Blogagem Coletiva: Livros que marcaram a infância

Blogagem Coletiva: Livros que marcaram a infância

Semana passada eu visitei o blog Sem Serifa. Sinceramente, não lembro como cheguei lá, mas vi um post muito legal das autoras sobre os livros que marcaram suas infâncias. Acabei deixando um comentário sobre dois livros muito marcantes e mais tarde acabei lembrando de outros. Aí pensei, "vou fazer um post sobre esses livros", e depois pensei novamente "e por que não convocar os blogueiros para que eles também falem de seus livros marcantes?". Pronto, estava começando a blogagem coletiva.

Como comecei a ler?

Minha mãe sempre teve livros em casa. Mas confesso que não conseguia ler Jorge Amado (e ainda não consigo). Minhas primeiras leituras, aquelas que mais lembro e as mais antigas são os gibis da Turma da Mônica que eu comprava com as moedinhas que minha mãe deixava em cima da geladeira. Assim que comecei a ler, com sete anos, estas foram minhas primeiras leituras. Adorava as aventuras de Chico Bento, pois como típica criança urbana, a roça despertava um encanto singular.

Em seguida, a escola. Estudei 11 anos no Colégio Stella Maris, colégio de freiras, tradicional, no bairro de Pinheiros, em SP. E lá o incentivo não apenas para a leitura, como para a escrita, era intenso. Lembro que na 2ª série, a professora Rita nos levou para a biblioteca pela primeira vez. Falou sobre o que era aquela sala imensa, cheia de livros e porque era importante que a gente retirasse livros dali e os lesse. Foi também nessa época em que todos nós fizemos carteirinhas da biblioteca e éramos avaliados por nossa frequência lá.

Cavalgando o Arco-Íris, de Pedro Bandeira
Este livrinho, que tenho ainda hoje e está todo caquético, é o primeiro de que tenho lembrança. Li com 8 anos e guardei com carinho porque adorava os poeminhas e as ilustrações dele. São menos de 70 páginas, mas eu li várias vezes. Chegava no final e voltava para o começo. A foto abaixo é do meu exemplar e você pode ver o estado lamentável do coitado. São poemas sobre família, sobre os medos comuns da infância, como do escuro. Uma leitura muito gostosa, ainda hoje.


Fui olhar qual é o ano da edição dele, que é a 6ª, pela Editora Moderna, e o meu exemplar é de 1986! Eu tinha 6 anos! Ou seja, já deu não só para prever há quanto tempo tenho esse livro como também minha idade, neam?


Sete Gritos de Terror, de Edson Gabriel Garcia
Este foi meu primeiro livro de contos e também de terror. E ainda o tenho, apesar de estar em um estado pior do que o Cavalgando. Eu o levei para a praia quando tinha 13 anos e minha mãe sentou sobre dele depois de sair do mar... Imagina meu desespero em ver o livro molhado, salgado e todo desbeiçado? Felizmente, consegui secá-lo a tempo, mas ele ainda tem manchas de água nas beiradas e tive que passar durex nas bordas da capa para ela não se desfazer. Ainda assim, a cola da brochura envelheceu e soltou e tive que fazer uma gambiarra para segurá-la no lugar.


São sete contos obtidos de diversas fontes. De amigos mais chegados, livros, revistas e almanaques, até causos do seu Zequinha que contava histórias de terror para os meninos que viviam fazendo bagunça. Mas não espere continhos bobos para crianças. Temos necrofilia, fantasmas, demônios e vinganças em contos curtos, mas intensos. Um dos melhores contos sobre o diabo que já li está neste livro. Abaixo estão imagens que abrem os contos.

O Jardim de Inverno do Barão e Os Dentes de Madalena ficaram cortados, uma peninha. 

Também é um livrinho pequeno, mas rico em conteúdo, com 72 páginas. A edição que tenho é de 1991, pela editora Moderna. Ou seja, mais de 20 anos, como o Cavalgando.

O Destino de Perseu, de Luiz Galdino
Este livro tenho certeza que ainda tenho, mas infelizmente não o encontrei. Foi um daqueles livros paradidáticos que a gente lê na escola e este foi indicação da professora de língua portuguesa, Regina, na 4ª série. Para quem lembra de mitologia (ou assistiu Fúria de Titãs) deve lembrar da história de Perseu. O filme tem várias modificações, mas aqui temos a história de Dânae, filha do rei Acrísio. Ela é extremamente infeliz, pois o rei queria um filho para ser seu herdeiro e culpava a mãe e a filha por isso. Aconselhado a procurar o Oráculo de Delfos, Acrísio se surpreende ao saber que ele seria morto por seu neto. Depois de muito pensar sobre o assunto, sua solução: isolar a filha do contato com o mundo.

