Resenha: Star Trek - Portal do Tempo, de Ann C. Crispin

Em 2016, Star Trek completa 50 anos de sua primeira exibição. Meio século de existência, cinco séries para a televisão, uma série animada, 12 filmes, mais uma imensa franquia de produtos, livros, jogos, quadrinhos e uma influência inigualável na cultura pop. Os fãs fizeram pressão até na NASA para que um de seus ônibus espaciais se chamasse Enterprise. Portanto, era de se estranhar que no Brasil não tivéssemos publicações recentes de Star Trek, ainda mais no ano de seu aniversário. Felizmente, a Aleph relançou Portal do Tempo. E por favor, não pare nele!

Este livro foi uma cortesia da Editora Aleph

O livro
No episódio da série original Todos os Nossos Ontens, Spock e o Dr. McCoy voltam, acidentalmente, ao passado de um planeta chamado Sarpeidon. Na época em que a Federação vai ao sistema para alertar que sua estrela estava para virar uma nova, eles entram em contato com o Portal do Tempo, mas Spock volta ao estado irracional de sua raça - tal como ela era cinco mil anos antes - e acaba se envolvendo sexualmente com uma mulher, chamada Zarabeth.

Resenha: Star Trek - Portal do Tempo, de Ann C. Crispin

A.C. Crispin então pensou: o que será que aconteceu a Zarabeth com a volta de Spock e McCoy para seu tempo original? E é daí que ela tirou a inspiração para Portal do Tempo. O livro começa com Spock e McCoy na sala de recreação quando uma cadete se aproximou com uma dúvida. Uma pintura rupestre em um planeta mostrava, claramente, um vulcano no sistema Beta Niobe, onde se sabia que não houvera colonização vulcana. As pinturas têm cinco mil anos de idade, por isso não fazia sentido que ela estivesse ali.

Spock então começa a se comportar de maneira estranha e pede uma licença por tempo indeterminado de seus deveres da nave para resolver problemas pessoais. Mas Kirk diz que ele não vai sozinho. Como a Enterprise passará por revisões de rotina, ele pode se ausentar alguns dias. Em seguida, o Dr. McCoy também diz que não os deixará sozinhos e todos partem para Beta Niobe depois de conseguiram uma autorização especial de T'Pau. Spock está indo em busca de seu filho.

A escrita de Crispin flui muito bem, você mal sente que as páginas estão passando. E o livro é curto, você lerá bem rápido também. Pense que você está lendo um episódio duplo da série clássica, pois foi bem essa a sensação que tive ao ler Portal do Tempo. Os personagens foram bem descritos, bem do jeito que eles aparecem na série clássica, portanto quem tem saudade daqueles episódios, certamente, se deliciará com este livro. Mas não espere plot twists carpados.

As coisas que nos fazem gostar de Star Trek estão todas ali: a diplomacia, os personagens carismáticos, tecnologia avançada, teletransporte, batalhas espaciais, amizade. Infelizmente, uma das coisas que me desagrada em especial na série clássica, é que mulheres aparecem pontualmente como enfermeiras, secretárias, nunca interagindo entre si. Se a Aleph pudesse trazer os livros de Star Trek Voyager, seria muito bom!

A obra começa com um prefácio de Salvador Nogueira, criador do Trek Brasilis, com informações úteis sobre o universo de Star Trek no final e uma pequena biografia dos personagens principais da série clássica. Brochura bem acabada e uma bonita capa com o perfil do Spock. O livro foi, originalmente, lançado no Brasil em 1992, pela própria Aleph, com mais vinte títulos em seguida. Espero mesmo que todos sejam relançados, os fãs agradecem.

