito, mas é uma leitura que empolga e a forma com as pistas vão sendo entregues faz com que você vire as páginas rapidamente. Acredito que este livro deva estar nas livrarias em breve, então vale à pena esperar pelo volume e para descobrir o que aconteceu com a jornalista Stephanie Mailer. Quatro aliens para o livro e uma forte indicação de você ler também.Até mais!
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