Resenha: Mulher Maravilha (2017)

O aguardado longa da principal heroína dos quadrinhos mal estreou e a mídia especializada já dizia que era o melhor filme da DC até agora. Aquele que, inclusive, pode salvar toda a franquia da DC depois de várias decepções. Nossa Amazona aqui é uma idealista, apaixonada por sua missão e uma mulher que conhece pouco do mundo caótico em guerra onde entrou.



O filme
Diana é uma criança ligeira, que foge das tutoras, querendo treinar com as Amazonas e com a general Antíope. Sua mãe, porém, a rainha Hipólita, não vê necessidade de treinar Diana, acreditando que o mundo é um lugar seguro depois da última grande guerra, onde o deus da guerra, Ares, foi derrotado. Quando vê que não pode impedir a sede da filha em aprender a lutar, a rainha ordena a Antíope que a leve ao extremo, que a treine com muito mais rigor do que treina as outras.

Mulher Maravilha

Logo de início temos uma aula de mitologia grega e sobre a origem das Amazonas, além de como elas foram parar em Temiscira e qual sua missão. Com um visual deslumbrante, a ilha lembra mais um paraíso, com água azul e cristalina e a cidade das amazonas pendurada nos penhascos. É então que um dia, a guerra chega à ilha. Diana vê um avião caindo no mar e resgata de dentro dele Steve Trevor. Em seu encalço, os alemães, que atravessam a bruma mágica que ocultava a ilha e invade Temiscira.

O que Diana conhece do mundo é restrito à sua ilha. A rude, cinza e cruel Londres lhe é estranha. O comportamento dos homens, que a impedem de entrar em determinadas salas por ser mulher, as roupas sem funcionalidade que ela testa à exaustão na loja, as mentiras e decepções, tudo isso lhe causa estranhamento. Que mundo é esse?, ela pensa. Cabe às pessoas à sua volta, como Steve Trevor, Etta Candy, sua secretária e os amigos de Steve, com quem ela vai para o front. É em Londres (e a caminho de Londres) que as cenas mais engraçadas acontecem, como a de Diana correndo para ver um bebê de perto e sua luta com uma porta giratória.

É fácil notar que a idealista e utópica Diana se decepciona com nosso mundo. Não apenas o inimigo não é tão nítido quanto ela pensava que era, como a humanidade tem seu lado bom e seu lado ruim, um lado de luz, um lado de escuridão e que as guerras não são tão simples quanto as Amazonas acreditavam que era. Diana tem um choque de realidade que nos faz sentir sua dor e pesar pela humanidade.

Como ela é a narradora, no começo e no final ela nos conta como era usa visão e como ela é hoje, de como ela perdeu aquela inocência original de que seria capaz de salvar o mundo. Nesse sentido, achei o filme um pouco parecido com Homem de Aço, pois neste nós também temos um Super Homem que duvida de si, que não sabe até onde vai seu potencial, mas que peca na ausência de profundidade que temos em Mulher Maravilha. Aliás, isso é algo que Hipólita ressalta em várias ocasiões, que Diana não pode saber quem ela é, pois assim será mais difícil para o inimigo encontrá-la. Mas enquanto Diana não descobrir o que realmente é capaz de fazer, o mundo e as pessoas sempre vão correr riscos.

O corpo de Gal Gadot ou de qualquer outra mulher no longa não foi hipersexualizado, então não temos closes de peitos e bundas e acredito que isso se deve ao fato de termos uma mulher na direção. Temos grandes cenas de luta em slow motion que mostram a incrível habilidade das guerreiras e eu gostaria de ter visto mais de Temiscira do que foi mostrado, mais sobre a sociedade das amazonas, seus costumes, suas vidas íntimas. A paleta de cores me pareceu muito bem escolhida, você sente a grande mudança visual entre a ilha e a suja e industrial Londres. Às vezes, o único ponto de cor no cenário é a própria Diana.


Steve Trevor não rouba as cenas de Diana, portanto essa é uma preocupação que quem for ao cinema não precisa ter. Gal Gadot está perfeita no papel, tendo a força, habilidade de emocionar e fazer rir, a inocência e a força necessárias para interpretar a Mulher Maravilha. Para ver as cenas de batalha e em slow motion de maneira plena, recomendo assistir em 3D, se for possível, pois fica incrível. Achei que o final se alonga demais, porém houve uma necessidade de explicar aquele momento tão complicado para nossa amazona. E quem espera ligações com outros filmes da franquia, tem ligação com Batman vs. Superman.