Ficção e realidade
Eu devo meu amor pela ficção científica à Star Trek. Devo minhas inspirações para escrever à Star Trek. Quando era apenas Jornada nas Estrelas, eu ficava vidrada nos Sábados de Sci-Fi, do canal USA, apenas para assistir a todas as séries na sequência (e minha mãe enlouquecida atrás, porque eu esquecia da vida). É até difícil mensurar a influência que Star Trek teve ao longo dos cinquenta anos de existência, pois vemos inspirações em todos os lugares.

Seja na literatura, nas séries de TV e filmes, seja no seu smartphone, no tradutor universal, no tricorder, motor de dobra, esses nomes estão praticamente em domínio público, pois se espalharam pela cultura com grande rapidez. Star Trek nos mostra que um futuro promissor e positivo, ainda que com suas dificuldades, é possível, que a raça humana pode ser melhor. Não estamos fadados à destruição, desde que tomemos as decisões certas em nome do bem coletivo, não somente do bem individual.

Ann C. Crispin

Ann C. Crispin foi uma escritora norte-americana de ficção científica e fantasia. Escreveu várias romances de Star Trek e Star Wars.

Pontos positivos
Escrito por mulher
Ficção científica
Star Trek
Pontos negativos
Acaba logo!
Perde ritmo em algumas partes

Título: Star Trek - Portal do Tempo
Título original: Yesterday's Son
Autora: Ann C. Crispin
Tradutor: Norberto de Paula Lima
Editora: Aleph
Páginas: 247
Ano de lançamento: 2016
Onde comprar: na Amazon!

Avaliação do MS?
Fiquei muito feliz de ver este livro voltando às livrarias, especialmente no ano do aniversário e rogo à editora Aleph que traga mais! Uma aventura clássica para fãs de Star Trek, com nossos personagens favoritos e um conflito familiar. Todos os elementos que amamos em Star Trek estão presentes nesse livro. Por essas e outras, cinco aliens para Portal do Tempo e uma recomendação para você ler também.


Até mais!

Já que você chegou aqui...

Comentários

  1. Eles tem que trazer os livros da serie Rise of Federation!!!!

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  2. Gosto muito de Star Trek (como vc citou, até mesmo quando era "só" Jornada nas estrelas). Vi muitas reprises na infância, muitas mesmo e amava. Na época não tinha mesada que desse para juntar para comprar os boxes ahahahahaha. Hoje eles estão aqui enfeitando minha estante. Eu gosto muito desse episódio e com certeza vou querer ler esse livro da Aleph. Tomara mesmo que lancem outros!
    Sobre a participação das mulheres como enfermeiras ou secretárias, fazer o quê, né? Era a cultura da década da série, apesar de muitas questões humanas e sociais serem pertinentes até hoje o papel da mulher ficou muito datado naquele tempo.
    Adorei saber desse livro ♥
    Bjs

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  3. A Aleph havia lançado uma coleção de livros de Jornada nas Estrelas lá no começo dos anos 80 e meu pai colecionava os livros. Portal do Tempo foi um dos meus primeiros contatos com Star Trek e antes mesmo de assistir direito a série eu devorei o livro.
    Me apaixonei ali. De verdade, do fundo da alma.
    Me encantei com o charme do Kirk, ri e me senti representava pelo Dr. McCoy, admirei o Sr. Spock (assim como o Sheldon eu quero ser o Sr. Spock mas sou humana demais pra isso) e me apeguei a gentileza e força da Uhura. Me diverti com as passagens de Scott, Sulu e Checov, mas só me apaixonei por esses três senhores mais pra frente.
    Hoje, uns bons quinze anos depois da primeira leitura, tenho minhas críticas a série clássica, ao machismo de alguns personagens e a falta de protagonismo feminino, mas Portal do Tempo continua tendo um lugar especial no meu coração, vai sempre um primeiro amor.
    Espero que a Aleph publique os outros volumes da série. Acho que eram doze ou treze, incluindo três com os personagens da Nova Geração.

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  4. Quem pode esquecer a "numero um" do episodio piloto, até que tentaram né! mas a serie já era por demais avançada para a época.

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