Em 7 de dezembro de 1979 estreava o filme de Star Trek, o primeiro de uma longa tradição de longas. Mas é engraçado pensar que uma série tão icônica, com tantos efeitos na cultura pop e na ficção científica, que tanto tenha influenciado seus fãs ao longo dos anos não tenha feito o sucesso que se esperava dela quando sua exibição começou. Parece impensável nos dias de hoje, mas a série só virou fenômeno cult com suas reprises nos anos seguintes.
Pouca gente sabe ou não lembra do primeiro filme. Lembro que o assisti sem muita empolgação, mas fiquei verdadeiramente surpresa com a revelação de quem era V'Ger e que o retorno dela para reencontrar o criador poderia ter sido influenciado pelos Borg (apresentado depois, em A Nova Geração). O filme não agrada muito, o que é uma pena, porque foi realmente uma ideia genial e que estava em voga na época com as missões Pionner e Voyager para os planetas exteriores.
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Gene Roddenberry tinha lançado a proposta de um filme de Star Trek para a Paramount em 1968 na World Science Fiction Convention, onde seria contada a história de como os personagens da série se conheceram. A série clássica acabou cancelada em 1969 devido à baixa audiência, mas Roddenbery esperava ganhar uma grana com as reprises, que começaram em 1972. No final da década, já era vendida para 150 mercados domésticos e 60 internacionais. A série ganhou o status de cult e o culto dos fãs alavancou.
O filme começou a ser rascunhado em 1975 e o estúdio deu a Roddenberry de US$ 3 a US$ 5 milhões para desenvolver um roteiro, um valor bem alto para a época. Mas os executivos da Paramount recusaram vários roteiros, até mesmo escritos por Ray Bradbury ou por Theodore Sturgeon. Isso começou a gerar atraso após atraso, deixando os atores da série original sem contrato e levantando boatos de que o filme nunca seria rodado. Cansada de roteiros que não considerava adequados, a Paramount entregou a tarefa para o pessoal da televisão, para ver se conseguiriam desenvolver o roteiro que queria.
Da lista de 34 roteiristas para o longa, com nomes como de Coppola e George lucas, nenhum nome foi escolhido. O tempo corria, os fãs gritavam, os atores estavam tensos, ou seja, Lady Murphy atacava com força. No meio de tudo isso, ainda havia uma ideia de trazer a série de volta para a TV para um novo canal da Paramount, com um piloto que falava do retorno de uma sonda humana, a Voyager, para a Terra. Mas quando os executivos leram o piloto, acharam que ele deveria ser roteirizado e filmado. O estúdio acabou se animando, especialmente depois do sucesso de Contatos Imediatos de Terceiro Grau.
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Apenas quatro meses antes do início da produção, o roteiro ficou pronto. Shatner e Nimoy fizeram várias modificações no enredo para favorecer seus próprios personagens, outros atores também queriam uma boquinha e o prazo se aproximava. O único livro de Star Trek que Roddenberry escreveu é sobre o primeiro filme, que foi lançado junto com ele. Quadrinhos, brinquedos, miniaturas e esquemas das naves, relógios, roupas, livros para colorir, todo um mercado foi explorado junto do longa. Mas a pressa para cumprir com a data limite era tanta que ele não foi exibido em pré-estreias nem para públicos teste.
Star Trek: O Filme foi a primeira grande adaptação de Hollywood de uma série de televisão, que estava fora do ar por uma década, mantendo seu elenco original. Foi indicado a três prêmios Oscar: Melhor Trilha Sonora (Jerry Goldsmith, que compôs todas as trilhas, de todos os filmes e séries), Melhor Direção de Arte (Harold Michelson, Joseph R. Jennings, Leon Harris, John Vallone e Linda DeScenna) e Melhores Efeitos Visuais (Douglas Trumbull, John Dykstra e Richard Yuricich). Nos Estados Unidos, ele vendeu mais ingressos do que qualquer outro filme da franquia até Star Trek, de 2009, porém a Paramount considerou a bilheteria baixa demais quando comparada com as expectativas. Afinal foi um filme de US$46 milhões, muito caro para os padrões da época, mesmo tendo arrecadado mundialmente cerca de US$ 139 milhões.
Depois deste longa, Roddenbery saiu do controle criativo e os filmes seguintes ficaram por conta de outros roteiristas. O filme foi considerado um fracasso comercial, sendo que a sequência, A Ira de Khan, mais barata, acabou fazendo muito mais sucesso que o predecessor. As críticas pesadas caíram sobre o enredo, sobre os longos diálogos e cenas paradas, contrário aos grandiosos cenários de batalha de Star Wars. Já a Edição do Diretor, lançada em VHS e DVD em 6 de novembro de 2001, foi bem melhor recebida pela crítica.
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No entanto, se este filme, mesmo com seus problemas, não tivesse sido produzido, se Star Trek não tivesse sido vendida para reprises, será que teríamos suas sequências e toda a sua influência hoje na cultura popular? Teríamos visto Picard, Sisko, Janeway e Archer em novas aventuras pelo espaço, explorando novos mundos, novas civilizações? Mesmo o filme sendo considerado um fracasso pelo estúdio, devemos vê-lo como um pontapé para produções mais bem amarradas e bem feitas e como uma forma de revitalizar aquela que é uma das franquias mais importantes da ficção científica.
Eu não sou contra o filme, ao contrário, eu gosto dele e do modo como trabalhou a questão da sonda Voyager e seu retorno para a Terra. Foi uma ideia genial e levanta muitas questões filosóficas a respeito do que acontece no final. Não acho que o filme deva ser execrado e jogado no lixo. Ele marcou o retorno de Star Trek, o que nos deu mais quatro séries de TV, mais de dez filmes e um modelo de mundo e sociedade onde as diferenças acabaram, assim como a fome, miséria e as doenças.
Se nunca assistiu assista. Se já viu, assista de novo, comemore. Depois volte aqui para me contar.
Até mais!
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