Resenha: Pandemias, de Stefan Cunha Ujvari

Pandemias são temas comuns em ficção científica, especialmente as distopias. Nunca podemos subestimar a capacidade de um vírus ou bactérias em se espalhar e ceifar vidas sem piedade. Neste livro, temos uma visão de várias doenças que se espalharam pela população e qual seria o cenário brasileiro caso elas pousassem por nossas terras.





O livro
Pandemia é uma epidemia de doença infecciosa que se espalha entre a população que esteja em uma grande região geográfica como, por exemplo, um continente, ou mesmo o planeta. Stefan é médico infectologista e traz dados muito precisos sobre várias doenças atuais como a SARS, a MERS, Ebola, H1N1 e superbactérias resistentes a antibióticos.

Resenha: Pandemias, de Stefan Cunha Ujvari

Um exemplo que me surpreendeu porque eu não imaginava a gravidade do caso, é a SARS. A Síndrome Respiratória Aguda Severa atingiu o mundo em 2003, vinda das matas da Ásia, com a caça e consumo de carne da civeta ou gato almiscarado. O intenso cativeiro destes animais debilitou seus sistemas imunológicos, fazendo com que um vírus que circulava sem gravidade entre a espécie sofresse mutação, tornando-o capaz de infectar humanos.

Os destinos dos civetas eram os mercados das cidades interioranas da província de Guangdong, no sudeste da China. As cidades dessa região crescem de maneira exponencial há anos. O comércio intenso e a industrialização atraem moradores das áreas rurais pobres que se aglomeram nos bairros populares. Os imigrantes são absorvidos por inúmeros empregos de mão de obra barata em busca do sonho de enriquecimento urbano, e muitos vão trabalhar nos restaurantes locais. Os pratos típicos e apreciados pelos moradores são feitos com animais selvagens.

Em meados de novembro de 2002 surgiram os primeiros casos de SARS. O vírus se disseminou despercebido pela província por quase dois meses. Chineses infectados com tosse, febre e falta de ar procuravam hospitais e em janeiro de 2003 a situação já era alarmante, mas as equipes médicas demoraram muito para identificar que se tratava de uma nova doença. Quase metade dos doentes tinha lesões pulmonares e cerca de 10% dos infectados morreu. Mas o governo chinês não emitiu nenhum alerta de epidemia. A situação piorou ainda mais depois disso.

Uma das coisas que o autor reforça durante o livro é como a falta de ação nos momentos necessários dos governos acabam com um saldo de mortes muito maior do que o previsto. Se o governo chinês tivesse agido no momento em que os hospitais de Guangdong começaram a encher de pacientes, eles já deviam ter investigado o assunto e emitido o alerta que garantiria o atendimento correto dos pacientes. O governo levou 3 meses para notificar à Organização Mundial da Saúde (OMS). Aí a SARS já tinha chegado a Hong Kong.

Infelizmente, um livro com tantas informações e importante para entendermos sobre epidemias tem vários problemas. Sinto que faltou um revisor para auxiliar o autor. O livro começa abruptamente, termina da mesma forma. Stefan certamente entende do que está falando, porém tive a impressão que o livro é apenas uma junção de artigos. Também incomoda quantas vezes Stefan reforça como seria no Brasil. É um tema tão importante que deveria ter havido um capítulo apenas para as projeções dessas doenças no nosso território. Não tem. Não tem um capítulo de conclusão também.


Ficção e realidade
Especialistas dizem que é uma questão de tempo até que uma pandemia catastrófica atinja a população. Vivemos cada vez mais nas cidades, aglomerados, invadimos florestas e entramos em contato com vírus e bactérias que até então não tinham atingido o ser humano ou sofreram alguma mutação tornando-se extremamente infecciosos.

Todos acompanhamos, com tensão, a situação gravíssima com o Ebola na Libéria, Guiné, Serra Leoa, Costa do Marfim e Nigéria. As péssimas condições sanitárias, falta de médicos e o medo da população levaram o Ebola, que aparecia apenas pontualmente e logo desaparecia, a se proliferar pelas áreas urbanas. Se o vírus não fosse transmitido pelos fluídos e sim pelo ar a situação teria sido três vezes pior. A epidemia de Ebola também destacou outro grave problema: são os países mais pobres que terão as maiores mortes pela falta de condições médicas e sanitárias.

E pensar que tem gente que é contra tomar vacinas. Típico de classe média alta de países desenvolvidos que não veem doenças infectocontagiosas em seu território desde a erradicação da varíola. Quero ver levar esse discurso anti-vacinação para países assolados pelo sarampo.

Stefan Cunha Ujvari0

Stefan Cunha Ujvari é médico infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Mestre em doenças infecciosas e especialista em doenças infecciosas e parasitárias pela Escola Paulista de Medicina, foi professor substituto da disciplina de Emergência Médica na mesma universidade.


Pontos positivos
Dados
Visão humana

Pontos negativos
Partes mal escritas
Termina e começa do nada
Revisão

Título: Pandemias
Autor: Stefan Cunha Ujvari
Editora: Contexto
Páginas: 216
Ano de lançamento: 2011
Onde comprar: Amazon


Avaliação do MS?
O livro poderia ter sido muito melhor com uma revisão mais acurada. Ele parece um esboço, um livro incompleto. O tom alarmista se faz necessário diante dos desafios que a população enfrentará conforme os vírus sofrerem mutações e passarem a se espalhar. Uma grande epidemia, ou uma pandemia é apenas questão de tempo. Não é mais "se", e sim "quando". Recomendo a leitura, apesar dos três aliens.




Até mais!

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