Em uma funda prisão, com paredes de bronze, ela vivia com sua ama e chorava dia e noite, sem entender seu destino. Até que um dia, compadecido de sua situação, Zeus fez cair uma chuva de ouro na prisão e Dânae descobre estar grávida do poderoso deus. O menino nasceu e foi chamado de Perseu. Ela conseguiu escondê-lo das vistas do pai, mas quando o menino cresceu e ele descobriu a criança, mandou matar a ama, pois seu plano tinha fracassado. Eis que ele surge com outra macabra solução: mandou construir uma arca e arremessou ao mar com mãe e filho.

Minha edição é igualzinha à essa capa aí de cima. Pena que não a encontrei, mas lembro que este livro me surpreendeu muito na época, pois a história de Perseu é longa, acidentada e, no fim, a profecia se cumpre. Temos um caso clássico de jornada do herói aqui e só recentemente descobri que este livrinho foi o primeiro grande exemplo do gênero que li.

O Menino no Espelho, de Fernando Sabino
Este também foi um livro paradidático, sugerido pelo professor Gustavo, de Língua Portuguesa e Redação, na 5ª série. Lembro que o tamanho dele, um pouco maior do que os livrinhos da Série Vaga-Lume ao qual estávamos acostumados, me assustou inicialmente, mas devo ter lido em menos de dois dias na época. Temos a infância do autor, que conta sobre sua galinha Fernanda e de como a salvou de ir para a panela. Conta do imenso quintal de terra com os mais variados bichos e do grupo secreto que ele fundou com sua melhor amiga, Mariana, o Departamento de Investigações e Espionagem Olho de Gato.

A capa da minha edição era essa. 

É um mundo observado do ponto de vista de uma criança e quando você é uma, vivendo na cidade grande, sem contato com aquela bicharada no quintal, acaba descobrindo um mundo novo. Foi um livro que me emocionou na época e ainda hoje. Uma pena que ele não está mais em casa, acho que ele acabou indo para o sebo quando fizemos uma mega limpa na casa e me arrependo de não tê-lo guardado. O mais engraçado é que enquanto eu buscava a capa deste livro na internet descobri que ele virou filme e que o autor morreu em 2004. Sabino dizia:

Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam:
- O que você quer ser quando crescer?
Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino.

O que percebi com a blogagem?
Duas coisas percebi ao pesquisar para este post.

1. Fui estimulada desde criança em casa e, principalmente pela escola, a ler. E depois de ter trabalhado em escolas públicas posso afirmar que eu não fui uma regra, fui uma exceção. Os alunos leem, mas não gostam do modo como isso é feito pela escola e buscam obras que seus professores não entendem, não leem ou ambos. Isso distancia a leitura por prazer da leitura por pura obrigação e também afasta aqueles que até leriam se fossem devidamente estimulados.

2. São todos autores nacionais. Hoje leio muito mais literatura de fora do que nacional e leio muito mais livros escritos por mulheres do que lia na infância e adolescência. É curiosa essa inversão e me intrigou. Acho que o fato de ler mais homens antes era pelo simples fato de não haver tanta abertura para as escritoras na época. Hoje isso está muito mais aberto, apesar de ainda ser um mercado pequeno. E o motivo de ler tanta ficção científica me faz buscar livros de fora ao invés de livros nacionais que também constituem um mercado pequeno.


E acho que quem me acompanha a mais tempo deve ter reparado que não tem ficção científica na lista! Pois é, eu li pouca FC na adolescência e zero na infância. A FC surgiu em mim, na literatura, com O Homem Bicentenário, de Isaac Asimov, quando eu tinha 19 anos, mas começou bem antes com as séries de TV e filmes, especialmente Star Trek e Babylon 5. Antes disso, o único livrinho de FC, mas com uma pegada danikete, foi Os Guardiães de Soterion, de Ganymédes José, também um livrinho paradidático que fala de uma civilização perdida na Amazônia.

Ansiosa para saber sobre os seus livros de infância e adolescência! Conforme os posts forem saindo, vou linkando abaixo.

Até mais!

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Também estão falando de seus livros de infância!


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