Ficção e realidade
Uma das grandes lições que ficam desse filme é que precisamos acreditar mais em nós. Haverá momentos em que o medo e o desespero vão nos abater, mas se confiarmos em nosso potencial, teremos condições de resolver problemas. É possível até que possamos descobrir forças que antes nem sabíamos que estavam lá, como na grandiosa cena de ação do final.


A segunda lição: DEEM MAIS FILMES PARA AS MULHERES DIRIGIREM! Duvido que a direção da parte de um cara teria nos dado o filme que temos hoje, por melhor que seja o trabalho dele. O sucesso do longa só foi possível graças à visão de Patty Jenkins, que soube contar a história de Diana sem sexualizá-la, valorizando sua força, seus ideais, sua história de vida. De uma ponta a outra, é a vida de Diana exposta no longa, não temos ninguém roubando seu protagonismo.

Pontos positivos
Mulher Maravilha
Temiscira e as Amazonas
Efeitos especiais
Pontos negativos
Se alonga demais perto do final


Título: Mulher Maravilha
Título original: Wonder Woman
Direção: Patty Jenkins
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Data de lançamento no Brasil: 1 de junho de 2017
Duração: 141 minutos

Avaliação do MS?
Depois de dez anos sem um filme com uma super heroína como protagonista, Mulher Maravilha lava a alma das espectadoras com um longa com começo, meio e fim, com comédia, grandes cenas de ação, mas o principal de tudo, uma história de uma heroína que foi bem contada, bem adaptada, que ainda não tem noção da força que tem e de como pode mudar o curso da história e agir na sociedade. Eu estava muito ansiosa e temendo que o longa ficasse uma caca pior do que foi Batman vs Superman, mas felizmente não é o que acontece. Cinco aliens para a incrível Mulher Maravilha e uma forte recomendação para você ver também.




Até mais!


Já que você chegou aqui...

Comentários

  1. Realmente,também estava pensando se o filme seria bem diferente com diretor homem.
    Curiosa e ansiosa para ver o filme que ainda não assisti; e sua resenha é perfeita para olhar filme com uma visão mais ampla e crítica. Obrigada.
    beijo, menina

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  2. Adorei o filme, simplesmente assim! A mitologia grega bem explicada e desenvolvida na narrativa no início do filme foi fascinante - e lembrei as saudosas HQs de George Pérez na fase de "reformulação" da Mulher-Maravilha nos quadrinhos. O filme é ótimo por tudo isso que você escreveu na resenha e também por mostrar a Mulher-Maravilha para as novas gerações e com certeza formando novas e novos fãs desta que é uma das personagens mais legais das HQs. :)

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  3. Adorei o filme. Superman (os dois últimos) devia ter sido assim, mas eu não sei de quem o Zack Snyder era amigo pra fazer tanta porcaria e, ainda assim, continuar na direção. O filme da Mulher-Maravilha ficou fantástico! Ficou heróico pra caramba!
    Parece bobeira, mas além do que você disse da sexualização feminina, eu gostei das lutas. Principalmente as poses de combate, a forma que ela ficava apoiada nas pernas (bem abertas, típica de lutador alto, fica fácil de comparar com o Kareem Abdul Jabar, nos filmes do Bruce Lee). Gostei da forma que desferia e levava os golpes, dava pra sentir o peso, a força... Gostei da forma que ela fazia coisas que só a superforça permitiria, e ela faz de maneira tão natural... Dá pra ver o quanto ela se dedicou ao papel (também pq ela falava isso nas entrevistas, né...rs)
    Só que eu não gostei do 3D...rsrsrs Pra mim, é sempre uma experiência desagradável. Principalmente nas cenas escuras.

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  4. Ainda não fui ver, fico com medinho de não ser tudo isso que aparentava ser eheheeheh....Mas imagino que esteja o máximo pois ela é o máximo, tanto a personagem quanto a atriz, que já estava bem no papel lá no outro filme do superman

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