Resenha: Gritos do Passado, de Camilla Läckberg

O livro me chamou a atenção pela sinopse. Gosto de thrillers policiais e desde que li Stieg Larson, venho procurado diversificar não apenas estilos, como também autores. Camilla Läckberg é tida como uma das mais proeminentes autoras suecas na atualidade, tento se tornardo best-sellers com seus cenários de crimes surreais e impactantes na Suécia.



O livro
Um garotinho sai para brincar em um lugar chamado Passagem do Rei, no balneário de Fjällbacka, em uma província histórica da Suécia . Ele então avista uma mulher deitada no chão frio de uma caverna e, com medo, se aproxima. Percebe que ela está morta e sai correndo em busca de ajuda. Quando a polícia chega e retira o corpo, percebe que embaixo dele, ocultas por um cobertor, existem duas ossadas, aparentemente de mulheres, ainda com vestígios de terra. Dois crimes, décadas de diferença e nenhum suspeito vivo.

Resenha: Gritos do Passado, de Camilla Läckberg

A partir daí, o detetive do caso, Patrik Hedström, inicia uma busca aos arquivos da cidade e da delegacia e começa a vasculhar a vida de uma importante e fechada família local, os Hult, destruídos por dramas internos e mexericos dos vizinhos. Já na época do desaparecimento das duas moças, cujas ossadas foram encontradas com a vítima atual, que um membro dos Hult fora acusado de seus sequestros e a família desabou com a suspeita. Começa uma corrida contra o tempo, já que mais uma jovem desapareceu na estrada e ninguém tem notícias dela. O detetive vive ainda o complicado cotidiano familiar, com um bebê a caminho e parentes inconvenientes o tempo todo.

A autora é detalhista, escreve com esmero, não posso dizer que sua escrita não me prendeu, pois prendeu. Mas o livro tem dois sérios problemas. O primeiro, são os 92783569 personagens que a autora coloca, 90% deles sem a menor participação direta no caso ou envolvimento com as vítimas, e ela dá nome a todos, descreve a todos, dá características psicológicas inúteis a todos, descreve a roupa de todos, fala de todos, o tempo todo, a cada capítulo, retomando uma caralhada de nomes e quando você percebe, está começando um capítulo e tem que parar para lembrar quem é aquele infeliz de quem ela está falando. Isso foi uma falha grave do editor, do revisor, sei lá, que não deu um toque na autora para dizer "amiga, menos". Com menos da metade de personagens inúteis, o livro seria muito bem desenvolvido.

Segundo problema, o livro cai no óbvio logo que você passa da metade e por mais que a autora tenha tentado segurar o suspense, você lê e fala, "ahhh, sério?". Ou seja, você começa um livro intenso, cheio de suspense, bem conduzido e de repente o caldo entorna com tantos personagens inúteis e com informações supérfluas sobre o mistério que o entregam quase que de cara. Temos algumas reviravoltas bastante interessantes, mas você fica com aquele gostinho de quero mais, porque a autora tem estilo e talento. E o pior, ela enfiou tanto personagem inútil na trama, que o livro termina e você não sabe o que aconteceu com mais da metade deles. Para que mencionar o tio, do caseiro, do suplente, do guarda, do irmão, do primo, do pai, da madrasta do protagonista se ele não fez nada o enredo todo?

Ficção e realidade
O livro é interessante num ponto: ele mostra os problemas pelos quais a polícia passa na investigação de um crime e em como é impossível não se envolver pessoalmente com casos assim. Os detetives - que para variar são vários - sentem a pressão de não encontrarem a vítima ou o assassino e, com isso, estão pondo a vítima em perigo constante. Vemos como os personagens passam por montanhas-russas emocionais enquanto o caso se desenrola e como a ânsia por respostas pode levá-los ao erro. Não deve ser fácil separar as emoções e trabalhar com frieza em situações como esta e neste sentido, o livro mostra o quanto a função é estressante.

A autora, Camila Lackberg.

Pontos positivos
Enredo interessante
Thriller psicológico
Suspense
Pontos negativos
Final óbvio
Clichês femininos irritantes
Excesso de personagens

Título: Gritos do Passado
Título original: Predikanten (em inglês The Preacher)
Autora: Camilla Läckberg
Tradutora: Martha Argel
Editora: Planeta
Páginas: 368
Onde comprar: Amazon


Avaliação do MS?
Não posso dizer que Camilla não escreve bem, ela escreve sim e buscarei outros livros dela. Mas alerto que as pessoas que se enchem fácil de um livro todo rebuscado podem não gostar de Gritos do Passado. Chega uma hora que enche o saco aquele monte de problema externos que em nada influencia na trama e o monte de personagens que você não tem obrigação de guardar nomes aparecendo em cada capítulo. É um livro bom, mas teria sido sensacional se a autora tivesse tido este cuidado em reduzir o número de personagens para se concentrar apenas na trama que desenvolveu. Três aliens.




Até mais!


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