E se eles estiverem extintos?

Muito se especula a respeito da existência ou não de vida inteligente pelo universo. A ficção científica já mostrou isso de várias maneiras, mas até agora não conseguimos confirmar nem mesmo a existência de vida, apesar de ser algo muito provável. Inicialmente, falei a respeito, mas partindo do princípio que nós seríamos o arroz de festa do universo e seríamos jovens demais, enquanto a vida estaria em seus primeiros passos por aí. Agora a questão é: e se eles estiverem todos extintos?

Thor, Stargate SG-1




A notícia de que os alienígenas já estejam todos extintos circulou muito pelas redes sociais alguns dias atrás. Astrobiólogos da Universidade Nacional da Austrália acreditam que não conseguimos evidência de vida alienígena porque elas são extintas muito cedo. Seus planetas não conseguem se manter estáveis o suficiente para que ela possa se desenvolver.

O universo, provavelmente, está repleto de planetas habitáveis, tanto que muitos cientistas acreditam que eles devam fervilhar com aliens. A vida na Terra é muito frágil, então acreditamos que ela raramente evolui rápido o suficiente para sobreviver.

Aditya Chopra, Universidade Nacional da Austrália

O problema é que planetas jovens são instáveis. Eles não possuem camada de ozônio, por exemplo, que possa barrar o ultravioleta, que é letal para formas de vida. São também muito quentes. É preciso que as formas de vida regulem os gases de efeito estufa e o albedo para manter a superfície do planeta estável, com água líquida. Aqui na Terra, a vida surgiu primeiro na água, que garantia uma proteção contra a radiação solar intensa, até que a grande oxigenação conseguisse estabilizar a superfície o suficiente para que plantas e animais se desenvolvessem.

Os autores do estudo, Chopra e Lineweaver chamam isso de Hipótese do Gargalo de Gaia. Nela, a distância e a luminosidade da estrela não são tão importantes. O importante mesmo é a manutenção de habitabilidade planetária associada com uma evolução extraordinariamente rápida de regulação biológica de compostos voláteis da superfície do que com a luminosidade e distância da estrela-mãe. Traduzindo: você pode estar numa Zona Goldilocks do sistema estelar, mas a vida é extinta rápido demais, antes de conseguir regular a habitabilidade do planeta.

Os pré requisitos e ingredientes para a vida parecem ser bastante abundantes pelo universo. Entretanto, Chopra e Lineweaver acreditam que a instabilidade dos planetas acabam levando à rápida extinção da vida antes de sua evolução. Marte e Vênus são dois bons exemplos. Ambos poderiam ter se tornado habitáveis no passado devido ao tamanho e posição no sistema solar, mas enquanto um virou uma estufa causticante, o outro perdeu sua água, secou e esfriou. Os dois planetas não estabilizaram a tempo da vida evoluir.

No caso da Terra, a evolução da vida molecular foi rápida o suficiente para estabilizar o clima. Se o universo está repleto de ingredientes capazes de originar vida, como planetas rochosos e úmidos, mas não a encontramos ainda em lugar algum fora da Terra, isso reforça o Paradoxo de Fermi sobre o porque de não termos encontrado vida ainda.

Paleontólogos e arqueólogos do futuro, trabalhando em outros planetas, talvez devam se concentrar em buscar por microfósseis, estromatólitos e rastros de atividade molecular, pois provavelmente não encontraremos fósseis de seres humanoides, nem ruínas de civilizações alienígenas.

A vida pode ser rara no universo, não porque é difícil de começar, mas porque ambientes habitáveis são difíceis de manter durante o primeiro bilhão de anos.

Chopra e Lineweaver

O estudo tem críticas de vários outros cientistas que acreditam que a visão de Chopra e Lineweaver é extremamente antropocêntrica, utilizando-se da Terra como padrão para o universo inteiro. O que poderia ter nos causado uma extinção no primeiro bilhão de anos, pode ser o pontapé que impulsionou a vida em outro planeta com composição diferente, mas condições de habitabilidade. Porém se estivermos falando de formas de vida inteligente e humanoide, talvez os requisitos da Terra sejam necessários. Ou não. A vida já se mostrou tão versátil aqui mesmo no nosso planeta, que fica difícil categorizar algo que nem sabemos como é.

Para cada grão de areia na Terra, há 10.000 estrelas no universo. Pense quantos planetas devem orbitar cada uma delas. A vida deve assumir formas absurdas para nossa modesta classificação. A questão é como encontrá-las e como elas evoluíram a ponto de serem detectáveis aqui do nosso cantinho no cosmos.

Até mais!

Leia mais:
O Paradoxo de Fermi
Sorry, E.T.: The Aliens May All Be Dead
The Case for a Gaian Bottleneck: The Biology of Habitability
Nova solução para o Paradoxo de Fermi diz que a vida alienígena morre rápido demais


Comentários

  1. Apenas adicionando: Eu li que um dos problemas de Marte e Vênus é a ausência de um campo magnético global que os protejam do vento solar e mantenha a atmosfera.
    E a respeito do silêncio universal, eu gosto de pensar em uma coisa: ondas de rádio enfraquecem e distorcem com a distância. Por outro lado, o entrelaçamento quântico permite que duas partículas separadas por uma galáxia continuem idênticas. Hipótese: partindo da ideia que um dia poderíamos usar esse fenômeno para "telegrafar" entre distâncias universais, no momento somos tão despreparados para ouvir um sistema universal de comunicação quanto a Grécia Antiga para ouvir ondas de rádio.

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  2. Isso me lembra que uns anos atrás diziam que seria muito difícil encontrar vida fora da terra porque um planeta com as características da terra (o tamanho, o ângulo em relação ao sol, a distância em relação ao sol, um planeta grande como Júpiter que atraia os objetos celestes, etc, etc, etc) eram raríssimos. Já uns anos atrás descobriu-se que mesmo com todas essa singularidades, planetas como a terra em um sistema solar qualquer são bem comuns. Agora discutem mais um 'porém' . Na minha opinião, mesmo que as chances de vida em desenvolver em uma planeta seja uma em um bilhão (não acho que seja tanto assim) e vida inteligente um em um bilhão dentro deste bilhão isso já é mais que suficiente de ter inúmeros planetas com vida inteligente no universo, Não acredito que eles tenham nos visitado, e com todas as regras do espaço-tempo acho quase que impossível um contato mas não acho que isso seja desculpa para desistir de procurar. Procurar fósseis? Talvez em uma futura viajem espacial.

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