Com a febre das redes sociais nos últimos anos, era de se esperar que a literatura acabasse por abordá-la também. O livro do autor Andy Marino aborda o tema com uma temática cyberpunk muito parecida com Neuromancer, de William Gibson, tido para muitos como o criador desta vertente da ficção científica.
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O livro
No futuro, a humanidade está confinada em megacidades. Mistletoe (ou Anna, que é seu nome verdadeiro e é a moça que ilustra a capa) tem 15 anos e vive na Pequena Saigon, uma favela generalizada que cresceu em torno dos atmoedifícios, confinada sob suas fundações. Lá em cima, os afortunados e ricos vivem imersos em tecnologia. Basta virar a mão para poder acessar qualquer informação com sua ID pessoal. É neste mundo que vive Ambrose, 15 anos, um rapaz promissor, filho do criador da Unison, a rede social que agrega milhões de usuários onde a interação é total. Cheiro, sensação táctil, tudo é tão real quanto o seu cérebro pode imaginar. A rede é avançada o suficiente para preencher as lacunas deixadas pelo usuário no momento da inscrição e alimenta o seu feed pessoal com os seus interesses.![]() |
Capa. |
O que os dois jovens não sabem é que algo relacionado à essa grande rede social os une. Os dois tem o mesmo sonho e é isso que joga Ambrose na Pequena Saigon, sendo salvo por Mistletoe. Ela perde as duas únicas pessoas que gostava e que se preocupavam com ela e parte com o novo amigo em uma busca por respostas dentro da grande rede que promete uma atualização para a versão 3.0 que vai revolucionar tudo o que a humanidade conhece a respeito de redes sociais. Existem claras menções e inspirações nas redes atuais e à nossa tecnologia, como celulares, por exemplo.
Mas o livro tem muitos problemas. Em especial o final. Só posso imaginar que o autor vai continuar com o enredo, pois o modo como tudo acaba deixa apenas perguntas e nenhuma resolução. Alguns personagens são apenas borrões, pois o autor não os trabalhou com profundidade, por algum diabo de motivo. Eles são tão coadjuvantes que o livro terminou e eu nem lembro do nome deles. Do meio para o final, ele fica muito confuso e você acaba se perdendo, tendo que voltar atrás algumas páginas na tentativa de entender que caldo é aquele em que você caiu.
Ficção e realidade
Muita gente usa as redes sociais. Praticamente todo mundo que tenha acesso à internet ou a um smartphone está em alguma rede social ou em todas, para os mais fanáticos. O que o livro mostra é um passo à frente da imersão nelas, pois se agora nós fazemos tudo por meio de teclados e telas, em Unison isso é feito a partir da mente. As pessoas possuem implantes no corpo e o personagem Ambrose, para não perder tempo dormindo e assim poder trabalhar mais dentro da rede, acaba se submetendo a um procedimento que o impedirá de adormecer.Se vamos ou não chegar a esse ponto, é outro papo. As tecnologias estão cada vez mais próximas do público que pode se tornar exigente ao ponto de querer interagir nas redes de uma maneira diferente, como se pudéssemos entrar na Matrix. Se houver demanda, é bem possível que esse tipo de rede social apareça em algum lugar do futuro, mas não vejo isso acontecer em data tão próxima, pois o acesso à internet de banda larga ainda é deficiente e caro para algumas pessoas. Outras sequer têm computador ainda.
Pontos positivos
Tema atualAs redes sociais evoluem para um maior contato com o usuário
Pontos negativos
Excessivamente descritaPersonagens rasos
Enredo sem conclusão
Avaliação do MS?
Uma pena que um tema tão atual como as redes sociais, com dois personagens interessantes tenham sido colocados numa trama tão pobre. Apesar de termos cenários dignos de Blade Runner, o livro chega no final sem resolver nada, sem finalizar nada e você fica com a impressão de ter perdido o seu tempo. Fica também a questão de como que uma obra assim passa pelo crivo de um editor e é publicada de maneira tão irresponsável. Dois aliens para Unison.
Até mais!
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